29

1 0 0
                                    

Acordo não querendo, mas sabendo que para manter esse corpo lindo e gostoso, preciso malhar e desci direto para a academia. Começando com a musculação, esteiras e finalizo com  as abdominais. Minhas aulas de Box estão evoluindo e voltei ao jiu-jitsu. Essa mulher aqui voltaria a atacar se fosse preciso, jamais dependeria de alguém para me defender e me salvar.

Agatha coloquei no mesmo caminho. Depois das aulas de balé, ela vai para o karate. Conversei com ela sobre, ela pareceu entender, expliquei que no mundo havia pessoas que não eram tão boas, e que, se por um acaso, ela sentisse sua vida em ameaça, ela daria um bom chute e sairia correndo.

Claro que como mãe, e como uma mãe leoa, eu jamais deixaria minha preciosidade em apuros. Procurei minhas chaves na bolsa e destravo o carro. Pingando é como me encontro agora.

Entro no carro, coloco Cher para tocar. Sim! Tenho um amor por músicas antigas. Faço a curva e continuo tamborilando os dedos. E a medida que a música avança eu acelero sem medo.

Liberdade.

É tão bom ser dona de mim mesmo. De decidir sobre tudo. Desde trabalho a como irei dormir a noite. Ou onde irei, com quem irei, se voltarei.

Suspiro.

Orgulhosa pra caralho de mim. Linda de morrer.

— IF i could back time!... - canto em pleno pulmoes, as pessoas devem achar que sou louca, mas continuo cantando e errando a letra, mas cantando alto para que todos saibam que eu me basto e que eu estou feliz pra um caralho com minha querida filha e minha vida.

Estaciono o carro na empresa que carrega o meu sobrenome na fachada. Travo o carro e entro. Bia já me olha com poucos amigos. E já sei que está estressada. Contratei uma nova secretária e coloquei Bia no administrativo comigo. Meu irmão Bill resolveu focar em seu negócio.

Agradeço imensamente ao Bill, sem ele não teria essa loja imensa de carros estilosos e super caros, esperando serem comprados por pessoas ricas e poderosas.

Entro em minha sala e minha nova secretária, Mia, vem atrás de mim.

— Senhorita! Espere... - sorrio e continuo andando em direção ao banheiro que mantenho aqui em minha sala.

— Feche a porta, Mia. - aponto com o olhar - Consegue sobreviver ao me ver pelada, né? Pode falar enquanto tomo banho.

Nem espero sua resposta e comeco a tirar a roupa de academia. Preciso de um banho, não da para trabalhar toda suada e fedida. Mia engole em seco, certamente sem escolha ela acena afirmativamente e corre para fechar a porta. Enquanto isso adentro ao banheiro e ligo o chuveiro.

— É.. hum... Senhorita... tem uma reunião com os mecânicos da loja agora de manha  a senhorita se lembra? E tem também com o novo investidor hoje de tarde, as 14 horas, e... bom...

— Pare de enrolar e apenas diga, Mia. Nada vai acontecer.

Ouço seu suspirar alto. Mia é muito cuidadosa e extremamente sensível. Mas competente. Tento ser a melhor chefe que consigo, dando a ela mais escolhas de se impor e ser mais ativa e acertiva, mas estamos a passos de tartaruga.

— Hum... um novo cliente. Ele parece se interessar pela nova coleção e quer ser atendido, especialmente, por você.

Termino meu banho e saio envolvida em uma toalha. Mia está parada na porta com sua prancheta.

— Mia, sabe como funciona...

Mal termino de falar e ela me interrompe.

— Eu sei, Senhorita, mas ele realmente foi bem claro. Ele só quer, se for você.

Suspiro. Mais um engracadinho querendo se amostrar. Filhinho de papai com o ego ferido que não aceita um não. Mas fazer o que? Clientes são clientes.

— Qual carro da nova coleção? - caminho ao pequeno armário embutido na parte esquerda. Capturo de lá um blazer cinza, camisa branca e uma calça alfaiataria cinza. Os sapatos estão no carro, vou ter que buscar.

— Todos, senhora.

Quase cuspo a água da garrafinha que acabei de abrir. Todos! Caralhos! Giro meus pés e encaro Mia. Ela sorri da minha expressão e rapidamente ponho a garrafinha na mesa e estico meus bracos para pegar nos ombros de Mia.

— Como assim todos? - sacudo seus ombros.

— Todos. Todos. A coleção inteira.

Faço de Mia uma boneca e sacudo ela pra lá e pra cá com sua prancheta que voa para algum lugar do escritório.

—Meu santo, pai! Estou sem palavras.

Mia se senta no pequeno sofá e apoia a cabeça nas mãos. Enquanto eu sorrio como uma criança que acaba de ganhar um doce.

Saio igual uma louca em direção ao carro a procura dos saltos e também tenho que pegar Agatha na escola de balé e levar a escola regular.

—Elisa, não vai me dizer nada sobre ontem?- Bia aparece com os braços cruzados. Seus cabelos pretos como um véu moldam seu rosto que tem aparência angelical, mas de anjo só a aparência.

— Depois. Um dia, não sei... Bia, sao coisas do passado que...- olho para o relógio e para Bia - ... não tem motivos para reviver. Não vale a pena falar sobre, pois não tem nada que eu possa fazer. Ou alguém. - Aperto os lábios e beijo sua bochecha - Tenho que pegar Agatha.

Saio igual uma louca pelas ruas. Ser mãe, empresária, mecânica e um instrumento de beleza por onde passo, não é fácil.

Mando mensagem para Mia, pedindo que marque o dia e hora com o cliente misterioso.

Elisa Bonaldi Onde histórias criam vida. Descubra agora