Ataque e bloqueio

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 As aulas tinham passado rápido naquela terça-feira, mas mesmo assim eu ainda estava muito cansado. O fim do bimestre estava chegando e eu tinha que entregar vários trabalhos para compensar as notas baixas que eu tirava nas provas. Grande parte dessas notas não era por burrice e sim por preguiça mas agora que eu não fazia mais nada no período da tarde, nem treinava vôlei e nem ajudava meu pai, eu não teria em quem jogar a culpa, ou seja, eu estava realmente fodido.

 Antes de sair da escola fiquei conversando com Bia para pedir emprestado um trabalho de Geografia dela para poder copiar na minha casa, o trabalho tinha que ser entregue no próximo dia e eu não sabia nem qual era o tema. Bia reclamou um pouco mas acabou me entregando aquelas inúmera folhas com a sua letra redondinha que eu não iria nem me dar o trabalho de ler. Enquanto ela me passava o típico sermão de " você tem que estudar Cesar, ano que vem tem vestibular e eu não vou poder entregar a minha prova para você copiar..." eu lia a mensagem de Rodrigo me pedindo para espera-lo na saída da escola. Me despedi da Bia e sai apressado para fora da escola caminhando o mais rápido que eu conseguia.

 Rodrigo parecia 10 vezes mais bonito naquele dia. Ao invés de estar usando jeans e a típica camisa de escola ele estava vestido com uma camiseta vermelha que ficava bem grudadinha mostrando o resultado da academia que ele tanto fazia, também estava com um shorts que realçava aquela bunda maravilhosa que ele tinha. Fique secando ele por um longo momento até que ele me avistou e veio em minha direção.

 Havia um grande número de alunos na frente da escola para o meu eterno desgosto. Queria agarra-lo imediatamente mas tive que me conter com um aperto de mão e um soquinho no braço. Ele estava bem sorridente, e depois de alguns minutos fomos andando até um quiosque de cachorro-quente onde iriamos almoçar.

- Cara não vai dar para ir na sua casa hoje. - ele disse depois que tínhamos feito o pedido.

- Porque? - eu perguntei um pouco aliviado pois teria tempo de deixar em ordem todos os trabalhos, mas mesmo assim um pouco chatiado pois não poderia ficar com ele a tarde.

- Minha mãe está me enchendo o saco falando que eu não paro em casa...- ele explicou desapontado o quanto sua mãe era protetora.

- Relaxa velho, pode ficar para outro dia. - falei.

 Terminamos de comer andando até se afastar bastante da escola. Chegamos em uma rua muita quieta, as casas eram protegidas por grandes muros e ninguém parecia passar por lá naquele horário. Fomos até uma árvore que fazia uma grande sombra na calçada e lá fizemos o que eu tinha tanta vontade.

 O primeiro beijo foi bem leve e suave, minha boca encostou na dele e nossas línguas foram se movimentando bem devagar aumentando cada vez mais a velocidade. Nossas mãos estavam entrelaçadas umas nas outras e nossos corpos foram se aproximando fazendo com que grande parte dos meus pelos se arrepiassem. Nos soltamos depois de um tempo e eu senti um grande vazio em meu peito, ficamos nos olhando e sem jeito eu comecei a dar risada.

- Sério que você não pode ir em casa mesmo ? - eu tentei. Ele apenas sorriu e me deu mais um selinho.

- Acho melhor a gente ir para o ponto de ônibus.

 No meio do caminho conversávamos de várias coisas e acabei descobrindo mais sobre a vida dele : ele tinha um irmão mais novo de 7 anos e outro de 20 que estava em outro estado fazendo a sua faculdade. Tínhamos alguns gostos em comum e outras nem tanto e no meio do papo inteiro eu percebi que não tinha feito nenhuma piadinha ainda. Na verdade eu não percebi, foi ele que acabou comentando.

- O que tá acontecendo hoje que você não está falando coisas babacas?

- Não sei, ultimamente eu estou com a mente nas nuvens, sabe ?

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