4. Rejeição

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Nate parece confuso enquanto se levanta, ele para ao meu lado encarando Miles com raiva. O olhar de Miles está carregado, consigo sentir daqui o cheiro de bebida e esta ainda mais forte do que hoje mais cedo.

- Então é por causa dele não é? É por causa dele que você terminou comigo? PORRA EU SOU MUITO BURRO. Eu deveria saber que toda aquela obsessão com ser câmera do time de Hockey era por causa dele. - Sua voz é amargurada e me faz engolir em seco.

- Você conhece esse cara? - Nate pergunta com os olhos pregados em mim.

- SIM! Eu sou a porra do namorado corno dela. - Miles responde antes que eu possa abrir minha boca, Nate me lança um olhar com um misto de nojo e confusão.

- Não eu não... - É tarde demais, Nate sai antes que eu possa explicar, me deixando com um Miles que se joga no chão e chora sem parar.

Reviro os olhos com raiva, ódio e lá no fundo um pouco de dó, nunca vi Miles desse jeito, ele está completamente fora de si.

- Eu sabia... eu sabia. - Ele repete para si mesmo. - Nunca foi eu quem você quis, todas aquelas vezes que você não quis ir me ver jogar, mas ia correndo para todos os jogos de hóquei como a porra de uma vadia obcecada. Eu deveria saber, eu deveria ter te tratado como o pedaço de merda que você é desde o início. E agora eu estou aqui com um par de chifres e um pé na bunda e me sentindo mau porque você fez tudo parecer que foi culpa minha. - Eu respiro fundo, furiosa com toda as ofensas e tentativas de Miles de jogar nosso término encima de mim e me abaixo encarando ele nos olhos.

- Miles vai se foder. Você não tem o direito de me chamar de vadia, quando você deixava milhares de garotas sentarem no seu colo e darem beijinhos no seu pescoço só pra se sentir a porra de um homem, você me destruiu, você acabou com o resto dê autoestima que eu tinha. Você  me fez achar que eu era louca por sentir ciúmes das garotas que você queria pegar! E agora que eu finalmente me livrei de você, agora que eu encerrei esse ciclo de merda da minha vida, você vem aqui e destrói a minha noite, me chama de vadia e faz todo mundo pensar que eu te trai, quando nós dois sabemos quem realmente traiu quem aqui. - Eu respiro antes de continuar. - Mas eu deveria saber que você ainda ia me dar um golpe final, eu deveria adivinhar que você iria me destruir pela última vez, só para ter o gostinho de sair por cima, como o pobre coitado. Vai se foder. - Miles me encara com os olhos arregalados, minha atitude foi inesperada.

Eu me levanto e desço as escadas procurando por Nate, para tentar pelo menos concertar a cagada de Miles, meus olhos procuram por todos os cantos e então desço mais um lance de escada apenas para encontrá-lo beijando outra garota. Uma ruiva, peituda, olhos azuis, alta, corpo escultural. Algo em mim se quebra e tenho vontade de chorar, mas seguro as lágrimas e caminho em direção a porta de saída, quando a brisa leve do outono toca meu rosto eu desabo. O que eu achei que aconteceria? Que Nate iria me esperar na busca de uma explicação, para então retornarmos de onde paramos? Que piada eu sou. Muito mais fácil continuar a noite se divertindo com uma gostosa de verdade, sem problemas com um maluco.

Caminho até o meu carro, o frio da noite finalmente me fazendo tremer, entro no automóvel e mando mensagem para a Sam, avisando que já estou indo embora, ela não responde, então dou partida no carro e sigo de volta para o alojamento. Estaciono, subo, entro e deixo meu corpo cair sobre o sofá macio. Amanhã é outro dia, outra humilhação.

Acordo com o meu despertador do quarto berrando, ainda estou no sofá, corpo dolorido, olhos remelentos e um bafo péssimo. Me levanto com dificuldade e minha cabeça lateja, merda de tequila.

- Sam? Você está aí? - Pergunto, mas não recebo respostas.

Bom pelo menos alguém se deu bem ontem à noite.

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