Minha cabeça doía muito para pensar em qualquer coisa.
Nessa hora minha mente trabalhava para pensar em qualquer coisa inteligente mas por causa do efeito da bebida a única coisa que eu consegui fazer era pensar em como minha vida estava preste a acabar.
Aquele garoto foi aproximando o canivete cada vez mais perto da minha garganta. Já até tinha imaginado a notícia da minha morte saindo no jornal nacional, meus pais chorando no meu velório e o que seria dos meus amigos sem mim. O que seria de Rodrigo? Meus olhos encheram de lágrimas e eu fazia um esforço para não chorar.
A lâmina foi desviando do meu pescoço e devagar foi indo para esquerda. Fechei os olhos. Não queria ver mais nada daquilo tudo, só queria que acabasse.
Tive a sensação de algo perfurando minha nuca. Tentei gritar mas nenhum barulho saiu da minha garganta. Tudo tinha acontecido rápido demais, mas parecia uma eternidade. Comecei a sentir uns calafrios horríveis e meu corpo parecia não querer me obedecer. Eu estava completamente em choque, completamente perdido.
Meu último pensamento foi o Rodrigo, aquela sorriso alegre, seus lindos olhos que brilhavam na luz do sol, até mesmo a sua voz me veio a cabeça quando ele falava o seu típico "Vai se foder Cesar". De um jeito aquilo me deu forças para não desistir.
Caído de bruços, comecei a engatinhar. Meus braços faziam força e arrastavam meu corpo inteiro. Não me preocupava em saber o que estava acontecendo, só queria sair o mais rápido o possível dali e voltar para o Rodrigo.
O garoto me virou de barriga para cima, enxerguei a cara dele novamente e minhas esperanças foram morrendo. Eu não queria que acabasse desse jeito, não podia... mas minha visão aos poucos foi ficando embaçada e eu já não podia ver nada.
Escutei uma voz chamando por ajuda. Gritos de desespero eram pronunciados longe e perto de mim. Passos, gritos, desespero.Passos, gritos e desespero...
Depois disso veio a calmaria, o silêncio e a escuridão.
...
- Fala Cesar !!! Até quando você vai continuar escondendo isso de mim ?
Eu estava na minha antiga escolinha, deveria estar com uns 10 anos. Sentado no balanço eu ia indo para frente e para trás, brincando como uma criança qualquer.
- Já disse que eu não vou contar - pelo tom da minha voz,aquela pergunta já estava me irritando.
- Isso não é justo ! Eu contei para você e agora você vai ter que contar para mim - a criança no balanço do lado parecia não querer desistir.
- Eu não posso te contar - eu falava indo cada vez mais alto com o balanço.
- É da Geovana que você gosta né? Pode falar! Eu gosto dela também, mas não tem problema...
- EU JÁ DISSE QUE EU NÃO GOSTO DE NINGUÉM !!! - aos poucos o balanço foi perdendo a velocidade até parar.
A versão de Felipe com 10 anos parou em minha frente e com os braços cruzados ficou me encarando até voltar a falar:
- Você é o moleque mais chato e sem graça do mundo... seu ... seu cuzão.
- Então é só você parar de falar comigo então - eu disse saindo de perto dele.
Não durou nem 10 segundos a nossa briguinha que o Felipe já veio até mim trazendo uma bola. Eu ainda estava bravo, ele tinha me chamado de "cuzão" e aquilo pra mim era um xingamento muito sério.
Senti ele me cutucando nas costas e sua voz foi implorando de um jeito irritante " Cesinha, fala comigo"... "Cesinha, fala comigo".
Ás vozes foram ficando cada vez mais reais e foram adquirindo um tom de tristeza. Abri os olhos e vi um rosto. Com os cabelos bagunçado e loiro, com os olhos vermelhos e a mão colocada no meu peito, escutei o Felipe chorando no meu ouvido.
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Só nós conhecemos
Teen Fiction"- E se der errado? Quem se importa ? Esse amor é só nosso, só nós sentimos e só nós conhecemos..." Cesar é mais um típico garoto de dezesseis anos vivendo a sua maravilhosa (ou nem tanto) vida de adolescente. Apesar de ser conhecido como o palhaço...