O último teste

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- Como assim eu estou de recuperação ? Você deve estar doida - eu disse bufando para a professora Valéria.

Último bimestre. Fim de ano. Todo mundo entrando de férias. Só eu ficando de recuperação. Era de se concordar que eu estivesse tão puto.

- Escuta aqui - A Val-Val disse - sua nota foi 4,7 e eu não posso aprovar você com essa nota. Então você vai ter que fazer a recuperação e ponto final.

- 4,7 ???? Meu Deus, deixa eu te explicar, só existe as notas 0,1,2,3,4,5,6,7,8,9 e 10 mulher ... aonde já se viu 4,7 ?? Você está inventando nota.

- Pois você vai ver a nota que eu irei inventar para você já já. - ela disse perdendo a paciência.

O fato é que eu tinha tirado 4,7 graças a ajuda da Bia e do Felipe, ajuda essa que eu não teria no dia da recuperação.Por isso eu estava tão desesperado.

- Você não fez nada o ano inteiro ! - ela continuou - não fez trabalho, não tirou nota, e além disse só prestou para atrapalhar as aulas. Está de recuperação sim senhor e eu não quero ouvir mais um piu está entendendo ? Agora pegue essa prova e trate de estudar...

Peguei a prova, amacei enfiei no meu bolso.Revirei tanto os olhos que chegou até doer a cabeça. Saí marchando de raiva da sala dela sem acreditar nas coisas que eu tinha ouvido.

O ano estava acabando, só faltava umas duas semanas de aula e depois era férias. Eu aguardava ansiosamente por isso pois as minhas férias tinham sido bem ... interessantes (foi a melhor época do meu namoro kk).Dessa vez meu pai iria viajar para a praia e levaria a Rosemônio com ele, eu não iria os acompanhar nessa linda aventura em família pois eles precisavam de um tempo a sós.

Bem, foi isso que eu respondi quando eles me chamaram para ir. Era uma pena eu ter tido outras ideias em minha mente, como chamar o Rodrigo para passar uns 20 dias comigo lá em casa, sozinhos, sem ninguém, só eu e ele ... Mas antes dessas férias perfeitas chegarem eu tinha algumas coisas a acertar.

Sai da escola e encontrei todos os meus amigos me esperando na calçada. Iriamos direto para o ginásio municipal para treinarmos. O penúltimo jogo seria no fim de semana e todos estavam nervosos com o que poderia acontecer.

Fomos todos a pé pois o ginásio não era tão distante assim da escola. Eu fui caminhando atrás de Bia e Felipe que estavam de mãozinhas dadas e tudo mais. Ver aquilo só me fez lembrar de uma conversa séria que eu teria com aquele morfético.

Rodrigo já tinha ido mais cedo para montar a rede e deixar tudo pronto. Tivemos uma conversa séria sobre não ficar sob pressão no meio do jogo e ele prometeu que não iria se deixar levar pelas vaias dos torcedores. O beijei e disse que confiava nele e ele fez o mesmo.

Andamos mais umas três ruas e chegamos ao Ginásio de esportes. Avistei um ônibus roxo estacionado bem na porta de entrada do ginásio. Mal tive tempo de pensar em alguma coisa quando eu escuto a voz do Rodrigo me chamando. Ele veio até mim como se tivesse visto algum fantasma, olhou para todo o time, respirou e depois disse:

- Temos problemas !

Já até imaginava o que era e tive o maior prazer de entrar naquela quadra e resolver esse problema.

Adentramos pela arquibancada e eu vi o time dos "Legendários do Vôlei" se aquecendo na quadra. Seu líder, chamado Davi, comandava o aquecimento dos outros 11 brutamontes do seu time. Davi tinha uma baixa estatura, era magrinho, tinha um rostinho de bebê, e uns dentes saltados para frente que o deixava com cara de cavalo. Dessa vez seu cabelo estava descolorido, a não ser pelo seu topete perfeitinho que estava pintado de ROXO !!! Eu já tinha pegado birra desses mauricinhos desde a primeira vez que eu os vi, principalmente desse Davi, então eu já podia prever que iria rolar uma treta naquela quadra.

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