Are you sure? - Vinnie Hacker

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                Narrador

  As memórias de um dia perfeito nunca pareceram tão frescas na memória de Ally como naquele momento, ela não deixou de pensar no garoto por quem tinha suspeitas de estar apaixonada nem por um minuto sequer, pensou no rapaz enquanto era levada até o aeroporto, pensou nele durante a longa viagem no assento levemente desconfortável do avião e pensou nele enquanto fazia a prova mais importante de sua vida, a que decidiria se ela era boa o suficiente para ter seu nome cravado em uma grande barra de ouro na entrada de uma das faculdades mais renomadas do mundo, a nota que a levaria para o topo da academia de elite que seu pai tanto sonhava.

  Enquanto ela lia e relia a última pergunta do enorme caderno de cheio de questões (as quais uma adolescente comum do segundo ano nem sonharia em saber ), seus pensamentos eram voltados sempre para a mesma pessoa, se lembrou então, do momento exato entre seus treze ou quatorze anos o que seu pai havia lhe dito.

  " Se envolver com pessoas nessa idade é o pior caminho, concentre-se em seus estudos. "

  Se marturizou pela milésima vez, deveria ter seguido o concelho de ouro de seu pai pois no momento, ela se encontrava em uma lastimável dúvida sobre marcar entre "a)" ou "c)".

  Era a pergunta decisiva que mudaria todo o rumo de sua vida, noventa porcento de todos naquela sala enorme já haviam finalizado suas provas, algumas cadeiras se mostravam vazias pelo mal estar que algumas pessoas sentiram durante a prova, era extremamente normal que desmaiassem ou vomitassem durante a longa prova de praticamente sete horas de duração, o que estava completamente fora de cogitação de isso acontecer com Ally, seu organismo não podia nem sonhar em falhar naquele momento pois além da bronca pesada de seu pai, ela também perderia a oportunidade de finalizar a prova e não teria como fazer outra, apenas nos três anos seguintes, ela realmente deu muita sorte de fazer a prova em seus belos dezessete anos.

  Com as mãos trêmulas e suando frio, a garganta fechada e uma fina camada de suor na testa, ela riscou a opção "a)", não tinha certeza se estava certa então as chances de passar a madrugada chorando eram grandes, ela já podia se imaginar sentada no banco mais desconfortável existente no mundo em frente ao piano, caroços de milho postos abaixo de seus pés causando um enorme desconforto e a fome presente, não que seus pais a proibíssem de comer, longe disso, era apenas o seu jeito de se auto castigar por não ter sido boa o suficiente.

  -- Todos têm quinze minutos para finalizar a prova. - a voz grossa e firme da aplicadora surgiu na sala depois de longas horas em silêncio.

  A garota empurrou aquela dor de cabeça até que ela quase não existisse mais e se apressou em marcar o cartão de respostas, tinha total certeza e confiança de que todas as respostas estavam certas, exceto pela última, ela tinha certeza de que aquele assunto surgiria na prova e por isso estudou dias e noites até que se aperfeiçoasse, mas todo o trabalho e tempo perdido haviam sido em vão.

  Finalmente terminou de marcar tudo corretamente e a mulher passou de mesa em mesa recolhendo todos os papéis, o caderno relativamente grosso ficara para as próprias pessoas para que pudessem revisar em casa e ver o que acertaram e o que erraram, todos se levantaram e se reverenciaram em frente a aplicadora da prova e um outro homem baixinho que estava ali para ter certeza de que tudo saía bem.

  Aos poucos todos saíram da sala, eles andavam apressadamente para chegarem logo em suas casas e pudessem ver o gabarito da prova que já está disponível, sendo avisado logo no começo da prova, Allyssa caminhava a passos calmos, mas não era exatamente isso que ela sentia.

  Seu coração batia em um ritmo humanamente assustador e seus olhos se embaçavam pelas lágrimas que iam e vinham, suas mãos e pernas tremiam como se seu corpo fosse trair sua mente a qualquer segundo, o carro do motorista nunca pareceu um lugar tão seguro para ela, visto que a instituição da prova era um antro de pavor e sua casa era o lugar que ela menos queria estar, assim que pisasse dentro da casa seu pai a pegaria e com um olhar duro ele se sentaria na frente do computador caro para checar por conta própria, se sua filha seria o motivo de sua comemoração ou de seu descontentamento.