O jantar - parte final

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-Minha linda! Ele não vale isso!

Michael fala, mas estou tão tomada pela raiva que não raciocino.

-Um homem de verdade jamais faria e falaria as coisas que você está dizendo aqui! O Michael é incapaz de fazer qualquer coisa disso que você está falando!

-Me soltem, me soltem!

Ouço Michael falar atrás de mim e eles o soltam. Ele vem até mim, olha com desprezo para o irmão com a cara ensanguentada e pega minha mão, colocando a outra em minha cintura.

-Vem, minha linda, vamos sair daqui.

Vou com ele tapada no ódio e sem entender nada de tudo que aconteceu.

-TJ, chame a segurança e mande tira-lo a força daqui se for preciso, ele está proibido de entrar aqui de novo!

Michael sai comigo do lado e fala com o sobrinho que sai em busca dos seguranças que não sei onde estão que não aparecerem ainda mesmo com tantos gritos por aqui. Mas não devem ter pensado que precisariam agir num jantar da família.

Michael me guia até as escadas e entramos em seu quarto. Ele tira o casaco e vai até o banheiro. Me sento na cama sem saber o que fazer, nunca passei por uma situação sequer parecida com essa. Ouço uns barulhos de coisas quebrando e vou correndo até o banheiro, ele está jogando todas as coisas da bancada das pias para o chão.

-Calma, amor, calma... ele já foi embora, já passou!

Digo tentando acalma-lo e seguro seu braço. Ele se vira para mim e o encaro, nunca o vi nesse estado.

-Da onde ele tirou essas coisas? Eu jamais obrigaria alguém a abortar um filho, muito menos meu! E ela não estava grávida, sempre me precavi, isso nunca aconteceu! Você acredita em mim, não acredita?

Ele fala parando em minha frente e colocando as mãos no meu rosto.

-É claro que acredito, eu até esbofeteei ele defendendo você!

-Desculpa, minha linda, você não merecia passar por isso!

Ele fala me abraçando e sinto seu corpo chegar a tremer de raiva.

-Ei, ei...olha para mim, olha para mim!

Digo com a voz firme e ele me olha.

-Respira fundo, você precisa se acalmar, assim vai passar mal.. vamos, respira.

Ele respira fundo três vezes e balança a cabeça em negação.

-Uma noite tão especial e ele conseguiu estragar! Eu sabia que não era para ter o convidado, mas quis dar uma chance.

-Amor, todo mundo viu o que aconteceu, e eles sabem que você não é a pessoa que ele quis pintar. Não sei o porquê de ele ter inventado isso tudo, mas ninguém vai acreditar, Michael. Sua família te conhece, seus amigos te conhecem... e eles viram o quão nojento e baixo ele foi!

Fico falando tentando fazer ele ficar mais calmo e aos poucos ele vai voltando a respirar mais regular e vai se acalmando.

-Me desculpa por colocar você nessa situação? Você é tão gentil, essas mãos são tão delicadas, nunca deveriam ter que bater em ninguém.. e agora você fez isso por minha causa!

Ele fala pegando minha mão e a beijando.

-E faria de novo, ninguém vai falar barbaridades de você e de mim e sair de cara ilesa! Aquele soco que você deu nele, foi mais do que merecido! Mas agora deixa eu ver sua mão!

Pego a mão direita dele e vejo que está machucada. O puxo até uma das cubas e abro a torneira deixando a água gelada cair. Lavo com cuidado e o sangue escorre ralo abaixo, desligo e pego uma toalha secando com delicadeza. Enrolo a tolha na mão dele e me abraça respirando fundo.

Uma perfeita obra de arteOnde histórias criam vida. Descubra agora