3. Empata

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O olhar dele é feroz, é como se ele pudesse ver a minha alma e nela algo interessante prendesse a atenção dele, ele está vestindo uma camiseta branca com uma jaqueta preta repleta de bordados de bandas, algumas eu reconheço, outras não, o que é levemente frustrante, o cabelo preto está jogado, selvagem, o piercing em seu lábio inferior me faz querer beija-lo ainda mais, a tatuagem de seu peito escapa levemente subindo em direção ao pescoço.

- E então, garota da câmera, qual seu nome? - Ele pergunta enquanto tamborila os dedos no copo dele.

- Jules, Jules Silva, prazer. - Digo e me sinto patética logo em seguida. O tipo, garota do flerte não faz meu estilo, mas estou tentando manter a personagem.

- Sobrenome diferente. - Ele comenta dando outro gole na bebida, enquanto inspeciona meus olhos tirando meu fôlego.

- É Brasileiro, minha mãe é de lá. - Ele ergue as sobrancelhas em uma leve surpresa.

- Isso é interessante. - Sorrio de canto, ele tira a jaqueta e agora consigo ter a visão completa de seus braços levemente fortes e imponentes, sinto uma pontada ao pé da barriga, tensão ou tesão? Não sei dizer.

- O seu sobrenome também é bem diferente senhor Kuznetsov. - Digo e ele sorri.

- Meu pai é russo. - Ele diz simples sacudindo os braços.

- Isso explica muita coisa. - Eu digo e ele franze a sobrancelha confuso.

- Quais coisas? - Ele pergunta passando a mão pelo meu braço, eu me aproximo dele sem desvencilhar o olhar de sua boca.

- Ah você sabe, o jeito que você interage com os outros, você é sempre tão... misterioso, nunca sei dizer se ao fazer um ponto você está realmente feliz, você é quase que um enigma senhor Kuznetsov. - Digo e ele abre um leve sorriso revelando sua fileira de dentes perfeitos.

- Não me chame assim gata, é formal demais. - Eu umedeço meus lábios e ele parece gostar.

- Então você sugere que eu te chame do que? - Pergunto me aproximando mais. 

Santa Tequila, algumas horas atrás eu não era nem capaz de trocar uma palavra com este homem e aqui estou eu me insinuando como uma pervertida para ele.

- Não sei, tenho algumas sugestões, mas nenhuma poderia ser utilizada aqui, agora. - Eu colo meu corpo contra o dele e levo meus lábios até seu ouvido e com cuidado sussurro.

- Algum deles inclui xingamentos, como? Filha da puta gostoso do caralho? Ou quem sabe um " Nate". - Tremo a voz ao dizer o nome dele imitando um gemido e sinto o corpo dele estremecer em contato com o meu.

- Sabe, eu gostei de você, te achei gata para um caralho atrás daquele câmera e agora... - Minha garganta fecha com medo do que vem a seguir. - Eu estou com vontade de te colocar contra essa parede, levantar seu vestido e te foder de um jeito que faria você gozar em segundos, mas minha consciência continua repetidamente me dizendo que isso seria precipitado demais. - Sua consciência está completamente errada. - Então me diga, senhorita Silva, o que você gostaria que eu fizesse com você agora?

Pisco e então já é tarde demais, estou beijando a boca dele como uma louca, seu braço envolve minha cintura com uma facilidade surreal me apertando contra ele, o beijo é inebriante, quente, gostoso, sua boca tem gosto de canela com uísque caro. Inalo seu cheiro de perfume amadeirado com um toque de espuma de barbear e sabonete, sinto a mão dele descendo até minha bunda e apertando com vontade. É um sonho, estou dando um pega com o cara que sou caidinha desde sempre e é perfeito. A outra mão dele aperta minha nuca e puxa levemente meu cabelo me dando arrepios que descem por toda a extensão da minha coluna parando no meio das minhas pernas que estão bambas. Tateio os músculos das costas dele arranhando de leve enquanto memorizo aquilo.

- Tenho um lugar melhor para continuar com isso. - Ele nos guia até uma outra escada e entra na única porta do corredor.

Ao entrar percebo que talvez eu esteja no quarto dele, na verdade eu tenho certeza que estamos, tem fotos dele por todas as partes. Observo tudo com atenção, quero memorizar cada canto, quero lembrar disso, quero me beliscar e dizer que isso está realmente acontecendo. Até porque no fundo eu sei que isso não irá se repetir, uma transa com Nate é uma coisa que só acontece uma vez na vida e então ele passa a fingir que nada aconteceu e te trata como uma desconhecida, mas eu não me importo com isso, eu quero senti-lo dentro de mim, quero gozar gritando o nome dele como todas as vezes que sonhei com isso, eu o desejo como a porra de uma louca psicopata, nem Miles foi capaz de tirar Nate dos meus pensamentos, durante dois anos eu fodia com Miles sonhando com o dia que no lugar dele estivesse Nate, eu sei que isso é uma coisa péssima de se dizer, mas é a verdade. Eu desejo e sou completamente louca por Nate, é uma obsessão.

- Você fica ainda mais gata com tesão. - Ele diz enquanto tira a camiseta, jogando ela em algum canto do quarto, meus olhos ficam presos aquele abdômen bem definido e tatuado, desço meus olhos mais um pouco e encontro o cós de sua calça com o cinto quase explodindo, a ereção é tão evidente que tenho vontade de toca-la. É um sonho, Nate está de pau duro por minha causa e está prestes a me comer como eu sempre sonhei.

Em questão de segundos Nate está encima de mim beijando meu pescoço, tateando meu peito e me deixando completamente arrepiada, ele me deita na cama dele e faz um caminho de beijos do lóbulo da minha orelha até o meio dos meus peitos, colocando um deles para fora e o sugando com vontade, deixo um gemido escapar e seus olhos encaram os meus, seu olhar é feral, é como se meu gemido tivesse destrancado algo dentro dele, algo que até mesmo ele estava surpreso em sentir.

- Porra você é muito gostosa, eu estou duro feito uma pedra. - Ele sussurra no meu ouvido e eu abro um sorriso, o que faz ele me beijar ferozmente.

É quando batidas na porta me tiram do transe de seu corpo encima do meu, tiram aqueles lábios macios e perfeitos do contato inebriante com os meus, as batidas na porta são fortes e acompanhadas de alguma gritaria que não é possível identificar daqui de dentro.

- O que é isso? - Pergunto meio assustada. Ele me olha e da de ombros.

- Não faço a menor ideia - Ajeito meu vestido saindo da cama dele e ele coloca a camiseta, devagar caminhamos até a porta.

Quando Nate abre a porta é como uma explosão que acontece em segundos, quando sou capaz de raciocinar, Miles está encima de Nate, ambos no chão trocando socos e Miles grita como um louco.

- Mas que merda... - Eu passo a mão pelos meus cabelos e com toda a força que quinze anos de natação e judô me deram eu puxo Miles de cima de Nate, que apesar de estar em desvantagem no chão, não teve um arranhão, enquanto Miles está cheio de hematomas já evidentes. - QUE PORRA É ESSA MILES? Qual o seu problema? - Grito com ele que me encara, os olhos fervilhando em ódio.

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