Uma perfeita obra de arte

Temos que continuar a conversa

Michael

-E então, matei sua saudade?

Pergunto olhando pela janela e vendo que o dia deu lugar a uma noite estrelada e de lua cheia.

-Por enquanto, sim... só por enquanto!

Ela fala brincando com os pelinhos do meu peito.

-Não vou mais sair do seu lado, pode me usar o quanto quiser!

-Ah, é?

-É! Mas precisa me alimentar de vez em quando!

Digo me sentando na cama, escorando as costas na cabeceira e trazendo ela entre as minhas pernas. Ela escora as costas no meu peito e muda o foco dos dedos, agora brinca com os pelos das minhas coxas.

-O que quer comer, meu amor?

-Você!

Respondo rindo e ela belisca de leve minha perna.

-É sério!

-O que tem para comer?

Pergunto colocando seu cabelo para o outro lado e beijando seu pescoço.

-Nada, tenho comido coisas prontas na rua...

-Vou providenciar, então.

Pego o celular e mando uma mensagem para meu assistente enviar um chef para fazer um jantar para nós.

-Pediu uma pizza?

Fala espreguiçando as pernas e roçando os pés nas minhas canelas.

-Não, pedi um chef.

-Um chef?

Ela pergunta rindo e vira para me olhar.

-É, para fazer um jantar à altura do nosso reencontro! Mas enquanto isso, vamos terminar de conversar?

-Sim, temos que acertar algumas coisas...

-Não quero continuar como estávamos, minha linda, já basta ter que esconder você do mundo, não quero ter que ficar nos escondendo em casa e para quem está ao nosso redor. Quero apresentar você para minha família e meus amigos. O que me diz?

-Tipo para toda a família? Até para seus filhos?

-É, para quem importa, meus filhos e quem frequenta minha casa de vez em quando, minha mãe, irmãos, sobrinhos, essas coisas. Assim a gente pode viver com mais tranquilidade, você pode ir na minha casa quando quiser, podemos sair com as crianças junto...

-Sair?

-O que eu queria mesmo era sair aqui na janela e gritar para todo mundo que estou namorando a pintora mais incrível e a mulher mais linda do mundo. Mas isso ainda não posso fazer, pelo menos enquanto estiver valendo aquela cláusula que falei e enquanto você tiver seus 20 aninhos. Enquanto isso a gente pode viver sem se esconder pelo menos para os mais próximos, o que já vai nos dar muito mais liberdade do que tínhamos e também podemos sair como fizemos em Paris, cuidando os lugares, reservando o lugar com antecedência... o que acha?

-Eu acho ótimo, você sabe que não me importo de não poder sair te agarrando no meio da rua. E acho ótimo o que está sugerindo, isso já vai nos permitir um bocado de coisas, era tenso entrar e sair escondida da sua casa. E até porque, nesse momento da minha carreira, acho que seria prejudicial se um bando de gente se amontoasse na frente da galeria para querer saber quem roubou o seu famoso e cobiçado coração.

-Está certa, seria um caos...

-Pronto, tudo resolvido então. Viu? Era só termos conversado sobre isso antes!