Capítulo Cinco [Punhal em mãos]

2.1K 173 46
                                    

Sua mão é erguida em minha direção e meus olhos estão em seus dedos finos e é inevitável pensar que, em menos de vinte e quatro horas atrás, esses mesmos dedos estavam entrelaçados ao meu. Hoje, não é a minha mão mais que ela segura.

Desvio meu olhar para além de seu ombro quando digo:

— Estou um tanto cansada da viagem, quero poder descansar em meu quarto. — nossos olhares se encontram. — Pularei o café da manhã hoje.

— O quê? — Kailan se põe em minha frente, sua expressão insistente. — Hila veio aqui especialmente para conhecê-la porque eu pedi.

Forço meu lábio superior a não se erguer com o apelido de seu nome. Hila. Desvio meu olhar do seu, temendo que ele pudesse se revirar.

Cristina adentra a sala e observo quando seu sorriso morre ao me ver parada ali. Nathan está logo atrás dela, segurando alguns pratos e talheres quando me olha e pisca pra mim.

— Mãe, convença minha tia a ficar. — Kailan sai de perto de mim e atravessa a sala para lhe fazer o pedido.

— Se ela não quer, o que eu posso fazer? O café da manhã não pode esperar pela boa vontade dela.

Reviro meus olhos para seu comentário grotesco, no entanto, sei que posso lidar com isso de forma madura.

— Júlia não quer ficar para o café da manhã? — ele franze o cenho em minha direção e sei que, se eu não queria antes, terei que passar a querer quando Nathan me dirige Aquele Olhar.

Abro minha boca para rebater com outro argumento, no entanto, H me interrompe:

— Tudo bem. Ela ‘tá cansada, eu entendo, não é como se não fossemos nos ver com frequência a partir de agora.

Nossos olhares se encontram e eu me torno impassível.

— Você tem razão, nos veremos com mais frequência. Teremos outras chances de socializar — sorrio de forma falsa em sua direção antes de atravessar a sala e me sentar à mesa. Indico um lugar para que ela faça o mesmo. — Melhor começarmos a nos conhecer agora mesmo.

— Agora?

— Há hora melhor? — a questiono com um cinismo no olhar que poderia cortá-la ao meio.

Esse mesmo olhar a acompanha até que esteja sentada em minha frente. Meu sobrinho se senta ao seu lado, obviamente. Minha irmã se senta na cabeceira e Nathan à minha direita.

Me sirvo de café com leite enquanto Cristina questiona Hilary sobre algo de sua faculdade. Não presto a devida atenção quando estou tentando fazer com que Nathan desvie a atenção dele de mim.

— Algo errado?

— Sim — inclina-se para sussurrar: —, você.

— Por que teria algo de errado comigo?

Voltando a se sentar de forma correta, Nathan não está mais sussurrando quando comenta:

— Você sumiu por toda a noite de ontem e voltou apenas agora.

Isso aparentemente atiça a atenção de Cristina que para de falar com Hilary e se volta para Nathan e eu, mais especialmente pra mim.

— Saiu ontem a noite? — assinto para sua pergunta. — Onde estava?

— Em uma boate, mamãe. — levo a xícara de café aos meus lábios e me delicio com sua careca.

— Eu também quero ir a uma boate. — Kailan comenta e eu logo afasto a ideia dele como se fosse um mosquito indesejado.

A namorada do meu sobrinho [Enemies to lovers lésbico✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora