POV NATE
Estou encarando a garota de olhos castanhos provocativos e intensos, tentando entender o que se passa na cabeça dela, adivinhar sua resposta antes que ela possa dizer algo. Ela pisca, desviando seu olhar do meu, talvez em constrangimento, gosto de ver a forma como ela se comporta quando está perto de mim, é como se ela fosse um livro aberto despejando suas emoções a cada movimento ansioso. Eu tenho a observado a algum tempo, atrás daquela câmera enorme, sempre atenta a cada movimento que realizo.
Geralmente uma garota como ela não me atrairia, não é meu tipo. Ela tem uma altura mediana com seus 1,70, cabelo médio castanho escuro, quase preto, olhos castanhos, uma pele pálida que cora facilmente e um sorriso sempre tímido, menos quando está com tesão, o corpo é fenomenal, não tem muito peito, mas a bunda é bem desenhada em um formato de coração que me deixou alucinado noite passada. Descobri que ela faz artes visuais, gosta de bandas alternativas, tem notas acima da media e que o trabalho de ficar nas câmeras é um estágio que ela conseguiu no começo do ano letivo, o que faz sentido levando em conta que foi quando comecei a vê-la, além disso também soube que o cara que deu um show quando me viu ao lado dela é um ex-namorado sem noção e que eles estão ou pelo menos estavam juntos a 2 anos. Mas enfim, não sei o que tem nela que me deixa tão curioso e com tanto... tesão, talvez seja o jeito que ela me olha, com tanto desejo, um desejo explicito, marcante e ousado.
- Eu não sei se posso... - Ela responde tirando as mãos do bolso e prendendo o cabelo despretensiosamente em um coque mal feito. Fico surpreso com a resposta, não esperava uma rejeição, principalmente depois dela ter passado horas me secando na reunião. Confesso que essa resposta me deixa um pouco abalado, ataca diretamente meu ego.
- Por que? Está com medo do seu namorado, opa, perdão... ex namorado aparecer do nada novamente? - Pergunto passando a mão entre os fios desajustados do meu cabelo, o que faz ela suspirar enquanto cora pela decima vez em pouco tempo de conversa. É maravilhoso ver o quão suscetível ela é a mim.
- Não... é só que... eu tenho tanta coisa da faculdade pra fazer... sabe... é... talvez outro dia. - Ela gagueja enquanto abre a porta do carro numa tentativa de fuga que me faz sorrir de tão patética.
- Ok, talvez outro dia. Tchau garota da câmera, até o próximo treino. - Me despeço enquanto caminho de costas para a minha caminhonete.
- Você lembra meu nome, certo? - Pisco para ela e dou risada antes de entrar no meu carro e sair do estacionamento antes dela.
POV JULES
Bato minha cabeça no volante diversas vezes enquanto tento compreender o motivo de eu ter rejeitado o cara mais gato que já andou na terra. MERDA JULES O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA? VENTO?
Quando decido parar de me martirizar, dou partida no carro e dirijo até o café onde a Sam trabalha, preciso compartilhar com ela a merda que acabei de fazer.
- VOCÊ O QUE? JULES SILVA MILLER. ONDE VOCÊ ESTAVA COM A CABEÇA? - Sam grita comigo, o que faz as pessoas do café repararem na nossa presença me deixando envergonhada.
- Eu sei! Mas quando fui ver já era tarde demais, as palavras já tinham saído da minha boca. Eu estava tão nervosa com ele me encarando como se fosse me devorar, que minhas células cerebrais simplesmente pararam de trabalhar. - Respondo me lamentando antes de bebericar o Latte que Sam me entregou quando cheguei aqui.
- Olha eu sinceramente não sei o que se passa nessa sua mente perturbada. Você stalkeia o garoto todos os dias nas redes sociais, conseguiu um trabalho que é basicamente secar ele, só falta babar quando ele está perto, e ai quando você finalmente tem a chance de lamber aquela cara de deus grego como se fosse um picolé de morango, você amarela. - Ela se recosta na cadeira numa pose derrotada.
- Ah eu sei lá. Talvez eu não quisesse parecer tão fácil. - Respondo, o que faz Sam soltar uma gargalhada alta.
- Parecer fácil? Sério que é com isso que você está preocupada? - Ela apoia os cotovelos na mesa.
- É sei lá, eu quis me sentir pelo menos minimamente no controle sabe? Ele tem tudo tão fácil, tem todas as garotas na palma da mão, que eu me senti no direito de fazer um pequeno joguinho com ele. O que é completamente estupido, porque ele sabe que é um gato gostoso do caralho, que pode ter qualquer um sempre que quiser. - Dou mais um gole na minha bebida e Sam ergue as sobrancelhas enquanto balança a cabeça entendendo o meu raciocínio.
- Isso até que faz um pouco de sentido. Talvez ter recusado não tenha sido de todo mal. Você é tão apaixonada por esse cara, que talvez ter algo com ele te fizesse sofrer quando ele se cansasse de você como ele se cansa de todo mundo em algum momento. - Balanço a cabeça concordando com Sam.
- É. Mas mudando de assunto... estava pensando em encontrar o Miles, para dar um ponto final decente pra nossa historia. Sabe? Querendo ou não, a gente teve uma historia e terminar dessa forma tão... bruta, me deixa mal comigo mesma. - Sam revira os olhos automaticamente o que me faz soltar uma pequena risada.
- Discordo, por mim você só finalizaria essa historia passando com um caminhão por cima daquele idiota. - Solto uma gargalhada e Sam da de ombros. - Mas como você é boazinha demais, com quem definitivamente não merece, vou só te dar um conselho. Não deixa ele te manipular, ok?
- Ok. Eu não vou. Juro. - Nós nos cumprimentamos apertando o dedo mindinho.
Puxo meu celular e respiro fundo antes de digitar o numero de Miles, alguns segundos depois ele atende, a voz fraca e meio embargada, como se ele estivesse chorando, meu coração da um leve aperto. Idiota.
- Pensei que não ia querer mais falar comigo. - Respiro fundo buscando pelas palavras.
- Eu não queria, mas em respeito aos dois anos de relacionamento que tivemos, pensei que a gente precisava por um ponto final de uma forma madura na nossa historia. - Ouço a respiração dele pesar do outro lado do telefone.
- Então é isso... Você quer mesmo terminar.
- Eu pensei que havia deixado isso claro na noite passada. - Digo mantendo minha voz dura, não posso mostrar a Miles que a situação em que ele se encontra me abala, isso daria a ele algo pelo que lutar. E acredite em mim quando digo isso, Miles consegue ser muito convincente.
- E você deixou, mas não pode culpar meu coração por ainda ter um pouco de esperança. Eu te amo Jules.
- Miles. Não. Só... me encontra amanhã depois que eu sair do trabalho, ok? Eu te dou uma carona pra casa se você precisar. - Digo simples.
- Ok, te vejo amanhã Jules. - Eu desligo o celular e encaro Sam que assiste tudo com atenção.
- Vou voltar para o trabalho, mas você pode ficar ai pelo tempo que quiser, ok? - Sorrio para Sam acenando positivamente com a cabeça e então ela se levanta e volta para o balcão da cafeteria.
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Atrás da câmera
RomanceJules é estudante de artes visuais na universidade de Dakota do Norte, durante o inicio do ano ela conseguiu um estágio como fotografa do time de Hóquei. E foi ai que a vida dela mudou completamente. Com um relacionamento em crise e tão próxima de...