Desço do Uber no começo do morro, tiro primeiro Christian e depois as sacolas, começando a subir logo em seguida.Todos que estão na rua ficam cochichando,suspiro, o sol está muito quente para prestar atenção no que o povo fala, no meu filho e nas sacolas pesadas.
-Coe patroa ! - olho procurando a voz para confirma se seria comigo ou com a Barbie lambisgoia, mas como não avisto ela assumo que a tal seja eu - sou o Capixaba. A senhora aceita uma ajuda ?
Olho para todos os lados procurando algo que me faça negar, mas não acho, então apenas aceito.
- Aqui, se puder levar lá para a minha casa, por favor ! Vou ir na quadra, sabe me dizer se o BM já está lá ?
- Acho que ainda não, mas o patrão pediu pra avisar quando você chegasse. Vou subir na sua goma , quer que algum dos meninos leve vocês lá ?
Olho para os que estavam parados na entrada do morro com armas e para Chris que olhava curioso para alguns.
- Ammmm... Melhor não,vamos andando mesmo.
- beleza Patroa !
Assinto e começo a subir buscando me abrigar do sol na sombra de algumas casas. Chris observa tudo calado mas vez ou outra pergunta se estamos muito longe, o que me faz quase voltar atrás e pedir para que alguém nos leve até o campo, me pergunto se negar não foi uma péssima ideia e admito para mim mesma que sim, foi uma péssima ideia.
(...)
Mais de 30 minutos depois em fim chegamos no campo, meus pulmões queimam pedindo ar e minha boca está seca buscando água, meu filho continua todo alegre em meu colo falando de como vai ser jogar com o pai enquanto eu tento não infarta antes de entrar.
- Pai - saindo do meu colo ele logo vai para o BM que o pega rindo e se divertindo do meu estado. - Quero água !
- Vai lá e pede seu tio. - Correndo até menor, vejo ele animado pedindo.
O braço de Bryan passa por meu ombro, me puxando para junto do seu peito,beijando meus lábios secos pela falta de hidratação. Seu beijo tem gosto de menta com cigarros, o que nele chega a ser uma combinação muito boa que faz meu corpo queimar.
- Daqui a pouco terminamos - sua mão desce para meu ventre por poucos segundos antes de seu corpo se afastar. - Hey filhão! Tenho um negócio pra tu.
Mais que de pressa o menor corre até nos todo feliz com a possibilidade de ganhar um presente. Seus olhos tem um brilho como se estivesse em uma manhã de natal.
- O que papai ? - seus pulos de alegria me dão vontade de rir mas me seguro.
- Vamos lá pegar - Bryan pega ele no colo e sai andando em direção as arquibancadas, eu apenas caminho atrás com curiosidade.
Uma caixa está ali com uma fita azul em cima, apersas do porte médio, não tenho ideia do que pode ser. Segurando firme e a abrindo, meu filho fica todo alegre com o conteúdo, fico mas pontas do pé tentando ver o que á ali dentro, enquanto a blusa é retirada dali e o nome "Chris B. " Aparece.
- Que linda meu amor ! - beijo seu pequeno rosto e o ajudo a vestir assim que ele desce do colo do BM !
O pequeno sai pulando e mostrando a blusa a todos os que ele vê. Continuo parada observando, mas a presença ao meu lado faz questão de ser incomoda ao me puxar para seus braços e encher meu pescoço de beijos.
- Mereço uma recompensa por conseguir uma blusa em tão pouco tempo. - suas palavras são suaves e tentam me levar ao abismo, junto com a mão que acaricia minha cintura. Continuo calada e remoendo o que aconteceu mais cedo, raiva me consome junto com a mágoa mas finjo que não ouve e me afasto indo em busca de alguma distração.
Como poderia uma pessoa ser tão bipolar e escrota como ele ? Me tratar como um nada e depois simplesmente querer me levar para cama ? Hoje ele realmente está fazendo uma pessoa mais do que feliz, que é meu filho, a única pessoa que me importo nesse mundo.
E ali naquele banco descido que preciso ir embora novamente para não acabar me apaixonado por ele ou morta, nenhuma dessas opções seriam uma boa para mim, ainda mais essa pessoa sendo BM. Minha cabeça gira em torno das possibilidades e no que eu poderia fazer daqui para frente.
Um vapor sobra um apito, assim começando o jogo e meu filho pula animado chutando a bola que não se mexe muito mas o maior está ali e o ajuda, fazendo com que o jogo contra os outros realmente aconteça, fico preocupada por ele ser a única criança no meio dos adultos mas relaxo ao perceber que todos passam a bola para ele e o deixam tentar fazer um gol. Eles mantém uma distância segura e fazem tudo com medo de o machucar, meu coração da pulos no peito por perceber o que esse ato quer dizer mas ao mesmo tempo ele se parte por saber que logo tirarei isso do meu filho.
Choro por saber que ele não vai poder ter isso por muito tempo e choro mais ainda ao perceber que já estou apaixonada por Bryan e que mesmo que seja algo que meu coração quer, minha cabeça me avisa que isso é arriscado. Estou em cima de um muro cujo não sei qual lado é o melhor : Ficar aqui com perigo de ser morta mas meu filho finalmente tem um pai ou ir embora e tirar todo o amor que Chris recebeu e que sei que ele não vai conseguir tão fácil novamente.
Minha mente da voltas e o bile sobe por minha garganta, me levanto procurando o lugar que seja mais próximo para que eu vomite.
E ali naquele momento com a cabeça enfiada na lateral da arquibancada e meu coração batendo a mil, tomo minha decisão.Chris já sofreu de mais por erros meus e não posso o culpar por mais esse em que nos enfiei, ele é uma criança esperta e precisa de tudo que BM pode nos oferecer, eu não teria dinheiro para uma cirugia, Deus sabe que não tenho dinheiro nem para comida ser for necessário. O pouco que juntei não daria para um aluguel,água, luz,remédios e comida.
Lágrimas descem por meu rosto e ali peço perdão por tudo que já fiz mas quero apenas que meu filho me entenda quando for mais velho.
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RomantizmO sol começava a nascer no céu e com ele os pensamentos do que aconteceria. Como pode o amor ser assim ? Intenso ao ponto de fazermos qualquer coisa pela outra pessoa; o amor é sem limite e incondicional, principalmente o amor de mãe. Só pedia a Deu...