Festa, bebida e ressaca

243 23 1
                                    

Não vou mentir. Apesar de ter ganho os dois primeiros sets e faltando apenas um ponto para o nosso time vencer o jogo, o medo de algo dar errado não saia da minha mente.

- VAMOS LÁ ! PRA FECHAR ESSA TIME! - Eu gritei tentando motivar mais a molecada. Eles estavam dando mole no último set pois os dois primeiros já estavam ganho e daí que estava vindo o meu medo.

Rodrigo foi pro saque. O sorriso de confiança além de sexy, amedrontava os adversários.Me deixei levar pela confiança também e pensei "Está ganho, vamos para as semi-final".

O juiz apitou. Escutei o impacto da bola com a mão de Rodrigo e avistei a mesma indo para o outro campo. O grito de comemoração já estava em minha garganta prestes a sair. Escutei novamente o som do impacto da bola, dessa vez com o chão e o apito do juiz. Só não escutei o meu grito de comemoração.

A bola tinha ido para fora...

Não estávamos jogando em casa dessa vez. A torcida do time adversário não era pequena, ao contrário, era grande o suficiente para preencher a arquibancada inteira. Logo, todo esse mar de gente começou a gritar e uivar como se estivessem em uma final de copa do mundo.

O placar estava 24x22. Não deveria ter deixado eles brincarem muito, isso foi arriscado e agora eu teria que arcar com as consequências. Bola pra frente (pro alto no caso) e o saque dos oponentes veio nem tão forte mas também nem tão fraco. Mas o que o jogador não tinha de força, ele tinha de pontaria. A bola foi certeira e direta no Rodrigo e ele, por causa dos gritos e vaias, acabou falhando na missão de receber a bola.

Mais um ponto e mais gritos.

Depois disso o que o time tinha de confiança passou a virar desespero. Erramos e erramos feio por diversas vezes. O que mais sofria com tudo isso era Rodrigo que estava dando muita bola para o que a torcida gritava. E como tudo que está ruim pode piorar, no último ponto a torcida gritou em um único som.

"RODRIGO! VIADO! RODRIGO! VIADO! RODRIGO! VIADO..."

A raiva tomou conta de mim. Estavam humilhando o Rodrigo e pelos meus cálculos eu não iria conseguir mandar cada uma daquelas pessoas ir tomar no cu. E como meu treinador sempre dizia " Raiva não ganha jogo", não preciso nem detalhar que perdemos aquele set.

Fui perceber o lance da raiva tarde de mais. Cheguei no banco enquanto o intervalo do jogo não acabava e passei um puta sermão naqueles lazarentos que subestimaram o outro time. Teve muito palavrão, ameaças e xingamentos que não consta eu contar aqui. Por fim eu olhei para o Rodrigo, tentei ser o mais gentil possível quando falei:

- Cara toma uma água e descansa um pouco, ok ? O Tony entra no seu lugar.

Ele concordou. Sua cara tentava não ligar para o que a torcida estava gritando mas no fundo eu sabia que ele não conseguiria jogar com tamanha pressão em seus ombros. Por isso a ideia do descanso me pareceu correta.

Olhei para o Felipe que tentava dar dicas para a galera de como não se deixar levar pelo barulho dos adversários. Reforcei o seu discurso e antes de voltarmos para a quadra eu disse:

- Felipe, você fica no levantamento e pode mandar erguer bem alto para a gente afundar a cara de cada um desses merdas. Vamos entrar na quadra e calar a boca dessa gente, está entendido? - ouvi um enorme sim e voltamos para o jogo.

A torcida ainda gritava coisas do tipo "Rodrigo arregão". "Felipe mão de moça", "Cesar viado" ... entre outros. Mas aos poucos os gritos foram cessando e o único barulho que se dava para escutar era o das pessoas levantando e indo embora.

Ganhamos o jogo sem deixar eles fazerem se quer um ponto. Comemoramos na quadra o tanto que deu mas a ainda tínhamos muito chão pela frente.

- COMO PROMETIDO, HOJE A FESTA É NA MINHA CASA GALERAA! - Felipe gritou e atrás dele az vozes de excitação pareciam que nunca iriam ter fim.

Só nós conhecemosOnde histórias criam vida. Descubra agora