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A sensação que eu poderia voltar e fingir que nada aconteceu, amar ele como antes, achar ele a melhor pessoa do mundo sem deixar que ninguém opinasse ao contrário, por alguns dias sumiu, desapareceu. Toda aquela raiva, arrependimento, culpa, voltou.

Atsumu ficou meio mal depois que viu Suna na festa. Osamu também. Ficou mais triste pelo irmão do que por Suna. Eles tinham a melhor relação de irmãos que eu já tinha visto.

Meu celular tocou. Sinceramente, nessas semanas, sempre que ele toca eu fico assustada. Isso virou um dos meus piores pesadelos, que, infelizmente, acabou sendo realidade.

- Oi pai, o que houve?

- Você sabe o que houve, desculpa filha. Se puder vir para o enterro, vai ser pela tarde e provavelmente vai se estender até a noite por causa das suas tias que moram longe. Sinto muito meu amor.

- Fique bem até eu chegar aí pai, por favor. Te amo, até logo.

Já sabia que isso iria acontecer, mas quando acontece, ninguém está preparado. Não sabia o que fazer, estava sem rumo, sem nada. Meu mundo desabou, ela era meu tudo. Sempre que eu precisava ela sabia o que fazer, mesmo que as vezes nós brigávamos,    ela continuava sendo a minha mãe, a mulher da minha vida.

Kuroo veio até mim, e por julgar o jeito que ele me olhou, provavelmente já tinha adivinhado o que tinha acontecido. Ele me abraçou mas não falou nada, e isso era mais do que suficiente. Lá me senti a vontade de desabar completamente. Depois ele pegou o carro para me levar e avisou os outros no caminho.

Cheguei no hospital, meu pai estava na recepção ainda preenchendo algumas coisas. O abracei e vi ele com um dos olhares mais tristes que eu já tinha visto. Ele tinha perdido o amor da vida dele, o tudo dele, o mundo dele. Nós tínhamos perdido.

Fomos para o enterro, quase todos os meus tios e minhas tias estavam lá. Meus amigos vieram também e me ajudaram muito. Sempre agradeço de ter eles, eles são minha segunda família, meu lar.

Fiquei ao lado de minha mãe o tempo todo, ainda sentia ela ali, olhando tudo o que estava acontecendo e sabendo de tudo que já fiz, incrédula mas orgulhosa, não pelo caminho que eu tomei, mas pela pessoa que eu me tornei, tantos ensinamentos que eu já aprendi e amadureci com eles.

Todos já tinham ido para outro lugar quando enterraram ela. Me senti na obrigação de ficar mais um pouco.

- Sinto muito.

A voz que eu esperava, por algum tempo, não escutar, soou. Ele estava lá, com uma rosa vermelha na mão que suavemente colocou no túmulo. Trouxe um guarda-chuva, por conta da chuva que caía.

- Obrigada.

Senti que queria falar tudo o que sentia, mas aquele não era o momento, não queria ficar triste por mais um motivo.

- Ela era uma mulher, uma mãe e uma esposa incrível. Acompanhei isso com você, sei do que ela era capaz.

- Ela era a melhor pessoa do mundo.

Encarei ele pela primeira vez, percebi que ele estava com os olhos vermelhos, não sabia identificar se era por droga ou por choro. Ele me olhou pedindo permissão para um abraço, assenti e ele veio em minha direção. Era uma das melhores sensações do mundo pra mim. O abraço dele era um lar praticamente, eu amava isso. Me permiti chorar ali, me sentia segura para isso.

- Pode me levar pra um lugar?

- Posso, só me dizer onde.

Cheguei e fiquei encarando a porta. Aquele apartamento que eu tive tantas memórias boas e ruins, tantos acontecimentos e momentos. Abri a porta, um cheiro de mofo era quase insuportável. Cheguei no armário e peguei a caixa.

Suna me olhava enquanto me sentava no chão e abria a caixa. Lá tinha uma roupinha de bebê, um vestidinho branco. Um DVD e uma carta.

" Minha querida filha,

Nunca achei que iria escrever uma carta dessas e nem em um momento desses.
A vida é uma montanha russa, uma roleta russa que não escolhe quem vai cair para atirar.
Sempre saiba que se a hora não for agora, eu sempre vou te esperar, então, se permita ir e me permita ir.
Um dia eu vou te reencontrar, infelizmente irei soltar sua mão, mas eu vou voltar.
Todas as vezes que você brigou comigo dizendo que não me queria perto, sei que não foi sério.
Não chore por mim tantas vezes, mesmo sabendo que provavelmente você vai estar chorando agora.
Eu sei que errava muitas vezes, mas igualmente eu sabia que quando você precisava, você me queria lá.
Eu não sei o que eu faria se você não existisse.
Não passe tantas noites em claro pensando em mim, me deixe ir.
Nunca quis me despedir, isso dói mais do que qualquer coisa pra mim.
Aproveite, sempre que você tiver a oportunidade de se sentir viva, sinta isso, aproveite isso, viva isso.
Lembre-se, meu amor, isso não é um adeus, é um até logo. Te amo muito e sempre irei, até a outra vida, minha princesa.

Com amor, mamãe."






Oiê, me desculpem novamente pelo tempo que eu levei para atualizar, sinto muito.

A autora passou por algumas decepções, então hoje o capítulo foi meio triste, peço perdão desde já por isso.

Espero que vocês tenham um ótimo dia e também uma semana ótima.

Fiquem bem e obrigada por tudo!

(Perdão por qualquer erro)

Suna, come right back. - suna rintarouOnde histórias criam vida. Descubra agora