18. Bêbado

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Observo Sam batendo a massa de bolo do outro lado do balcão em desanimo. Ela me lança seu olhar de reprovação após eu ter contado todos os últimos acontecimentos para  ela nos mínimos detalhes.

- Você vai perder essa aposta. Sabe disso, não sabe? - Balanço a cabeça negando.

- Não vou não. - Sacudo os ombros e tomo um gole do milk-shake de chocolate na minha frente.

- Se você diz... - Ela despeja a massa de bolo, na forma em formato de coração. - Você vai na festa de Halloween que o time de futebol está organizando? - Sam me encara curiosa. 

- Acho que sim, Milles me convidou e  vai ser uma boa me divertir um pouco. - Ela concorda e enfia a forma no forno. - Você vai levar sua namorada? - Questiono e ela revira os olhos.

- Ela não é minha namorada Jules, você sabe que não acredito na monogamia e não estou pronta para um relacionamento agora. - Ela se apoia nos cotovelos me encarando. Torço o nariz sentindo minha cabeça congelar depois de ter tomado um longo gole do milk-shake, preciso parar de beber essas coisas como se elas fossem entrar em extinção. 

- Não consigo parar de pensar na garota de ontem a noite. - Confesso e Sam acaricia meu rosto, me confortando. - Você tinha que ver como aquela vaca agiu e a pior parte é que ela conhece os pais dele. Tipo assim, ela ameaçou ele utilizando os pais dele. Qual o nível de descontrole dessa piranha para fazer algo do tipo? - Sam enruga a testa espantada.

- Você deveria tomar cuidado. - Ela alerta. O sino do café toca, anunciando a chegada de mais um cliente, Sam corre para atender a garota de cabelo loiro e olhos castanhos tímidos, ouço atenta a conversa.

- Só preciso retirar uma duvida. - Ela diz tímida sem conseguir encarar Sam nos olhos. - Eu cheguei no campus a umas duas semana e as contas em casa ficaram apertadas, por conta da mudança e tudo mais, então eu queria saber se vocês estão contratando. Eu faço qualquer coisa, juro. - A loira sorri, ela tem um sorriso bonito, daquele tipo meigo que faz qualquer coração derreter.

- Caraca, você chegou na hora certa, um garoto do turno da madrugada desistiu do trabalho ontem, acho que a gente pode te testar hoje e se tudo der certo, bem vinda a equipe. - Sam sorri empolgada. 

- Uau, isso é incrível. A proposito, meu nome é May. - A garota estende a mão em um cumprimento a Sam que retribui. 

- Que curso você está fazendo? - Pergunto curiosa. - Me desculpe a intrusão. - Digo logo em seguida. - Meu nome é Jules. - Estendo a mão.

- Letras. Prazer Jules, que curso você faz? - Ela pergunta carismática. 

- Artes Visuais. - Ela abre e fecha a boca num "o" e então Sam entrega o avental para a jovem. - Boa sorte. - Desejo e ela agradece.

(...)

Acordo com o celular vibrando, desbloqueio a tela e são quatro da manhã de uma sexta feira, quem caralhos está me mandando mensagem essa hora? Praguejo com os olhos se acostumando a luminosidade do celular e clico na notificação que surge na tela.

NATE: Eu achi qui to bebadls

NATE: E to pensanda en voco

NATE: Posso ir oi?

JULES: Que? 

NATE: Abro pri mom pfv.

Reviro os olhos e me levanto calçando minha pantufa, ligo meu abajur, abro a porta do meu quarto e em silêncio total sigo até a porta principal, giro a chave e puxo a maçaneta dando de cara com um Nate sem camiseta e vomito nas calças. Mas que merda aconteceu?

- JULES! MEU BEM. - Ele se lança sobre mim, me envolvendo em um abraço. Ficaria feliz com isso, se ele não estivesse cheirando a álcool e vomito.- Você cheira a ervas naturais. - Ele constata cheirando meu cabelo, dou risada e arrasto ele para dentro, fecho a porta com cuidado, peço silencio com o indicador e ele imita meu gesto, bêbados e suas imitações. Guio ele até meu quarto e ele se joga na minha cama abraçando meu travesseiro de raposa, a cena me faz dar risada.

- Por que tem vomito na sua calça? E por que você está sem camiseta? - Pergunto retirando os sapatos dele com cuidado. 

- Eu vomitei nela, acho que caiu um pouco na calça também. Você gosta de patos e raposas? - Ele pergunta encarando a raposa com o cenho franzido, me contenho para não gargalhar com a cena. - Por que você está rindo? - Ele pergunta sentimental enquanto me encara. - 

- Por que você bebeu a ponto de vomitar? - Me sento ao lado dele acariciando as costas dele com ternura.

- Meu pai me ligou. - Ele responde simples fechando os olhos. - Você gosta de mim? Eu acho que você gosta de mim. Eu gosto de você, você tem o maior bundão. - Ele murmura num monologo consigo mesmo.

- E o que ele disse para te fazer beber desse tanto? - Pergunto curiosa.

- Seu carinho é bom, mas você faz muitas perguntas garota da câmera. - Antes que consiga perguntar qualquer outra coisa, escuto a respiração pesada de Nate me indicando que ele dormiu. Reviro os olhos e dou um beijo na testa dele, apago o abajur e puxo a calça dele para baixo, fazendo ele ficar apenas com a samba canção, dobro a calça fedida e a jogo no canto do quarto. Empurro Nate mais para o lado e me deito ao seu lado. 

O celular dele vibra em baixo da minha raposa, não me contenho, puxo o aparelho com cuidado, para não desperta-lo e desbloqueio a tela.

NATALY: Eu te avisei.

Bloqueio a tela novamente e coloco o aparelho ao lado do meu  na cômoda, a mensagem de Nataly me deixa inquieta e passo o resto da noite pensando no que pode ter acontecido e em quem é essa mulher. Por que Nate não bloqueou ela? Por que ela tem contato com os pais dele? O que ela fez que deixou Nate nesse estado? São tantas perguntas fervilhando na minha cabeça.

Atrás da câmeraOnde histórias criam vida. Descubra agora