Um amor que só o Rodrigo conhece

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Oi meu nome é Rodrigo, talvez eu esteja meio louco, talvez eu esteja meio confuso, talvez. O talvez sempre esteve em minha vida, e cá entre nós, minha vida nunca foi muito simples de se entender. Por isso estou escrevendo essa minha história. Para relembrar todos os fatos e acontecimentos que me trouxeram aonde eu estou hoje.

Por onde começar? Do momento em que eu nasci ? Do momento em que eu fui pela primeira vez a escola? Do momento que ele resolveu me chamar naquela maldita sala de aula? Do momento em que eu me apaixonei pela primeira vez?

Eu poderia ficar aqui escrevendo diversas histórias, e sim são muitas, sobre o meu primeiro namorado. Mas eu vou começar pelo final dessa história, pois é a partir dela que eu descobri o meu VERDADEIRO AMOR. Verdadeiro pois foi nesse momento que eu senti o que era ter um amor real, que todos conheciam e não era escondido, errado.

Todo a vez que uma porta se fecha, outras duas se abrem no lugar. Não sei se o ditado é realmente esse mas, mesmo se for, ele não se aplicou na minha situação. Terminar com Cesar, meu primeiro namorado, não me trouxe um mar de oportunidades.

- Eu te amo - ele disse.

- Eu também te amo - eu respondi.

E o pior de tudo era que aquilo era real. Eu amava Cesar e ele me amava. Terminamos pelo simples fato de querermos coisas diferentes em horas diferentes. Não vou entrar muito nesse assunto pois a história do meu verdadeiro amor não é essa. Ela começa daí, do dia em que eu terminei com Cesar. Do dia em que eu me senti livre para ser quem eu era.

Meu pai me buscou no ponto de ônibus. Ele parecia preocupado comigo mas eu inventei uma dor qualquer, igual eu sempre fazia, e ele parou de se importar. Quando eu cheguei em casa, me joguei na cama e desatei a chorar. Chorei por causa do Cesar, chorei por causa de tudo que eu teria que enfrentar, amanheceu e eu ainda chorava sem nem saber o motivo mais. Puxei do meu bolso o colar que Cesar havia me dado e o arramecei com tudo na parede. "Como eu seria forte com um pedaço de pedra Cesar? Eu preciso de você para ser forte seu idiota."

Meu pai bateu na porta do meu quarto me chamando para tomar café. Fingi que estava dormindo mas ele não desistiu, fez questão de chamar a minha mãe e lá estavam os dois batendo na porta do meu quarto. Quando Dona Ana (minha mãe) e o Senhor Eduardo (meu pai) teimavam com alguma coisa eles iam até o fim e pelo jeito de hoje eles não iriam me deixar em paz.

Quando eu abri a porta do quarto e vi os dois com cara de preocupados, desatei a chorar. A última vez que eu chorei assim já se faziam décadas mas eles me abraçaram com tanto carinho e ternura como se eu ainda tivesse os meus 5 anos e acabasse de cair da bicicleta. "É só falar essa simples frase, eu sei que você consegue", respirei fundo e com a maior simplicidade do mundo eu acabei com meu sofrimento:

- Eu sou gay.

Meu pai olhou para minha mãe buscando alguma resposta mas eles apenas voltaram a me abraçar. Minha mãe também era uma manteiga derretida e chorou junto comigo. Meu pai começou a sussurrar até eu conseguir ouvir o que ele estava dizendo:

- Tudo bem filho, a gente te ama.

Eu tinha conseguido! Queria sair comemorando, mandando todo mundo ir se foder ou qualquer coisa do tipo, queria ligar para o Cesar e contar para ele o que eu tinha feito mas... Pensar nele me fez ficar triste novamente.

Uma semana se passou e eu ainda chorava todas as noites sofrendo e tentando tomar coragem para falar com Cesar. Eu já estava disposto a aceitar o fato dele não querer se assumir, mas eu não sabia se ele estaria disposto a continuar comigo, mesmo se fosse escondido. Mas a última noite de choro chegou quando eu entrei no meu Facebook e o procurei na lista de amigos, ele não estava mais lá, ele tinha me excluído. Uma parte de mim parece ter desaparecido aquela noite, uma parte de mim simplesmente sumiu, eu tentei procurar um motivo para aquilo tudo mas eu não encontrei nada. Chorei tudo o que eu tinha para chorar naquela mesma noite pois quando eu acordei já não tinha mais motivos para isso. Sequei as lágrimas e jurei que jamais iria chorar novamente.

Só nós conhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora