A menina dos cabelos castanhos

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O S.r. Dickinson me levou até o quarto de sua filha Emily, disse que podia pegar qualquer vestido seu, pois se entendia com ela depois. Agradeci e passei a mão nas paredes do quarto da filha do meio dos Dickinson, vi uma pintura de Emily na parede.
Apalpei meu bolso, percebi que estava com meu celular e alguns objetos que por hora não me serviriam para nada. Meus olhos praticamente se arregalaram ao ver que estava intacto, mas era óbvio que não pegava sinal, entretanto as outras funções estavam normais. Abri o baú  onde a moça guardava os vestidos e tentei escolher o mais simples, mas por sorte o seu baú só tinham vestidos simples. Peguei um azul com bordas brancas, tirei minha roupa e tentei  abrir os inúmeros botões colocando. Estava apenas de lingerie vermelha quando percebo alguém entrar ; uma garota com os cabelos alvoroçados e ridiculamente castanhos . Ela estava tão distraída que não notou minha presença, mas se espantou ao ouvir meu pequeno gritinho.

-- Ah, quem é você? - disse com a voz trêmula.

A garota observou meu corpo com certa curiosidade e notei que depois de alguns segundos desviou o olhar   ficando extremante desconsertada, seu rosto ficou tão vermelho quanto a cor da maçã que ela estava comendo.

-- opa, desculpa. Seus pais me trouxeram, minha carruagem foi saqueada e levaram todos os meus pertences, inclusive, minhas roupas. Espero que não se importe por eu usar suas roupas... - falei de forma simples, mas meu coração acelerado

Ela voltou a me olhar.

-- Eu sinto muito. E ... Você está usando o vestido ao contrário. Deixa eu te ajudar. A propósito me chamo Emily Dickinson .- a voz  Emily soava doce

Ela se aproximou de mim e seus dedos tocavam levemente na minha pele nua, mas de forma totalmente respeitosa. Ajeitou os botões e sorrio.

-- sua pulseira... Susan Gilbert - disse a jovem Dickinson examinando a pulseira de ouro com o nome .

-- então... Esse deve ser meu nome, Susan . - disse fingindo não saber meu nome, pois precisava de um abrigo até descobrir como voltar pra casa.

Emily sorriu para mim e se abaixou até a sua cama procurando um pequeno recipiente como se fosse uma caixa de primeiros socorros.eu já estava vestida quando ela se sentou ao meu lado passando o fino pano na minha testa limpando meu ferimento.

-- Ai! - exclamei ao sentir a dor .

Ela se assombrou enquanto olhava para mim.

-- Não seja frouxa jovem Susan- Emily falou debochando da minha dor.

Sorriu colocando as coisas novamente na caixinha de madeira. Eu não conseguia parar de olhar os movimentos dela, mas o som da porta se abrindo me tirou da hipnose que eu estava.

-- Austin! Você não sabe bater? Temos uma moça aqui, ela podia estar desnuda  - a irmã do rapaz falou com uma certa revolta.

Eu confesso que dei uma leve risada ao ver a menina dos cabelos castanhos sendo "rebelde"

-- Perdão moças. Queria me certificar que a nossa jovem convidada esteja bem. - o rapaz falou de forma cordel

-- O nome dela é Susan Gilbert , sorte que os bandidos não levaram sua pulseira . Ela tem o nome gravado na pulseira. -- falou com um tom alto e claro.

-sabe que uma vez eu conheci uma família com o sobrenome Gilbert, mas parece que se mudaram quando o chefe da família morreu de tifo  . pobres garotas que perderam o pai e ouvi boatos de que a mais nova engravidou de um lorde CA-SA-DO - Austin anunciou como um bom fofoqueiro e Emily apenas confirmou com a cabeça.

- Ela foi muito corajosa por se envolver com o lorde porque ouvi boatos de que o bafo dele é horrível- ela abriu a boca e levou o indicador dando impressão de querer vomitar com aquilo.

depois de terminarem a fofoca o rapaz parecia estar encantado comigo e parecia tambem competir com a irmã a cada palavra. Austin era dono de uma beleza mediana, mas Emily era diferente, tudo nela era exageradamente bonito.

-- meninas, vamos, o jantar irá ser servido . Mamãe fez um pernil de dar água na boca e você tem uma vantagem jovem Susan, não se lembra do gosto das comidas.

-- Austin! Não seja grosseiro, a situação de Susan deve ser angustiante e você ainda fica fazendo piadinhas. Venha querida ,fique ao meu lado. E você sabe que perder a memória não é o mesmo que perder o paladar ,né?-- Emily me puxou para perto de si e sorriu exibindo dentes brancos e alinhados.

Austin estava certo, o pernil da Sra. Dickinson era divino e me fazia querer sempre mais.

-- obrigada S.r. e Sra. Dickinson por me acolherem, prometo que quando recuperar minha memória farei de tudo para ir embora-- falei de forma educada

-- Não se preocupe querida, minha família e eu estamos aqui para te acolher. Você poderá ficar no quarto de Emily se for da sua preferência, pois vejo que estão se dando bem. - o mais Dickinson velho falou com um tom simpático.

-- será um prazer- disse Emily visivelmente animada com a notícia.

Minha cabeça estava doendo de tanto pensar como poderia voltar para casa sem ter nenhum tipo de ajuda. Fomos para cima e Emily me orientou onde tomar banho e etc.

A casa dos Dickinson era grande ,com muitos empregados para dar conta de tudo e eles me pareciam uma família  feliz de certo modo. O pai de Emily parecia sempre encantado por ela, tudo o que ela queria o pai fazia questão de dar, inclusive uma estufa com flores para quando o inverno chegasse, Em fez questão de exibir suas vantagens em frente aos irmãos durante o jantar e sua mãe chamou sua atenção . A Sra. Dickinson havia me dito que em poucos dias eu poderia ir para o quarto de hospedes ,já que estava passando por uma rigorosa reforma .





Emisue - Perdida no tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora