Os dias tem sido difíceis para mim e meu irmão. Bill trabalha com sua garagem de carros e motos. Ele conserta tudo o que anda sob duas ou quatro rodas.
Bem que pensei em abrir uma também. Mas consertos não é comigo... quer dizer até é. Porém planejar, desejar e montar é muito mais minha praia. Faz cinco anos desde que fui presa e faz cinco anos que a loja vem dando lucro. Então decidi no último ano aprimorar minhas técnicas. Fiz cursos e me especializei em designer de carros.
Quando tinha 17 anos decidi fazer engenharia mecânica, terminei o curso em 5 anos. Assim que terminei, Bill me deu meu primeiro carro, financeiramente sempre fomos bem de vida. Conheci uma pessoa de status social elevado e me apaixonei, como toda história de primeiro amor, não deu certo.
Ele era totalmente cruel, mesquinho e egocêntrico. Me fez de tonta várias vezes, me humilhava e dizia coisas para convencer a minha pessoa e foi ai que fui presa. Por culpa de um idiota filhinho de papai.
Um ano de vida desperdiçado.
Hoje com 28 anos olho tudo que conquistei na vida, apesar de alguém ter tentado me derrubar.A questão é que não coloco mais a mão na massa há muito tempo. Somente no meu carro e as vezes ele precisa de uma coisa ou outra e la estou eu, de baixo do carro, regata branca e um macacão.
Estou revisando os novos modelos para o lançamento do ano que vem. Irá ter um enorme evento mundial no final deste ano, será o evento! E minha oportunidade de crescer ainda mais. Mostrar que esse é meu propósito em vida.
Ouço duas batidas na porta e logo Bia lança sua cabeleira ruiva. Sorrio e aceno para que entre.
— Pois não senhorita Walton? Em que posso ajudá-la ?— Digo largando meus modelos e cruzando as mãos em cima da mesa.
— Posso sair mais cedo hoje? É que... é o meu aniversário e eu gostaria... bom... de ir ao cinema ou comer algo... — Ela mal fala. Sussurra. Bia ficou órfã de pai e mãe há alguns anos. Filha única de um casal adorável!
Me levanto e seguro minha bolsa, pondo meu celular e chaves dentro. Estendo a mão esquerda para Bia que me olha sem entender nada.
— Vamos ruivinha. Te levarei ao cinema, te darei um enorme hambúrguer e depois te darei um novo par de tênis.
— Não precisa! Que? Como assim?! Elisa não precisa sair comigo.
— Somos amigas, Bia. Estamos juntas há 3 anos. — Agarro sua mão e me aproximo bem do seu rosto, encarando dois pares de olhos verdes. — Eu me importo com você, Beatriz Walton.Seu sorriso enorme quase me faz aperta- la. Bia é doce, como ja disse. Mas ela é dura na queda. Ela é forte e sempre que preciso de ajuda ela se dispõe. Porém nunca aceita ajuda de ninguém, se for de homem então...
Arrasto Bia para fora do escritório e assim que estamos chegando ao shopping meu telefone toca.
— Pensei ter dito para não sair sem mim.
Bato com a mão na testa.Puts.
— É aniversário da Bia...
— E?
— Eu queria comemorar com ela.Ouço o suspiro pesado e irritado do meu irmão. Dá pra sentir de longe sua irritação. Mordo os lábios e espero o sermão.
— Uma mensagem ou ligação, Elisa! Você tem 28 ou 18? — Ai! Essa doeu.
— Hey!
— Hey uma porra! Não saia desse shopping sem mim.
— Não exagere, Bill. Estou a semanas sendo vigiada de perto por você. Eu te amo, mas entenda. Precisava sair um pouco.
— E você acha que amo ficar assim?
— Eu sei... é que...
— Ja chega. Estou indo.Desligo o telefone e tenho vontade de matar Bill por me tratar como uma adolescente irresponsável. Bufo de raiva e volto minha atenção a Bia que prova tênis e mais tênis.
— Gostou desses? — Nego. Odiei. Laranja Bia? Quem diabos usa tênis laranja?
Me levanto e decido escolher um para mim. Analiso os tênis um por um, porém não deixo de notar o homem ao meu lado. Posso estar paranóica mas...
— Esses são lindos. — Ele diz e eu quase morro com essa voz linda. Viro meu rosto mais rápido que posso para focar no dono da voz. E assim que constato cada traço do seu rosto, eu me arrependo.
— Você?
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Elisa Bonaldi
RomancePor muito tempo fui a menina ingênua que era fácil de se manipular e criar medo. Tive um passado que não me orgulho, tudo por uma escolha idiota de uma ilusória história, que achei que poderia dar certo. Fui teimosa, como sempre, e fiz escolhas das...