Capítulo Um [De volta]

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O aeroporto estava tão movimentado naquela manhã que eu mal conseguia avistar meu irmão a cerca de cinco metros de mim. Fui abrindo espaço enquanto tentava pegar meu celular dentro de minha mochila, mas aquele simples ato parecia uma missão impossível, já que sempre que eu parecia senti-lo, alguém de repente se esbarrava em mim e eu o perdia novamente.

Quando finalmente consegui agarrá-lo para ligar para Nathan, o mesmo se materializou em minha frente com seu sorriso largo e exagerado.

— Está atrasado. — digo e confiro em meu celular. — Vinte e dois minutos atrasado.

Nathan continua sorrindo para mim. Ergo uma sobrancelha para sua estranheza.

— Ah, qual é! Não está nem um pouco feliz me ver?

— Não.

— Tem certeza? — pergunta ele cantarolando e abrindo os braços.

Agarro seus antebraços e os abaixo antes de respondê-lo:

— Primeiramente, eu não queria estar de volta à Florianópolis depois de tudo que aconteceu quando eu saí. E, por último, você sabe o quanto eu odeio abraços.

— Ou qualquer tipo de afeto.

Depois disso, ele se dispõe a me ajudar com as malas e, durante a viagem, não toca mais no assunto. Nathan não me pergunta o motivo pelo qual decidir voltar tão repentinamente, ele não me pergunta se já perdoei nossos pais pelo que me falaram, e, o melhor de tudo, Nathan definitivamente decide falar por nós dois.

De soslaio, observo as mudanças em meu irmão caçula: a barba começando a engrossar assim como a sua voz, e o mais notável de tudo: o seu crescimento. Ele tinha apenas 1,65m quando o vi há três anos atrás, mas agora ele está quase na minha altura.

Quando Nathan estaciona na frente do prédio em que vou ficar, seu olhar encontra o meu e o sorriso que sempre predomina seu rosto agora perde um pouco do brilho.

— Seja sincera comigo, Júlia, por quê?

Finjo que não sei do que ele está falando enquanto procuro novamente o celular que já de perdeu em minha mochila.

— Seja mais específico.

— Por que decidiu voltar agora?

— Que diferença faz “agora”? Eu poderia decidir voltar daqui a cinco anos ou ter voltado semana passada.

— Você sabe ao que estou me referindo. Depois de três anos sem nos dar notícias nenhuma você decide voltar sem avisar. Não tem um motivo por trás?

— Tem sim, mas eu definitivamente não quero falar sobre isso agora. — o respondo antes de achar meu celular no fundo da mochila. Uma mensagem de Cristina aparece nas minhas notificações. Sem dizer nada, mostro a mensagem para Nathan. Nela, Cristina pede para que nós subíssemos juntos.

— Vai ter que me aturar por mais cinco minutos, gostou? — ele pergunta com um misto de felicidade e provocação.

— Odiei, na verdade.

— Quem sabe assim eu te convenço a me contar o que te fez mudar de ideia e decidir voltar. — diz ele com convicção enquanto saímos do carro.

— Não vai rolar. — garanto.

O salão do prédio não mudou muita coisa, continua sendo simples e confortável. O porteiro, sim, mudou. E, quando estamos passando por ele, noto seu olhar em meu irmão que sorri ao acenar.

Entrando no elevador, ergo uma sobrancelha para ele que nega com a cabeça.

— Não vou te dizer nada contanto que você me diga.

A namorada do meu sobrinho [Enemies to lovers lésbico✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora