O duelo

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 Rodrigo iria passar um fim de semana na casa dos avós maternos dele. Ficaria sem vê-lo por uns 3 dias. Uma parte de mim acabou ficando triste pois era a primeira semana do nosso "namoro". Mas então eu até que agradeci porque eu teria tempo para resolver uns assuntos inacabados.

 Liguei para Pietro no domingo de manhã. Ele atendeu com um tom de surpresa e animação:

- E aí sumido ? Por onde você anda? - ele falou.

 Conversamos sobre coisas básicas, do tipo "estou bem", "o que você anda fazendo da vida" ... E só depois disso eu já puxei o assunto para onde eu queria:

- Olha Pietro - eu falei - acho que a gente precisa conversar...

- Pensei que a gente já estava conversando - ele respondeu com uma risadinha.

- Não é que - eu engasguei um pouco para falar - eu queria conversar com você pessoalmente!

 Não deu nem 10 minutos ele já estava na porta de casa estacionado.

 Avisei meu pai que iria dar uma volta e fui em direção até o carro. Ele saiu pela porta do motorista e veio até a minha direção abrindo a porta do passageiro, igual em filme que aqueles cavalheiros fazem para as damas. Eu até dei uma risada, mas era esse o tipo de comportamento que eu queria impedir.

 Depois de entrarmos no carro, ele deu partida e seguiu em frente. Comecei a sentir um frio na barriga que não parava mais.

- Nossa você tá muito gato hoje ! Fala ae, aonde meu gatão quer passear ? - ele falou nem percebendo meu desconforto.

 Respirei fundo. Agora era a hora. Tomei coragem e disse:

- Pietro, para um pouco o carro - ele me olhou sem entender mas acabou estacionando em uma pracinha do bairro.

 E foi então que eu abri o jogo come ele. Fiquei quase meia hora contando tudo o que eu tinha passado com o Rodrigo pela primeira vez. Ele parecia meio xatiado e só me interrompia de vez em quando para perguntar alguma coisa. Quando eu falei que eu e Rodrigo já tínhamos até transado ele ficou muito confuso. E então eu finalizei a história ficando nós dois em um silêncio infinito.

 Ele ficou brincando com a chave do carro por uns 5 minutos, sem falar nada, como se estivesse em outro mundo. Pela sua cara ele estava muito abalado mas tentava disfarçar e segurar seus sentimentos. Peguei o resto de coragem que me sobrava e quebrei o silêncio:

- Cara foi mal - ele olhou para mim - Acho que eu te dei algum tipo de esperança e tal ...

- Não - ele me cortou - eu sempre soube que você não gostava de mim. Eu até já aceitava isso.

 Aquilo me deu uma dó desgranhenta. Ele já estava com os olhos cheios de lágrimas mas tentava fazer de tudo para segura-las. E respirando fundo, ele conseguiu segura-las, usando todo o seu fôlego para continuar falando:

- Apesar de tudo isso, eu pensei que no mínimo eramos amigos. Mas que tipo de amigo fica iludindo o outro ?

- Eu não te iludi...

- É cara, acho melhor pararmos de se falar por um tempo.

 Do caminho da rua até a minha casa eu tentei ir pedindo desculpas mas parece que ele era feito de pedra e não cedia a nada. Quando eu cheguei em casa insisti para que ele me perdoasse por mais alguns minutos, tudo isso sem muito sucesso. Então eu abri a porta e me despedi. "Pelo menos eu tentei", foi com isso na cabeça que eu passei o resto do dia inteiro. Tentei entender o porque das coisas serem assim e imaginando quantos amigos eu iria perder por causa desse meu "namoro" com Rodrigo. Coloquei na balança para ver se valia tanto a pena esse nosso relacionamento e por alguns instantes eu pensei que não valia tanto assim.

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