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Se eu pudesse sair correndo, eu saia. Mas correr de saltos e deixar Bia esta fora de cogitação. Aprumo minha postura e nem espero sua resposta.

— Espera, Elisa. — Seu toque em meu braço é o que me impedi de continuar. Me viro novamente e afasto sua mão do corpo.
— Espera? Esperar? Não, Ian. Eu não devo esperar por você, me importar com você e sequer ouvir você.
— Eu sei que esta sendo seguida.

Pronto. Agora terei que ouvi-lo. Inspiro fundo e tento desfazer minha cara de nojo puro. Cruzo os braços e ergo a sobrancelha, esperando o bendito abrir a boca.

—Diga, Ian. Como sabe? E quem são eles?
— Olha, primeiro descobri porque há alguns dias atrás decidi que queria te ver e pedir desculpas sobre o que houve no passado...

Deixo um risada anazalada escapar. Agora mais essa. Além de ter um ser desconhecido me seguindo e querendo algo de mim que nem sei o que é, ainda tem o ex maluco, possessivo e idiota me seguindo.

— Meu deus, Ian! Tome jeito. — Berro. — Você e eu já tivemos nossa história e foi linda até o momento em que não foi mais. Ian, de verdade o que você fez comigo não se faz a mulher nenhuma. E todos nós sabemos que você nunca será preso por maldição alguma, graças ao seu pai! Que te protege.
— Sei que errei, Lisa. Mas posso pedir perdão? Ja fazem anos... e eu pensei que agora você pudesse me escutar.
— Já escutei, Ian, escutei até demais. Adeus! Vire esta página da sua vida Ian.

Mas uma vez ele me segura e eu analiso bem sua mão em volta do meu braço, em um aperto firme. Olho para ele e sei que nao preciso abrir a boca para que me solte.

— Eu ja virei, Elisa. — Ele fala em tom de Glória. — Mas você pode me escutar? Não sei quem esta te seguindo, mas é esperto e estratégico. Se quer um conselho tome cuidado.
— Agradeço o conselho. E sei que sabe quem é,  só que mais mais uma vez irá deixar que me foda sozinha. E se você virou a página, Ian. Eu queimei o livro todo. Adeus.

Sem tempo irmão! Corro para Bia que decide qual tênis quer. Decido não sair da loja, afinal um ex e um idiota me seguindo, tem que ter cuidado. Bia que não se aguentou foi olhar as sandálias e eu de volta aos tênis.

— Espero que me dê algo de presente.

Me viro e encontro meu irmão de cara amarrada. Sorrio o sorriso mais largo e brilhante do mundo. Nem que eu tenha que dar uma duzia de tênis para esse ser troncudo.

— Maninho!— Bato palmas e o abraço— Que lindo você esta. E essa pele? Nossa... — Me estico para tocar em seu rosto, mas o tapa ardido que recebo me impedi. — Ai! Seu idiota!
— Sabia que seu amor era falso.
— Tem nada falso aqui.
— Seus peitos são. Assim como sua lábia.
— Meus peitos são meus querido. Minha lábia... bom... é real.
— Você me deixa maluco.
— Desculpa, Bill. É aniversário da Bia e eu nem pensei...
— Nunca pensa. — Pronto. Chega. Inspiro fundo e lhe lanço um olhar de " Você esta exagerando" e saio dali. Óbvio que o enorme homem vem atrás de mim.
— Não me trate como uma adolescente, Bill. Nem sei o que merda esta acontecendo. Não fiz porra nenhuma de errado. E a única vez que pisei na bola foi porque acreditei em quem não deveria e isso foi meu único erro. Mas nunca fui irresponsável.

Bill esfrega o rosto e suspira. E então o abraço enorme vem. E um longo beijo na testa.

— Você é tudo que tenho.
— E voce também e eu não fico de paranoia.

Logo depois fomos comer e levamos Bia para a sua casa. Não contei que me encontrei com Ian. Bill iria arrebentar a cara dele, fora que Ian não me deu informações nenhuma, somente utilizou do meu tempo e o desperdiçou mais uma vez.

Bill me deixa em casa, mas volta para sua para pegar algumas roupas. Ele tem dormido aqui há dias. Tadinho do meu irmão.

Tomo um banho longo e deixo na cama, separado, um pijama. Assim que saio do banho sinto um arrepio. Passo os olhos pelo quarto rapidamente e vejo que a sacada esta aberta. Me aproximo para fechar e assim que termino, sei que tem merda.

Santa mãe!

Meu corpo inteiro se arrepia e minha respiração regulada já era...

Por que eu não me troquei no banheiro?
Será que dá pra pular daqui? Não. Muito alto. Morreria na certa.

— Vire-se.— Se não fosse o medo ou fato de ser um completo desconhecido, eu teria derretido de tesão pela voz rouca e sexy. Como não sou louca o suficiente para não obedecer, me viro. E meu amor... se for para morrer nas mãos desse obra prima que esta na minha frente, eu morro com prazer. Pelo menos a morte veio como um Deus.
— Moço, se for para me matar. Posso fazer um último desejo?
— Não irei te matar, Elisa. — Não? Bom, sendo assim caminho devagar ate a cama.
— Não? Quer dinheiro?
— Não.
— O que quer então? — Pergunto sem entender mais nada.
— Você.

Meu corpo perde as forças e eu me sento na cama. Abro e fecho a boca diversas vezes, mas nada sai. Caralho, esse ser perfeito me quer? E eu não sei se corro e morro de medo ou berro: VEM. Mas algo em seu rosto me diz que o que ele quer não é o que eu quero. Sem chances de correr novamente.

— Eu adoro esses joguinhos. Ja venci todos eles. Só que agora estou com pressa— gesticulo com as mãos para meu corpo coberto pela toalha— Se tem algo a me dizer...

Ele deixa seu posto e se aproxima como um predador, nunca deixa de olhar em meus olhos.

—  Este jogo é muito diferente. Eu garanto. Este tem uma coisa muito mais importante em questão. — Ele pausa, tira sua arma do coldre e coloca sob a cama— É o destino.
— Eu faço meu destino.
— Não hoje— posso sentir que esta amando esse jogo de merda que esta fazendo.— Durante semanas tentei chegar perto de você, Bonaldi. Acredite, cada passo seu foi premeditado por mim.
— Bom, estou aqui. O que você quer?
—  Que trabalhe para mim.
— Trabalhar para você?

O riso nervoso sobe em minha garganta e eu não consigo segurar o ataque de risos.

— Você deve se achar muito importante e ter muito CULHOES para vir aqui e me oferecer isso.

—Bonaldi, vou te explicar melhor. - Ele senta na cama e cruza as pernas- Preciso de você. E você vai fazer tudo o que eu pedir, somente por um único motivo.

Elisa Bonaldi Onde histórias criam vida. Descubra agora