Capítulo Quatro [Negação]

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A praia da saudade continua como eu me lembro: rochas no meio da areia, há grama ao longe, moradias, trilha e algumas coisas a mais. Da última vez que eu estive aqui, há três anos atrás, eu estava tão chapada que mal me lembro como parei aqui e com quem estava. No entanto, me lembrarei dessa vez.

Vejo H a alguns metros atrás de mim, retirando o salto para andar pela areia comigo. Entrelaço nossos dedos quando ela chega até mim e caminhamos em direção a água, agora que parou de garoar. Nosso silêncio não é constrangedor, pelo contrário, é libertador. Falamos tanto antes que agora deixamos que as palavras perfurem o pouco espaço entre nós, absorvemos tudo antes que o dia acabe.

Me sento na areia próxima a água e espero que ela faça o mesmo, porém, quando levanto o olhar para H, vejo que ela hesita. Seu vestido é branco, e eu estou de calça de couro. Entendo sua hesitação em se sujar, portanto, ergo minha mão pra ela e a faço sentar em meu colo, fazendo com que apenas seus pés toquem o chão.

Retiro minha jaqueta de couro e coloco sobre seus ombros. Ela coloca sua cabeça na curva lateral de meu pescoço enquanto olhamos para o mar.

Passamos cerca de 30 minutos olhando para a água escura, refletindo apenas o brilho das estrelas e da lua. Penso que ela dormiu, no entanto ela ergue a cabeça e passa seus dedos pelo meu cabelo, se aproxima e me dá um selinho.

— Obrigada por ter vivido minha verdade comigo. — ela diz, noto a sonolência em sua voz.

— Obrigada por ter me feito esquecer da minha vida. — a agradeço também, percorrendo meu indicador pelo seu rosto.

— São duas horas da manhã. — ela me informa. — Tenho que dormir mas não quero me despedir de você.

— Não vamos até o amanhecer. Levante-se.

H faz isso com lentidão causada pela sonolência. Me levanto também e volto a entrelaçar nossos dedos, voltando a andar para o carro. O ligo assim que me certifico que todos as janelas estão fechadas, e ligo o aquecedor, mesmo assim deixo-a ficar com a minha jaqueta.

Saio da areia e consigo achar uma pousada a cerca de 5 quilômetros da praia. Não demora muito para que eu e ela estejamos fazendo check-in. Uso meu cartão de crédito para pagar a estadia e a taxa por causa do horário e apresento minha identidade.

H entra diretamente para o banheiro e eu fico um pouco na sala, observando os tons de cinza que preenche o quarto com o branco. Ligo a televisão apenas para espantar o silêncio. H não demora muito no banho, e no exato momento que ela fecha a porta, dá o primeiro espirro.

— Parece que alguém vai ficar com um resfriado. — digo antes de passar por ela, indo tomar meu banho. — Liga o aquecedor.

— Vou fazer isso.

Fecho a porta, abafando seus espirros. Retiro minhas roupas e entro na água quente. Meus músculos relaxam ao toque do calor contra minha pele, penso em como será amanhã, quando eu conhecer a namorada do meu sobrinho. Kailan sempre me idolatrou desde antes mesmo apresentar a falar, e como meu único sobrinho, eu sempre o priorizei. Ele e Nathan eram os únicos ao qual eu entrava em contato.

Quando termino meu banho, H está enrolada no edredom, completamente rendida ao sono. Deito-me ao seu lado, me entrelaço ao seu corpo quente e ponho meu rosto perto de seu cabelo e durmo inalando seu cheiro.
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Meus olhos se abrem de forma pesada, juntamente com a dor de cabeça que martela meu cérebro. Resmungo enquanto estico meu braço ao lado de H para acordá-la e voltarmos a Florianópolis, porém, não a encontro na cama. Contragosto, me levanto e me afasto até o banheiro, onde não a encontro também. Estranho, porém não me preocupo até chegar a escrivaninha ao lado da cama e achar um bilhete com uma caligrafia perfeita. Sei que é dela porque diz:

A namorada do meu sobrinho [Enemies to lovers lésbico✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora