27

0 0 0
                                    

Elisa

Caminho enlouquecida pelo meu quarto. Preciso voltar para minha vida! Para meu irmão! E dar um jeito de recuperar meu bem mais precioso. Passo as mãos pelo cabelo e grito em frustração.

Vincenzo é um mistério. Por mais que tenhamos conversado, passado tempo juntos e até conseguido manter uma conversa normal e natural. Ainda assim não acho que isso seja racional. Em que mundo, meu pai?

Eu? Uma mulher bem sucedida, com um gosto para moda surreal e gostosa para um caralho, se vê presa a quilômetros de casa? Novamente nas mãos de um homem.

Esse pensamento me causa nauses e arrepios. Prometi a mim mesma que jamais seria submissa a homem nenhum. E que ninguém tomaria as rédeas da minha vida. E agora me vejo aqui, neste quarto que não é meu, em roupas que não são minhas e com um homem que não é meu.

Me sinto impotente. Um fracasso total.
Caminho cabisbaixa até a cama e me jogo. Dormir é o que me resta.

Acordo com as luzes da janela batendo em meu rosto. O que me irrita mais ainda. Me espreguico e abro os olhos, dando de cara com Arthur Giacomo aos pés da minha cama, me olhando com uma expressão divertida. Me sobressalto.

— O que diabos faz aqui?

Ele suspira. Caminha até uma das janelas e fecha as cortinas. Será que esses homens são sempre contidos e calmos assim?

— Vim te avisar e te levar.

Reviro os olhos e volto a me deitar com tudo na cama.

— Seu irmão vai me levar mais uma vez a algum lugar desse castelo? Acho que já vi tudo. Diga a ele que recuso.

Não estou com humor para ver Vincenzo hoje. Na verdade não queria nunca te-lo visto.

— Não, Elisa. Vim te avisar para se arrumar, vou te levar para casa.

Sento imediatamente na cama e tento procurar algum sinal de deboche no rosto de Arthur. Mas como Arthur nunca brincou comigo sobre nada ou foi debochado, levanto da cama.

— Tá brincando? Sério?!

Seu olhar voa para o tapete e inspira profundamente. Parece triste e pesaroso. Então volta a olhar para mim totalmente sério.

— Elisa, nunca brinquei com você. Não seria hoje.

Amarro meus cabelos em um coque e voo para o closet.

— Ótimo. Quanto antes eu sair, melhor para todos. Inclusive para mim e minha saúde mental.

Arthur sai do quarto e me deixa sozinha. Vicenzo comprou um trilhão de roupas para mim. Montou um closet com roupas chiques e modernas. Apreciei seu esforço, mas o fato é que eu poderia me dar isso. E eu queria ter esse poder. Enquanto nenhum homem entender isso, não me conquistara.

Opto por vestido longo ombro a ombro color block

Design color-block, fenda posterior, concealed rear zip fastening e decote ombro a ombro.

Design color-block, fenda posterior, concealed rear zip fastening e decote ombro a ombro

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

E um valentino nos pés. Abro a porta e Arthur está sentado em uma das poltronas que há no corredor extenso. Ele se levanta com toda a calma que possui no mundo e aguarda meus passos ate ele.

— Arthur? 

Começamos a caminhar pelo corredor.

— Diga, Elisa.

— Seu irmão? Qual o motivo de não ter vindo? E qual a razão para me deixar ir, se ele parecia tão insistente.

Arthur olha para frente determinado. Ele parece aquelas pessoas que dificilmente saem do sério. Então coloca as mãos nos bolsos e diminui a velocidade de suas passadas.

— Meu irmão, Elisa, tem um império para comandar. Está neste momento na Rússia. - então ele me olha por um segundo e logo assume sua posição inicial- Ele pode ser um homem implacável, odiado, cometer todos os tipos de atrocidades para ter o que quer. Mas jamais te machucaria.

Então ele saca do bolso um celular e puxa minha mão e põe o aparelho lá.

— Ele está abrindo mão. De você por você.

Chegamos até o salão principal. Desço a escadaria enorme e me encontro frente as portas que entrei há um mês atrás. Olho para o celular em minhas mãos e não sei exatamente o que fazer. Mas na tela diz: Uma mensagem.

Meu coração salta. Olho para Arthur que abre as portas e caminhamos para fora. Uma lufada de ar me atinge e um sentimento de liberdade abraça meu corpo. Sorrio. Então viro para Arthur e ela está lá, parado me olhando seriamente.

— Escute quando estiver dentro do carro. Boa sorte, Elisa. Até.

Um carro preto estaciona, na verdade um Audi. Sorrio para ele. Arthur, irei sentir saudades. Queria dizer isso a ele, mas minha mente protesta. Me lanço para dentro do carro e a porta se fecha. Aperto o botão e a mensagem roda.

"Elisa... devo começar esta mensagem com um: Sinto muito.
Mas de todas as coisas que fiz, não me arrependo dos momentos que passamos juntos. Talvez um dia, em um ano ou mais, você vai aparecer na minha porta e deixar mostrar o que eu tenho a te oferecer. Você não é uma mulher para se por no bolso, voce é linda voce é forte, é cheia de luz, eu gosto de voce, então... então tome rédea de suas escolhas e se eu acabar sendo uma delas, por favor não deixe de me avisar. Adeus."

O ar ficou preso em meus pulmões. Seria hipócrita em dizer que Vincenzo não me intrigava, mas também me causava pânico em saber que minha vida estava nas mãos de um homem, cuja a vida era aterrorizar, matar e jogar com a vida dos outros.

Aperto o celular em minhas mãos e decido esquecer Vicenzo Giacomo.

Elisa Bonaldi Onde histórias criam vida. Descubra agora