Amor de mãe

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E então era oficial. Estávamos na final do campeonato.

Gale correu a toda velocidade em minha direção e saltou sobre mim quase me derrubando no chão. Felipe veio logo atrás e dessa vez eu não aguentei com o peso dos dois e me espatifei no piso da quadra em quanto todo o resto da turma se jogava em cima de nós comemorando a vitória suada.

Depois da bagunça toda, me levantei com a cabeça girando e avistei Rodrigo parado no meio da quadra observando a cena toda com aquele sorriso lindo no rosto. Não pensei duas vezes em chegar até ele e abraça-lo o mais forte que eu pude. Rodrigo era a razão de eu ter virado o grande "treinador" do time, se não fosse por ele eu já teria desistido de qualquer coisa que envolvesse esporte e estaria gastando o meu tempo dormindo e aprontando. Chegar na final de um campeonato regional era digno de um abraço bem forte dele.

- Conseguimos cara! Conseguimos - Rodrigo parecia não acreditar nessa nossa proeza e por isso seu sorriso lindo não se desfazia da sua face.

- Rumo a final agora! - eu disse dando uma piscadela de leve para ele.

O último jogo do ano, a grande final do maior campeonato estudantil da região, a chance de sair da escola conhecido como o grande vencedor, mas nada disso importava para mim. Minha verdadeira vocação para ter chegado até ali era um sentimento egoísta que eu guardava dentro de mim: vingança.

Em duas semanas nós iríamos enfrentar os "Legendários do Vôlei", o time mais fodástico de toda a região, o que já ganhara mais campeonatos do que qualquer outro e o mais importante de tudo, era o time do Davi.

Davi (para aqueles que já se esqueceram) é o responsável por transformar a minha vida em um inferno. Ele tinha ameaçado Rodrigo, esfregado a sua arrogância na cara do nosso time e principalmente me humilhado em público. Chegar a final e vencer aquele garoto ridículo e escroto seria um sonho se tornando realidade.

- O que você está pensando? - Gale perguntou no meu ouvido.

- Em você! - provoquei-o, naquela noite iríamos comemorar muito na minha casa por isso eu já estava trabalhando nisso.

Sua mão se agarrou na minha e nossos dedos se entrelaçaram. O time inteiro nos olhou e uma sensação gelada tomou conta da minha barriga. Então, com um grito de guerra, Gale ergueu minha mão aos céus e falou:

- AO NOSSO IMPERADOR!!

Todos responderam com mais gritos de comemoração e fomos se embora festejar.

- Ei Cesar, me encontre na minha sala.

Olhei para trás e vi a diretora Val-Val parada com mais um homem ao seu lado. "Lá vem merda", pensei enquanto o cara me analisava e a diretora parecia impaciente.

- Vou lá ver o que ela quer - olhei para Gale e mandei um beijinho - me esperem lá fora, pode ser?

- Claro - ele disse conduzindo a galera toda para a fora.

Voltei a minha atenção a diretora. O cargo de diretora deu um privilégios a mais para a Val-Val, agora ela andava com os cabelos pintados, unhas bem feitas e até uma maquiagem de leve aparecia. Luxos que nenhum professor parecia ter enquanto trabalhavam.

- Aonde podemos conversar em particular? - ela perguntou.

- Na sua sala ué? - eu disse irônico.

Ela revirou os olhos como se estivesse com preguiça de responder.

- Prefiro um lugar mais perto. O Sr. Almeida não pretende ficar por muito tempo.

E então eu notei um pouco mais aquele que fora nomeado "Sr. Almeida". Na faixa dos quarenta anos, alto, magro e com pequenas mechas brancas no cabelo negro, o tal Almeida parecia mais sério do que qualquer homem que eu já conhecera por aí.

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