Simples canção

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"Bom, esta é apenas uma simples canção

Para dizer o que você fez

Eu contei a você sobre todos aqueles medos

E da forma que eles se foram

Você deve ser forte

Quando sente-se como um oceano

Sendo aquecido pelo sol..."

 Era a milésima vez que escutava essa música.Talvez eu até poderia trocar e ouvir outra mas não dava, sempre que ela acabava eu voltava desde o começo.

 Nunca fui de escutar muita música, não que eu não curta, mas a única coisa que eu queria fazer naquele dia era ficar deitado e pensar na vida. Aquele estava sendo o pior sábado da minha vida e o tempo parecia não passar, cada minuto durava uma eternidade e eu já não sabia o que fazer.

 Queria começar a minha vida do zero, poder voltar no tempo ou sei lá, fazer qualquer coisa que pudesse mudar a minha situação. Só que não ia rolar, a única coisa que poderia fazer era concertar a cagada que eu tinha feito então comecei a relembrar cada coisa que tinha acontecido naquela quinta-feira.

"Quando eu tinha apenas nove anos

Eu juro que eu sonhei

com seu rosto em um campo de futebol

E um beijo que eu mantive

Sob meu colete

Separado de tudo, exceto do coração em meu peito..."

 Estávamos na quadra municipal disputando o campeonato, era minha vez de sacar e eu estava nervoso pra caramba. Rodrigo veio até mim e me deu um beijo na boca e disse que me amava. Fui até a linha com a bola na mão e saquei. A bola foi em uma velocidade espantosa e caiu no campo adversário sem ninguém ter percebido de tão rápida que tinha passado. A escola comemorou e a gente saiu de lá gritando "É CAMPEÃO, É CAMPEÃO". Encontrei Rodrigo e agarrei ele com vários beijos, depois disse um "eu te amo".

 Até aí dava para acreditar só que depois todo mundo começou a dançar e cantar, parecia High School Musical só que no caso a música era do Latino. Acordei meio assustado sem saber direito onde estava.

 Olhei pro lado e percebi que eu estava em um hospital. Tentei chamar alguém mas a minha voz não saia. Procurei alguns botões que nem tem em filme mas também foi inútil. Sentia um pouco de dor na cabeça e uma fraqueza no corpo inteiro. Consegui virar a cabeça e olhar para uma janela e vi que era noite.

 A porta se abriu e um médico e uma enfermeira entraram na sala. Eu pedi um pouco de água e enquanto a enfermeira ia buscar o médico começou a conversar comigo. Ele disse que eu tinha sido atropelado e tinha sofrido com uma pancada na cabeça que me fez desmaiar. Levantei um pouco a cabeça e vi que não tinha nenhum gesso então deduzi que não tinha quebrado nada. Passei a mão na cabeça e vi que ela tinha um curativo. Meus braços estavam ralados mas nada era tão anormal assim.

 A enfermeira voltou com água e também com meus pais. O médico disse que eu ficaria bem mas teria que ficar lá por um dia de observação. Concordei meio desanimado e enquanto conversava com meus pais eu também comi uma sopinha lá porque eu estava morrendo de fome. Depois disso meu pai começou um sermão típico de "Você tinha que tomar cuidado" mas por sorte minha mãe estava lá e ela disse que foi tudo culpa do motorista que tinha me atropelado. Eu sabia que ela estava errada mas mesmo assim fiquei quieto. Minha mãe ia passar a noite comigo e meu pai ia pra casa. Ela me ajudou a tomar banho e a me deitar novamente, assim eu dormi.

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