O futuro pode esperar

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- Então isso é um fim? - Gale perguntou.

Parado na minha frente, ele abriu um sorriso derrotado.

- Não sou eu que estou indo embora - respondi olhando dentro dos seus olhos.

Gale era um garoto forte e isso fez total diferença enquanto tivemos essa linda DR. Pensei se essa situação estivesse acontecendo comigo e com Rodrigo, no caso uma poça de lágrimas já estaria inundando o chão.

- Você me disse que ficaríamos juntos para sempre... - Gale colocou uma de suas mãos em meu ombro.

- Mas então você resolveu ir para o outro lado do Brasil. - disse friamente.

- Só me responde uma coisa então - ele falou se distanciando de mim - você me amou de verdade?

- Eu queria poder dizer que não - respondi - mas você sabe que é o contrário.

Fui surpreendido por um abraço e me assustei um pouco. Gale me agarrou como se quisesse guardar cada parte de mim dentro da sua alma. Aos poucos fomos nos afastando até se separarmos.

E então ele se foi.

E se foi de verdade mesmo. Como suas notas eram exemplares, ele já havia conseguido nota para se formar e agora ele iria passar um mês no Rio Grande do Norte para conhecer sua nova faculdade. Só voltaria agora para a formatura. Parte de mim tentou ficar bolado com a despedida dele, mas um sentimento estranho fazia meu estômago chacoalhar tanto (e posso afirmar que não era fome) que eu nem dei a importância suficiente para sua partida.

A tarde de domingo já estava acabando e eu corri para o ponto de ônibus perto do mercadinho. Imaginei eu e Rodrigo sentados naqueles bancos feitos dois retardados, ele todo pomposo e arrumadinho e eu de chinelo havaianas, no dia que eu o ensinei a andar de busão. O ônibus chegou rápido para a minha felicidade. Pelo menos alguma coisa teria que dar certo naquele dia.

Depois de vinte minutos dentro do ônibus, cheguei na esquina da casa do Rodrigo e pulei fora. Corri até a sua casa e apertei a campainha e logo fui atendido por uma voz grossa.

- Quem é? - eu não reconheci a voz.

- É o Cesar! - disse - O Rodrigo está?

Como resposta a porta se abriu e eu entrei na casa. Andei por um extenso corredor até avistar um garoto parado do lado de fora da porta da sala. Alto, magrelo e de óculos. Deduzi pela sua cara feia que era o Túlio, irmão do Rodrigo.

- E aí tudo bem? - estendi a mão para cumprimenta-lo, ele me ignorou.

- Rodrigo deu uma saída, mas disse que já volta - ele respondeu sério - posso saber o que você quer com ele?

Não sei por qual motivo o irmão do Rodrigo estava me tratando daquela forma, eu só havia conversado com ele uma única vez e ele tinha sigo grosso da mesma forma. Respirei e respondi com um belo sorriso para não perder a paciência:

- Eu só queria trocar umas ideias com ele.

- Entra aí então - ele disse emburrado - ele já deve estar voltando.

Sentei no sofá da sala e fiquei esperando Rodrigo voltar. Um friozinho gostoso começou a fazer minha barriga vibrar. "Finalmente está acontecendo", pensei "Depois de quase um ano separados".

Tudo havia acontecido muito rápido, parecia até mesmo um sonho. Rodrigo chegou em frente a minha casa e me beijou desesperado. Após isso ele me contou que Otávio havia traído ele. Não entrei em detalhes sobre isso, pois decidi não tomar partido na situação. A questão era: eu e Rodrigo havíamos nascido um para o outro e agora com Gale longe nada poderia nos impedir de ficar juntos novamente. Na mesma noite, combinamos em terminar de vez nossos "namoros" para no outro dia a gente sair juntos (mais conhecido como reatar o namoro).

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