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Depois de limpar o chão e garantir que nenhum caco ou vestígio de vinho esteja ainda na madeira desta casa que pertence ao ser mais irritante deste planeta. Senhor! Gzuis, me livre de ter que ouvir um "Você não não consegue nem limpar um chão, Bonaldi?".

Lia veio me chamar para o jantar e como uma boa colega de trabalho, vou comparecer. Decidi que depois tomarei um banho, já que gastei mais tempo limpando aquele chão idiota do que aproveitando meu tempo. Encontro com Could no caminho e ele acena com a cabeça.

Paro de andar quando me toca o braço e começa a falar.

— Sabe Lisa, amanhã Nikita e Julian irão na frente, Francis vai com eles para poder dar apoio. Gabriel precisa de você amanhã, vai ser bem arriscado. Farei de tudo para proteger você. Mas por favor, não faça  nenhuma escolha de última hora.

Pisco algumas vezes e tento não me assustar com seu tom de voz. Could parece preocupado. Olho direto em seus olhos e posso quase ver que sua preocupação está em Lia. Sei que tem lealdade a Gabriel e que fará de tudo, mas sua mulher é sua prioridade.

— Prometo, não fazer nenhuma escolha que ponha vocês em perigo.

Could me olha sorrateiro, e inspira profundamente.

— Elisa você...

— Não Could. Não posso prometer nada que eu não vá cumprir. Já fiz isso antes e machuquei alguém que hoje não faço a menor ideia de como me desculpar. - Aperto meus lábios e desvio o olhar para qualquer coisa que não seja o olhar inquisidor do grandão a minha frente.

— Tente seguir o que será dito.

Aceno afirmativamente e saio da presença de Could. Inspiro fundo. Puta merda! Está cada vez mais difícil ser quem sou e não sair machucada disso ou machucar alguém. Paro e olho para o teto pensando que...

Pensando em nada. Estou esgotada, na verdade. As pessoas acham que escolher certas coisas é uma decisão fácil. Nada na minha vida foi uma escolha fácil! Tudo foi destruído e transformado, se tornando frágil. E eu venho tentando proteger isso a todo custo. Me arrebentando entre decisões e consequências.

Acerto meu caminho para a sala de jantar. Apesar da fome não fazer parte do meu apetite. Escolho uma cadeira e me sento, vejo que a conversa rola solta, mas minha cabeça só está voltada para todos os malditos erros que cometi e que me trouxeram até esta mesa.

— Você está bem, Lisa?

Sinto o toque de Francis e seu olhar preocupado. Mal respiro, porém aceno que sim. Vejo meu prato intacto e deve ser isso que chamou isso sua atenção, ou o fato de que eu estar muda durante os trinta minutos de jantar.

— Só estou sem fome, Francis. Se me der licença, vou para meu quarto. - Me levanto sem esperar resposta de ninguém. E me dirijo para voltar ao meu quarto.

— Bolnadi, espere!- Não ouso parar. Hoje não estou boa para aguentar bote dessa jararaca peçonhenta. - Mas que porra! Pare.

Sinto o puxão e me desvencilho rápido dando um empurrão em Gabriel.

— Vá e me deixe, Gabriel. Hoje não. Apenas hoje... me dê algumas horas sem você, por favor.

Ele pisca aturdido pela minha ação e por um momento quase me arrependo. Mas que se foda! Hoje, apenas hoje, estou de pá virada. Ficar ao lado de Gabriel só me confunde mais ainda. É como se ele fosse um imã que me atrai e sinto me puxar cada vez mais. Seu cheiro, sua voz, o modo como anda, sua voz... Tudo na verdade.

Já sentiu uma atração absurda e forte por alguém? Algo que faz seu coração bater mais forte quando essa pessoa aparece, você sente seu cheiro de longe e fixa o olhar nela, pois não quer perder nenhum movimento seu. É como se seu corpo reconhecesse algo que seu cérebro ainda não tem conhecimento, mas se sente obcecado em desvendar em como será sentir o gosto do beijo, o ar quente da boca e o quão interessante e curioso fica esse quase. Quase sentir.

Chego sonsa ao meu quarto. Arranco as minhas roupas e dou a liberdade que meu corpo quer. Que porra está acontecendo?

Cansada, coço a cabeça e dou risada.

— Sua doida! Aí Elisa!

Me jogo na cama e deixo minha mente navegar nesse desejo que meu corpo tanto luta para obter, mas minha mente não permite. Escorrego minha mão para meio das minhas pernas e comeco a massagear o ponto mais sensível do meu corpo.

Imaginando ser as mãos dele. Imagino ele me chamar, sussurrar que queria isso tanto quanto eu quero. Me beijando, me cheirando, me devorando com seu olhar e finalmente me tomando de todas as formas carnais possíveis.

— Ahh Gabriel! ....Por favor

— Diga e eu farei.

Abro os olhos e não posso crer no que estou vendo.

Elisa Bonaldi Onde histórias criam vida. Descubra agora