22. Plano

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Será que existe uma fórmula mágica para apagar alguém do seu corpo e mente? Não é possível que não exista. Encaro o teto do meu quarto de infância irritada e tristonha, meu corpo dói e minha mente me machuca a cada pensamento novo que surge.

O cheiro da torta de maçã da minha mãe invade o quarto pela fresta da porta e sorrio com as memórias afetivas que me invadem. Faz quatro dias que estou de volta ao meu estado natal, Michigan, minha mãe levou um susto quando me viu atravessar a soleira da porta as cinco da tarde de uma terça feira. Contei tudo que aconteceu para ela e depois de levar um tapa na testa, ela me abraçou e nos formulamos um plano para descer a porrada no Nate juntas. Foi bom descarregar o peso de tudo que aconteceu, me isolar da internet e de tudo que me lembrava dele. É como se eu estivesse em um período de luto, mas sem a pessoa ter realmente morrido.

Me levanto da cama com meu estômago roncando e abro a porta do meu quarto indo direto para a cozinha.

- Fiz torta de maçã e uma lasanha para o jantar. - Ela anuncia em português. Minha mãe se recusa a falar em inglês comigo, nem meu pai quando estava vivo conseguia fazer ela mudar de ideia. - Vem comer. - Ela me puxa e me senta na cadeira a mesa de jantar. Em segundos um prato cheio de lasanha está posto a minha frente.

- Obrigada mãe, o cheiro está ótimo. - Elogio e ela da de ombros.

- Mas é claro que o cheiro está ótimo, foi eu quem fez. - Dou risada e começo a comer.

Após o jantar, volto para o meu quarto e me deito na cama, mais uma vez encarando o teto.

POV NATE

Adam me encara com um sorriso no canto dos lábios enquanto Duncan me observa reflexivo encostado no armário do vestiário, ele está com os braços cruzados e tem um olhar severo. Depois do ocorrido com a Jules, os dois decidiram me dar um gelo e Duncan não troca uma palavra sequer comigo.

- Você acha mesmo que a gente vai te ajudar nesse seu plano maluco para ter a Jules de volta? Por que nós faríamos isso? Para você machucar ela de novo? - Adam pergunta tamborilando os dedos no banco levemente irritado.

- A garota deixou a cidade por sua causa Nate, ela desistiu da porra do trabalho dela. - Duncan murmura mal humorado.

- Eu sei e eu me condeno por isso também, mas eu estou completamente apaixonado por ela. Não tem um dia que eu não acorde perturbado com a ideia de que talvez eu nunca mais volte a vê-la. - Confesso. - Eu preciso da ajuda de vocês, ela não vai falar comigo, perdi a conta de quantas mensagens eu mandei e ligações fiz. - Adam revira os olhos e Duncan mantém sua postura.

- Ok, a gente te ajuda. - Adam da de ombros. Sorrio feliz e dou um tapa leve em seu ombro como comemoração. - Mas tem um problema, ela também não está respondendo a gente. - Ele confessa e meus ombros caem em desesperança instantaneamente.

- Talvez a amiga dela, a de cabelo cacheado, consiga nos ajudar a falar com a  Jules. - Duncan lança à ideia, nos trazendo esperança. - Posso falar com ela. - Ele se oferece e Adam da de ombros.

- Por mim tudo bem. - Ele fala se levantando e vestindo o moletom preto com o logo do time. - Tenho que ir, uma gatinha está me esperando no meu quarto. - Ele anuncia orgulhoso saindo do vestiário, reviro os olhos e encaro Duncan.

- Precisa de ajuda para falar com ela? - Pergunto apenas querendo ser útil.

- Acho que seria bem melhor se você simplesmente não desse as caras, acho que até mesmo a menção do seu nome retrairia tanto a amiga da Jules, quanto a Jules. - Concordo com a cabeça e ele se aproxima de mim, me encarando. Duncan posiciona a mão no meu ombro para dar credibilidade ao que ele está prestes a dizer. - Você sabe que eu te amo cara, você me acolheu quando eu precisei e me ensinou tudo que eu sei sobre hóquei e eu sou infinitamente grato a você por isso, mas se você machucar a Jules de novo, eu quebro a sua cara. - Duncan avisa com um olhar severo, eu nunca o vi assim.

- Eu não vou! - Digo firme, ele balança a cabeça e então vai embora.

POV JULES

Acordo com meu celular vibrando, são onze da noite e a chamada vem da Sam. Atendo rapidamente preocupada com o que causou a ligação repentina.

- Alô, Jules? - A voz do Duncan soa do outro lado do telefone, franzo o cenho confusa.

- Duncan? Está tudo bem? - Pergunto preocupada.

- Sim... quer dizer, eu estou meio puto com você, você sumiu e não falou porra nenhuma, pensei que nós fôssemos amigos. - Ele parece realmente magoado.

- Foi mal, eu meio que quis cortar contato com todo mundo por um tempo. - Respondo sincera.

- Eu entendo, mas queria notícias suas, você está bem? Onde você está? Você volta? - Ele pergunta.

- Eu não estou completamente bem ainda, mas estou melhor que antes. - Ouço Sam murmurar algo como  "Mentira" e reviro os olhos. - Eu estou em Michigan com a minha mãe, precisei dar um tempo das coisas, mas é claro que eu volto, vou embora amanhã de manhã. - Digo ansiosa com o fato de ter que voltar para Dakota.

- Ótimo, então vai chegar a tempo para a minha festa de aniversário! - Ele comemora. - E eu não aceito um não como resposta depois de você ter sumido e me ignorado.

- Duncan eu definitivamente não estou em clima de festa agora. - Respondo simples.

- Isso não está em questão, sua presença é mais do que requisitada. - Respiro fundo.

- Ok, mas eu só vou te dar um abraço e ir embora. - Afirmo e o ouço comemorar com Sam do outro lado da linha. - Agora eu preciso dormir. - Anúncio.

- Beleza, bom sono bela adormecida, te espero amanhã à noite. - Ele comenta contente.

- Obrigada, até amanhã. - Ele desliga o telefone e eu me jogo de volta na cama fechando os olhos.

Atrás da câmeraOnde histórias criam vida. Descubra agora