Sai aquele dia da escola o mais feliz possível, feliz por ter voltado para o time e também por causa do Rodrigo. Peguei minha mochila e fui correndo para o ponto pois eu já estava atrasado. Corri umas três ruas até chegar lá, o ponto estava cheio de gente e eu perguntei para uma moça se meu ônibus já tinha passado e ela disse que tinha acabado de passar.
"Típico" pensei.
O próximo ônibus que ia pro meu bairro iria demorar uma hora para passar, e eu estava cansado morrendo de sono.Não aguentei ficar nem dois minutos em pé e logo me joguei na calçada do lado. As pessoas me olhavam estranho mas eu liguei o foda-se e fiquei lá esparramado no canto da calçada. De repente vejo uma mulher levantando do banco e vindo em minha direção. Pensei que ela ia me xingar mas a única coisa que ela fez foi me imitar e se jogar no chão também.
Se eu tivesse força e ânimo até riria um pouco mas acabei fechando os olhos e tirando um cochilo.
Depois de uns 15 minutos escuto alguém me chamando.
- Nossa não sabia que você era um mendigo - eu olhei pra cima e vi um rapaz. Eu bocejei enquanto me situava no mundo e ele me deu a mão para me ajudar a levantar. Eu reconhecia ele mas não sabia de onde.
Minha mente começou a trabalhar para me situar, ele usava um All star, uma calça jeans preta e uma camisa gola V rosa que espremia seu corpo semi-definido. Bastou eu olha-lo naquele rosto delicado, aqueles cabelos pretos com uma pequena franja e os brincos destacados na orelha e então eu lembrei: era o rapaz da balada que tinha me chupado!
- E aí cara, ta tudo bem com você? - ele disse com uma risadinha meio falsa.
- Tô sim - eu não sabia o que responder - Graças a deus.
Ele me observava enquanto eu pegava a minha mochila do chão e olhava no celular para ver as horas.
- Posso perguntar o porque você está jogado no chão?
"Não, não pode", pensei. Mas mesmo assim eu respondi.
- Eu perdi meu ônibus agora tava esperando o próximo passar e daí eu resolvi tirar um cochilo.
- Entendi - mais uma risada forçada - tá afim de dar uma volta?
"Não, não quero", pensei de novo.
- É que daqui a pouco meu ônibus passa, então eu acho melhor não - eu nunca conseguia dar fora em ninguém.
- Se você quiser eu te dou uma carona - ele disse olhando para o seu carro do outro lado da esquina, era um Fox vermelho bem bonito mesmo.
- Meu pai sempre falou que era perigoso andar em carro de gente estranha - agora a risada forçada foi minha.
- E o que o seu pai acha de ir pra balada no meio da noite pra fazer safadeza ? - "Filho da puta" - Qualé, eu não vou te estuprar não.
Fiquei parado sem saber o que responder, ele me percebeu que eu estava meio nervoso e acabou falando:
- Ok então, esquece a saída. Eu só te levo direto pra casa.
Meu ônibus ia demorar pelo menos mais umas meia hora pra passar e eu estava morto. Então resolvi aceitar a carona logo de uma vez.
Atravessamos a rua eu comecei a puxar papo perguntando o que ele estava fazendo ali. Ele disse que estava comprando algumas coisas e quando passou pela rua me viu jogado na calçada e veio me dar um oi.
Entrei no carro, tinha cheiro de carro novo, coloquei o cinto e tudo mais e ele foi saindo devagar.
- Você deve pensar que eu sou um viado engolidor de porra né ?
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Só nós conhecemos
Teen Fiction"- E se der errado? Quem se importa ? Esse amor é só nosso, só nós sentimos e só nós conhecemos..." Cesar é mais um típico garoto de dezesseis anos vivendo a sua maravilhosa (ou nem tanto) vida de adolescente. Apesar de ser conhecido como o palhaço...