Atrás da câmera

10. Realidade

Quando Nate recupera as forças, ele me tira de cima dele e se levanta indo em direção ao banheiro, sem falar nada, sem me dar ao menos um beijo, ouço o barulho do chuveiro quando ele liga e aproveito para me cobrir com um  manto que estava no sofá. Estou com vergonha, ele me causou essa vergonha, foi tão frio, como se nada do que acabou de acontecer tivesse importância, eu já esperava por esse desinteresse depois que ele obtivesse o que queria, mas não tinha ideia de que ia ser tão rápido assim, nunca fui tão ignorada depois do sexo. Miles não chegava aos pés do que Nate acaba de ser na cama, mas ele sempre me tratou como uma deusa depois que nós transavamos e eu amava isso. 

Ele sai do banheiro e não olha para mim, apenas joga uma camiseta dele na minha direção e começa a se vestir.

- Foi ótimo. Você foi ótima. - É só o que ele diz e então sai do quarto e fecha a porta, me deixando confusa e com um leve sentimento de culpa. É um choque de realidade e parte meu coração, é como se eu tivesse alcançado o céu e de repente alguém me chutou de volta para a terra.

Me levanto e caminho em direção ao banheiro, que ainda está com o cheiro dele, tomo um banho rápido e visto a camiseta preta com o logo do time que ele me entregou, visto minha saia e boto meu salto, amarro a camiseta que fica enorme em mim fazendo dela um cropped e então saio do quarto. O cabelo molhado, a maquiagem borrada, a camiseta dele, tudo entregando o que aconteceu naquele cômodo a minutos atrás, alguns olhos me encaram, curiosos, como se todos soubessem que fui mais uma das garotas de Nate, meu estômago embrulha dentro de mim com o sentimento de náusea que essa situação está me causando. Quero chorar, mas isso seria patético, eu sabia que isso iria acontecer e mesmo assim deixei acontecer.

Engulo o nó que se forma na minha garganta enquanto procuro por Sam no térreo, estou com medo de descobrir onde Nate está, não quero saber o que seria melhor do que acolher a garota com quem ele acabou de ter uma experiência incrível. Quando encontro a Sam ela está beijando uma garota de cabelo preto curto, decido não interromper, então mando um sms dizendo que estou indo para casa e atravesso a casa em direção a porta, é quando encontro ele. Nate está com um copo de bebida na mão e da risada enquanto conversa com um dos garotos do time, ele percebe a minha presença e me encara por alguns segundos. Reviro os olhos e então atravesso a porta principal, caminho até meu carro e entro, quando fecho a porta as lágrimas que estavam presas começam a escorrer pelo meu rosto. Sou ridícula.

POV NATE

Acordo de manhã me sentindo péssimo, me lembro de como agi na noite passada com Jules e um nó se forma em minha garganta, fui um completo idiota, mas não haveria como ser diferente, os sentimentos que aquela garota me causou são novos e tão intensos que fazem meu coração calmo se  acelerar sob minha pele, é um sentimento novo para mim. Minha mente traz a cada segundo imagens latentes de seu quadril se movimentando sobre mim, de seus lábios doces contra minha boca, de sua pele macia e cheirosa, de seus gemidos chamando pelo meu nome como uma suplica,  quero bater minha cabeça contra a parede no intuito de me livrar delas. Me levanto rapidamente em ansiedade e vou até o banheiro.

No banho a imagem dela indo embora com um semblante triste, enquanto revirava os olhos em desprezo a mim me assombram e fazem meu estomago saltar em um leve frio na barriga, esfrego meu rosto com força, irritado com a minha atitude e então finalizo meu banho. Encaro minha figura no espelho enevoado pela fumaça do banho e então me lembro  de quem eu sou e de como as coisas não poderiam ter sido diferentes, Jules é incrível e me deixa em completo estase, mas eu não quero um relacionamento,  não posso oferecer isso a ela, não sou um romântico apaixonado e é melhor assim.

Ela vai me superar e esquecer o que aconteceu e eu vou seguir minha vida, assim como todas as outras vezes, só o que preciso fazer é controlar o desejo que me assombra e as coisas ficaram bem. É o que digo a mim mesmo enquanto me visto, coloco meu conjunto de moletom preto com o logo do time e visto meu tênis das corridas matinais. 

POV JULES

De manhã é como se um caminhão tivesse me atropelado, meu rosto está inchado e estou com olheiras, minha boca está com pequenos cortes pelo frio e minha pele está pálida como sempre. É o efeito pós Nate. Me levanto da cama apenas para encarar minha figura horrenda no espelho, nesse momento vejo um pequeno roxo no meu pescoço e então reviro os olhos, puta por ter deixado aquele babaca me marcar como uma de suas cadelas.

- Merda. - Xingo enquanto tento me livrar da marca dele com uma técnica milenar de passar a escova na região. Meus olhos enchem de água pela decima vez e então me belisco por estar sendo tão fraca. 

Caminho até o banheiro e tomo um banho rápido,  saio do banheiro e volto para o meu quarto, visto uma camiseta de gola alta, minha calça jeans preta e coloco meu par de all star preto. Penteio meu cabelo da melhor maneira que consigo e então aplico um pouco de maquiagem no meu rosto, tentando esconder as marcas de uma noite de choro. Arrumo minha mochila evitando pensar em qualquer coisa que tenha relação com ele e dá certo.

Abro a porta do quarto da Sam e tomo um susto quando encontro ela nua com outra garota em um sono profundo, fecho a porta novamente sem fazer barulho e então saio do nosso apartamento, meu estomago ronca e eu decido passar no café rival ao que a Sam trabalha, porque cá entre nós o cappuccino e a torrada deles é bem melhor.

- Bom dia garota das artes. - Carl, me cumprimenta, ele trabalha no café e faz aula de historia da arte comigo. Carl é um garoto padrão assim como metade do campus de Dakota do Norte, com seus 1,78 de altura, olhos castanhos e cabelo castanho ele rouba alguns olhares. 

- Bom dia Carl. - Respondo com a voz um pouco desanimada enquanto me sento no banco em frente ao balcão repleto de guloseimas.

- Vai querer o que? - Ele pergunta enquanto segura seu bloco de notas.

- Um cappuccino, torradas com ovos e um energético para mim tomar depois. - Respondo enquanto puxo meu celular para rolar o feed do instagram.

- Ok, é para já. - Ele responde e então caminha em direção as maquinas de café.

Abro um sorriso quando vejo a foto de um gatinho fofo comendo seus petiscos e ronronando, eu amo gatos, tinha um quando morava com meus pais, na verdade ainda tenho, o bola de pelo mais sapeca e preguiçoso do mundo, dou dois cliques na tela e então continuo rolando o feed até Carl me entregar meu pedido. Uma notificação de mensagem surge na tela, é Miles.

MILES: Bom dia.

MILES: Preciso da sua ajuda com uma coisa.

MILES: Podemos nos encontrar depois das aulas? Mesmo lugar de sempre.

JULES: Bom dia Miles.

JULES: Sim claro, assim que sair da aula eu te encontro.

MILES: Valeu Jules, te amo, beijos.

JULES: Também te amo, beijos.

Bloqueio a tela do celular e então solto um suspiro, pensando no que Miles quer.