Capítulo Sete [Karma]

1.9K 154 67
                                    

Por impulso, me afasto da garota e encaro a pessoa que acendeu a luz. Na entrada da cozinha, ela me fuzila com os olhos gélidos. De repente, me sinto inquieta e culpada como uma criança que foi pega roubando doces. E mesmo tendo um metro e oitenta e três, sendo seis centímetros maior que ela, ainda assim me sinto pequena perante seu olhar.

Hilary pigarreia.

— Posso saber o que isso significa?

A garota a qual não me lembro mais o nome desde que Hilary adentrou a cozinha, estando um pouco mais bêbada do que eu, acaba rindo em deboche e entrelaça seus braços em meu pescoço.

— Isso se chama sexo, querida. Você deveria experimentar.

Hilary a encara com uma sobrancelha erguida, como se ela tivesse dito que apoia o atual presidente.

— Como é que é?

— S-e-x-o. — ela revira os olhos. — Você pode até fazer parte se quiser.

— O quê? — questiono baixinho assim que percebo que essa garota acabou de convidar Hilary para um ménage. E eu estaria na porra desse ménage, vendo uma estranha tocando nela.

— Um ménage! Vai ser incrível se ela quiser...

— Eu não quero fazer um ménage com duas pessoas bêbadas e que mal conseguem se manter de pé! Eu apenas quero que você — aponta para a garota. — vá embora o mais rápido possível.

Virando-se para o lado, Hilary abre espaço para que ela se vá. A garota não se mexe um milímetros sequer, até eu mesma estou parada, olhando a situação com indiferença.

— Nossa — murmura a garota, e eu espero que ela tenha se dado conta que Hilary está a expulsando, no entanto, ela diz: — Você é linda. Muito linda mesmo. Ela não é linda?

Levo alguns segundos pra entender que a pergunta é para mim. E eu espero Hilary intervir, no entanto, ela foca em mim da mesma forma que a garota.

Pigarreio.

— Digamos que sim.

— Olha — ela suspira, dirigindo as palavras para a garota. —, não tenho nada contra você, tudo bem? Eu até agradeço pelo elogio, de verdade, mas eu não quero que alguém acorde e te veja aqui, ok? Então... sinto muito, estou pedindo para que você saia.

Em um momento de sobriedade, eu pisco para perceber que, porra, Hilary tem razão. Não tomei cuidado para que ninguém acordasse e é por isso que ela está aqui.

— Ela tem razão. — digo. Hilary murmura um “tenho?” mas eu ignoro ao dizer para a garota. — Eu sinto muito, de verdade, mas você precisa ir embora, Priscila.

Puxo minha carteira e lhe dou dinheiro para o Uber. Ela o aceita e range os dentes.

— Meu nome é Patrícia, sua idiota.

E assim ela saí do apartamento, deixando com que eu me sinta péssima por ter agido como uma cafajeste. Sempre odiei homens desse tipo, e estou me sentindo tão suja quanto um, mesmo me identificando como mulher.

Viro-me para a pia apenas para não ter que encarar Hilary quando ela volta à cozinha. Guardo o vinho na geladeira antes de ouvi-la.

— Sabe que não pode trazer garotas para cá, por que a trouxe?

— Eu não estava pensando direito. Em Salvador, eu não tinha que pensar nisso, apenas fazia o que tinha vontade.

Isso depois de tudo desmoronar. Sendo sincera comigo mesma, não sei porque transar com outras mulheres começou a ser um vício para mim depois que descobri o que Melissa fazia. E eu ainda não estou pronta para pensar nisso.

A namorada do meu sobrinho [Enemies to lovers lésbico✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora