Meu peito subia e descia com a respiração entrecortada. Poderia lutar com ele? Poderia. Perderia? Seria uma possibilidade. Afinal, dando uma rápida avaliada, o homem a minha frente deve possuir 1.90 de altura, músculos que estão sendo agarrados pela sua camisa de seda preta, um bom par de coxas grossas, pelas suas mãos, é possível notar pequenos cortes e hematomas, uma possível briga recente. Então eu no máximo conseguiria infligir uma pequena dor, comparado ao coma que ele, certamente, me proporcionaria.
— Te deixo ir, se passar um mês comigo. Então descobrirá meu poderio.
— Escuta... Giacomo... senhor Giacomo. Isso não faz nenhum sentido. Me conhecer? Sou uma mulher como qualquer outra. Apenas tive o azar de cruzar o caminho de pessoas que me levaram a estar aqui, tendo essa conversa absurda e fora de contexto.
Giacomo caminha lentamente, como um leopardo, olhando fixamente para sua presa. Ele se levanta com elegância e se posiciona de maneira lenta e se encosta sob a mesa de madeira luxuosa de mogno.
— Pode me chamar de Vicenzo. Sei bem quem os papeis dizem que você é. Uma excelente pilota, tem habilidades de autodefesa, inteligente em um nível que, devo admitir, me encantou, tem um gosto apurado sobre moda, uma mulher de negócios. Sei como Gabriel te encontrou e o que ele usou contra você. Sei sobre seu passado. Cada passo. - ele inspira fundo e pende a cabeça de lado — O que não sei é quem é Elisa Bonaldi do avesso. Além de tudo que falei e que desperta sim, minha curiosidade, pois nenhuma mulher que conheci, é como você. Dona de si. Dona do seu dinheiro, do seu carro e de seu corpo.
— Apesar desse elogio que acabará de fazer, Giacomo. Ainda não entendo. Há muitas mulheres donas de si. Empreendedoras, que sabe se defender e que são inteligentes e interessantes. Apenas procure!
— Achei uma. Aqui está- Diz ele apontando para mim com seu dedo e rescostando na mesa novamente. Calmo como uma gazela. — Você me olhou nos olhos, Elisa. Você sentiu o que senti? Ora, não sou um homem que acredita em contos de fadas. Mas fui criado e muito bem criado e vendo casais de verdade, tendo uma sintonia e conexão inexplicável, inevitável e inefável.
Mudo de um pé para outro, me sentindo absolutamente desconfortável com essa conversa e com esse jeito que ele me olha. Como se eu fosse a coisa mais rara, um bicho recém descoberto. Fora a maneira displicente que ele explica, com uma calma inenarrável. Como se estivesse dando aula a alguém.
— Escute... - Sou interrompida pelo leopardo que avança ligeiramente até a mim e coloca o dedo indicador sobre meus lábios. Me perfurando com aqueles olhos azuis piscina.
— Shhh... shhh... Bella mia! Você sentiu, sei que está assustada e confusa. Também estaria, se alguém tirasse a minha liberdade de ir e vir. Mas tenho poder para isso, e irei usa-lo. Porque eu sei o que vi e senti. E coisas raras só acontecem uma vez na vida. E eu não seria inteligente se deixasse você escapar.
— Fala como se eu fosse a única mulher da terra! - certo isso esta me irritando.
— Certamente não é - ele me olha divertindo - Mas quem sabe pode ser a única para mim.
Ofego! Puta que me pariu! Da onde surgiu esse doido? Onde fui amarrar meu burro? Onde foi que eu errei? Gzuis.
— Olha, eu não sou. Não serei! Você é louco? Eu tenho uma vida. E não se conquista uma mulher raptando ela!
— Sim. Irá. - ele diz calmamente e pausadamente - E tenho sido chamado de louco por muitos. Assassino por outro, herói para alguns. E não te sequestrei - Aponta com a palma da mão pra cima - Veio por livre e espontânea vontade. E ficará por minha própria vontade.
Sugo o ar do local como se fosse minha tábua de salvação.
— Não tenho como brigar com você. Não tenho poder para isso. Então que seja feita a vossa vontade- Digo entredentes e faço um gesto de reverancia ao homem insuportável a minha frente, lindo, mas insuportável. Então giro meus calcanhares e abro as portas e saio.
Foda-se se ele é o dono e o rei ou sei lá. Não me quer? Então vai ter, querido.
— Onde pensa que vai? - Ouço a voz de Arthur e seus passos rápidos me seguindo. Eu não sei onde estou indo, mas preciso de distância desse louco do irmão dele
— Distância do lunático do seu irmão.
Arthur solta uma risada. E eu olho feio pra ele. Que me olha e ainda continua rindo. Automaticamente dou um soco em seu estômago o que faz com que ele dobre meu pulso em seu movimento de esquivar e se defender.
— Ai! Aí!
— Elisa, sou altamente treinado. E meu irmão é cem vezes pior do que um lunático. Vejo que não terminou bem sua conversa com ele.
Olho pra cima e bufo. Paro de andar e fico de frente ao Arthur.
— Por que eu? O que ele viu em mim?
Arthur suspira, e me dá um sorriso singelo.
— Não somos ruins, Elisa. Nossa família preza pelo bem estar das mulheres, principalmente nossas mulheres.
O que diabos ele quer dizer com isso?
— Eu não sou mulher de ninguém. E não quero ser, quero minha vida de volta.
Arthur pega minha mão e coloca em seu braço, me puxando para outro corredor e assim caminhamos calmamente a algum objetivo. Ele parece um bom rapaz, mortal, mas bom.
— Você, pelo que conheço meu irmão, não terá sua vida toda de volta. Ele pode lhe devolver algumas coisas
— Como diabos? Eu quero sim, minha vida de volta...
Subimos uma escadaria que leva a outro corredor. E então caminhamos, as janelas estão todas abertas aqui e daqui da pra ver o Vinhedo, os campos, outra casa mais afastada e grande. E o vento bate levemente a minha pele.
— Meu irmão não é ruim. De a ele o que ele quer e ele lhe dará o mundo. - diz ele chegando a uma porta enorme de madeira. Então ele abre e revela um quarto lindo. - Este será seu quarto.
— Se ele quer Elisa Bonaldi, ele vai ter que comer o pão que o diabo amassou.
Digo fechando a porta na cara de Arthur. E inspirando profundamente.
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Elisa Bonaldi
RomancePor muito tempo fui a menina ingênua que era fácil de se manipular e criar medo. Tive um passado que não me orgulho, tudo por uma escolha idiota de uma ilusória história, que achei que poderia dar certo. Fui teimosa, como sempre, e fiz escolhas das...