Michael, que porra é essa?

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Natalie

-Sr. Burk, quem foi a pessoa que comprou alguns quadros meus ontem e quis comprar aquele do meu acervo pessoal?

-Não posso revelar a identidade da pessoa, Srta. Watson, mas tenho que dizer que aquele quadro deve ser muito especial mesmo para a senhorita, porque recusar uma oferta livre é algo raro.

-É, o quadro tem um valor sentimental para mim, não pretendo me desfazer. Mas voltando ao assunto, poderia me dizer apenas se era homem ou mulher?

Insisto em saber alguma coisa da identidade da pessoa que esteve aqui ontem, achei muito estranho um interesse desse tamanho em um quadro que nem é o meu melhor trabalho.

-Não, sigilo total. Mas deixa isso para lá, a pessoa saiu satisfeita com os quadros que conseguiu comprar. Isso é o que importa.

-Sim, verdade.

O horário de almoço chega e saio para comprar uma pizza, mesmo com esse calor que está fazendo, meu apetite é inabalável. Caminho duas quadras até a quadra do meu apartamento, do outro lado da rua tem um restaurante com uma fatia de pizza gigante e com queijo extra, é a melhor coisa da vida.

Atravesso a rua e passo pela banca de revista, compro uma de fofoca, como de costume, e uma de arte que me chama atenção pela capa com a chamada para um artigo muito interessante sobre o Museu do Louvre.

Coloco na bolsa e entro no restaurante. Escolho uma mesa na janela e peço a fatia da pizza mais gordurosa que eles têm e uma coca-cola com gelo.

Largo a bolsa na cadeira ao lado e coloco a mão dentro para pegar uma das revistas para passar o tempo e vem a de arte. Folheio direto na página do artigo e começo a ler.

Michael

-Bill, tenta estacionar perto do restaurante que ela entrou, por favor. Queria tanto poder vê-la um pouco mais de perto. Olha, ali está ela, sentada em uma mesa na janela.

Ele estaciona o carro quase em frente, mas não tem como ela desconfiar que estamos aqui, tem tanto movimento.

Fico observando, ela folheia uma revista e toma uma coca cola. Respiro fundo, é difícil estar assim tão perto e não poder entrar lá e falar com ela.

-Vamos embora, Bill. Não consigo mais fazer isso, estou me torturando. Volte para o hotel, vamos pegar as coisas e voltar para LA.

Natalie

A pizza chega e começo a comer, Deus abençoe quem inventou isso aqui, que coisa mais gostosa. Termino de ler o artigo e pego a outra revista na bolsa.

Não é possível! Como assim? Na segunda página tem uma foto dele saindo da minha galeria, e a data é de ontem!

"Rei do Pop é visto em galeria de arte no centro de NY. Um paparazzi de andava pelas ruas da cidade avistou Michael Jackson saindo de uma galeria com seus seguranças e alguns quadros. Não é de hoje que sabemos que o rei é um colecionador de belas artes. Nossa redação está em contato com a galeria para descobrir quais foram os pintores que passaram a fazer parte do acervo de Michael Jackson."

Largo a pizza pela metade, deixo o dinheiro na mesa e saio às pressas. Vou quase que correndo, atravesso no meio dos carros buzinando e entro na galeria.

-Senhor Burk, foi ele quem comprou meus quadros?

Aponto para a revista e ele arregala os olhos.

-Meu Deus, não dá pra se ter privacidade nessa cidade! Como é possível já ter saído em uma revista? Mas bom, não tem mais motivo para eu esconder, então. Sim, você acredita? Eu quase caí para trás quando a equipe dele ligou para cá ontem para reservar uma visita privada. Parabéns, Srta Watson, uma celebridade do porte de Michael Jackson agora tem seus quadros!

-Natalie, Natalie... você está bem? Meu Deus do céu, senta aqui... ficou branca feito um papel!

-Estou bem, estou bem... deve ter sido uma queda de pressão por causa do calor. M

Me sento numa poltrona perto do balcão da gerência e o Senhor Burk vai buscar um copo de água.

Por que ele está fazendo isso? Por que usou o presente que eu enviei? Por que veio até aqui em NY comprar meus quadros? O que isso tudo significa?

Michael

-Espere, Bill. Dê meia volta, preciso vê-la uma última vez antes de irmos, quero me despedir, mesmo que de longe.

Peço assim que o carro se distancia algumas quadras e começo a sentir um vazio tão grande que só pode ser suprido por ela, foi uma burrada ter vindo aqui e ter ficado assim tão perto dela. Achei que vê-la me daria um respiro para suportar mais a distância, mas estava enganado, só fez com que eu quisesse mais e mais.

-Aqui está bom?

Ele pergunta ao achar a última vaga na quadra da galeria, é mais afastada, mas ainda me dá visibilidade para a porta.

-Sim, vamos esperar ela voltar do almoço e depois podemos ir. Fico apreensivo olhando para fora na expectativa e os minutos vão passando sem o menor sinal daqueles cabelos esvoaçantes que eu tanto amo.

2 horas depois

-Não sei, senhor, mas talvez ela não vá retornar mais hoje.

-Não é possível Bill, nosso voo sai no final da tarde, já organizei minha volta, mas não posso ir sem vê-la mais uma vez. Vamos esperar o máximo que der.

-Compre um café para você ou algo para comer, deve estar com fome, estamos há um bom tempo aqui parados. Eu espero aqui, pode ir.

Ele desce do carro e some entre as pessoas na calçada.

Natalie

Passei as últimas horas com o telefone na mão olhando para o número dele na agenda, não tive coragem de apagar ainda.

Por 3 vezes quase apertei no discar, mas desisti no último segundo. Não sei o que pensar, não entendo o que ele está fazendo, mas está me corroendo por dentro.

Me despeço do Sr. Burk e resolvo ir para casa e enfiar a cara no trabalho, minhas encomendas não vão se pintar sozinhas.

Ando até a esquina e espero o sinal fechar para poder atravessar e vejo Bill andando do outro lado da rua na calçada, saiu de um café.

Meu coração dispara e sem pensar atravesso entre os carros mesmo e o sigo. Ele anda até quase o final da quadra e entra em um carro grande e preto. Vou correndo atrás e abro uma das portas traseiras, tenho certeza de quem vou encontrar lá dentro. Entro num rompante e fecho a porta.

-Michael! Que porra é essa?!

Continua...

Uma perfeita obra de arteOnde histórias criam vida. Descubra agora