06

3K 147 10
                                    

— Ah... — digo tentando voltar ao meu eu.

Porque a alma saiu do corpo por um momento e voltou como se nada tivesse
acontecido.

— Você é a Any? — ele questionou.

— Sim. — ele me olha dos pés a cabeça como se estivesse me avaliando.

— Nada mal! — concluiu — Te imaginei diferente. — franzi o cenho lhe olhando.

— Diferente como?

— Digamos que, do mesmo modo que você me imaginou. — diz analisando a sala.

— Como você sabe o que eu imaginei? — soltei uma risada nervosa.

— Eu sei das coisas. — revirei os olhos e me joguei no sofá. — Mas vamos direto ao assunto. — ele se aproxima e se senta na mesinha de centro de frente para mim. — Como pode ser tão estúpida a ponto de aceitar se casar com um cara que você nem conhece?

Como é? Quem esse cara pensa que é para me chamar de estúpida?!

— Você meça suas palavras porque eu não sou qualquer uma para você me chamar de estúpida! — esbravejei.

— Olha, ela é toda bravinha! — zombou. — Você é estúpida sim, qual é a sua? — me encarou.

— Qual é a minha? — soltei uma risada. —  Olha, eu não estou feliz com isso. Eu estou fazendo isso por mim e pelo meu pai. Sem falar que o SEU pai complicou tudo ok? Ele podia muito bem emprestar um dinheiro para o meu pai, mas não. Ele teve que fazer o filhinho irresponsável se casar!

— Não vai querendo se safar e colocar a culpa no meu pai!

— Só estou dizendo a verdade, ou estou errada? — lhe encarei. Ele desviou seu olhar do meu e bufou.

— Olha, na boa eu detestei essa ideia. Eu não vou ter mais minha privacidade, não vou ter minha liberdade.

— Tá me achando sua babá por algum acaso? Eu estou pouco me lascando para o que você faz ou deixa de fazer, você é dono da própria vida! Só não quero ficar conhecida como a maior corna do Rio de Janeiro pois não tenho vocação nem paciência para isso.

— Não vai dar uma de mulherzinha
controladora? — soltei uma risada.

— A vida é sua e você faz o que você quiser, assim como eu.

— O que quer dizer com isso?

— O que? Por acaso você acha que eu vou ficar assistindo você com outras mulheres, se divertindo e eu ficar na minha sozinha? Claro que não!

— É diferente, você é a mulher. — o encarei incrédula.

— O que disse machista? — lhe encarei
irritada. — Espero que entenda pois eu não vou repetir. — Ihe encarei séria. — Nós não somos um casal real, por tanto eu não sou obrigada a nada. Porém, mesmo que isso fosse uma relação real não te dá a merda do direito de achar que você por ser homem pode curtir, e eu por ser mulher só assistir em casa. Os tempos mudaram, você é novo de mais para viver em um século tão antigo. — ele engole a seco.

— Tanto faz. — mudou de assunto.

— Você é irritante! — me levanto e vou até o bar e ele vem atrás e se escora no balcão.

— Eu sou irritante? — riu — Você quem é muito nervosinha! — enchi meu copo de wisky e viro em um só gole e ele me encara — Não oferece? Isso é falta de educação sabia? E se eu quisesse?

— Você aceita um pouco? — pergunto
debochada.

— Não, obrigado! — sorriu. Saio de lá me sentando novamente no sofá e ele me segue.

— Como vai funcionar isso? — mudo de
assunto.

— Não sei direito, só sei que isso vai ficar só entre nós quatro e os advogados. Ninguém mais pode saber.

Oh não! Heyoon sabe.

— O que foi? — perguntou me encarando.

— O que?

— Para quem você contou? — como ele sabe?

— Como você sabe?

— Já disse, eu sei das coisas. Mas anda, me diz para quem você contou.

— Minha melhor amiga. Eu tinha que dizer ou ela sairia aos quatro cantos procurando saber!

— Ela é confiável?

— Ela é minha melhor amiga! — digo óbvia.

— Isso não quer dizer nada. Para você ela pode ser melhor amiga, mas e para ela?

Não acredito que Any poderia contar algo, e eu a conheço a anos. Confio nela de olhos fechados.

— Heyoon é confíavel e melhor amiga

— Hum. Na boa, sério que você me achou um garotinho na puberidade cheio de espinhas?

— Como você faz isso? — perguntei perplexa. — Tem escutas nessa casa?

— Não! Eu já disse que..

— "Eu sei das coisas!" — lhe imitei. — Por acaso você tem uma bola de cristal? — ele riu.

— Tenho, mas não é cristal se quer saber. — sorriu novamente.

— É babaca assim mesmo ou fez cursinho técnico?

— Fiz, no mesmo em que você fez para ser irritante.

— Você é um idiota!

— E você é sem graça! — aproxima seu rosto do meu.

— Não sou palhaça para ter alguma graça, diferente de você, palhaço!

— Mimadinha!

— Irresponsável! — estávamos tão próximos que eu já sentia sua respiração bater em meu rosto.

— Parece que já estão se dando bem! — ouvi a voz do meu pai soar nos chamando a atenção.

— É o que parece! — Ron concordou rindo. Me levantei bruscamente.

— Eu não vou me casar com essa cara
irritante! — digo quase gritando.

— Nem eu vou me casar com essa garota mimada! — nossos pais nos encara.

Casamento Por Contrato | Adaptação Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora