Uma perfeita obra de arte

Presente para mim?

2 meses e meio depois

Junho de 2011

Michael

-As crianças já estão prontas, Donna?

Pergunto assim que chego na sala, vou a um festival de arte em Beverly Hills com as crianças, Paris não parou de insistir para irmos e acho que vai ser bom sair um pouco, os últimos meses foram longos e terríveis, só meus filhos mesmo para me fazerem sair de casa.

-Estão quase, senhor. Estão acabando de se arrumar, já vão descer. A propósito, tem esse pacote aqui para o senhor, parece que chegou semana passada, mas ficou perdido na garagem.

-Quem é o remetente?

-Não diz nada no pacote.

Pego o embrulho e abro assim que ela se retira e vai verificar as crianças. É uma camiseta, quem será que mandou?

Estendo a camiseta na minha frente para ver a estampa e adorei, parece coisa de alguém que conhece meu gosto. Noto que um pequeno papel cai no chão e me agacho para pegar.

"Vi em uma vitrine aqui perto da galeria e achei a sua cara. Apesar de termos nos falado hoje de manhã por telefone, já estou com saudades, ainda bem que volto hoje para LA. Com amor, N."

Me sento num sofá logo atrás de mim e leio diversas vezes o bilhete. Com certeza ela comprou isso na vez que foi a NY e voltou para o Grammy, mas não chegou a me dar. Por que será que resolveu enviar agora?

Levo o tecido até o rosto e sinto um perfume de leve, ela tinha perfumado a camiseta para me dar, o cheiro está fraco pelo tempo que passou, mas ainda dá para sentir.

Fecho os olhos e inspiro fundo, quase ouço sua voz dizendo as palavras do bilhete e me arrepio com a sensação de poder sentir seu cheiro outra vez.

Oh, minha linda, que falta você faz, cada semana, cada mês que passa a saudade fica mais insuportável e o amor não dá nem sinal de ir embora, pelo contrário, amo você mais do que nunca.

Guardo o bilhete no bolso da calça e subo para o quarto para trocar de camiseta, visto a que acabei de ganhar, pelo menos assim a sinto um pouco perto de mim.

Desço sorrindo por sentir seu cheiro conforme caminho e a camiseta se ajusta ao corpo e encontro as crianças prontas na sala para sairmos.

-O que foi, papai? Por que está com essa cara?
Blanket pergunta ao me ver.

-Que cara, filho?

-Assim, sorrindo desse jeito, faz tempo que você não sorri assim.

-Ah, é que o papai ganhou um presente. Mas outra hora eu mostro, agora vamos indo...

Natalie

-Você vai ficar bem, amiga? Tem certeza que não quer ir comigo?

Pergunto assim que o pessoal da mudança termina de levar a última caixa do meu quarto.

-Vou ficar bem, mas vou morrer de saudade! Tem certeza que precisa mesmo ir?

-Eu vou voltar, só vou passar o próximo semestre em NY. Eu não poderia recusar esse contrato de mais 6 meses que a galeria me ofereceu. E vai ser bom para mim, amiga, sair dessa cidade, as recordações são muito fortes aqui. Você mesma vivia dizendo que eu precisava reagir, pois é o que estou tentando fazer. Encerrei o semestre na faculdade e tranquei o próximo, volto no primeiro semestre do ano que vem. E aí já vou estar melhor, já vai ter passado mais tempo, por enquanto preciso de um lugar diferente para viver.

-Mas me promete que não vai ficar só enfurnada em casa lá? E eu vou visitar seguido, não acha que vai se livrar de mim!

-Não prometo nada! E eu vou cobrar as visitar, viu?! Pode ir quando quiser!