Capítulo Três [Wherever you will go]

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Minha cabeça ainda dói enquanto Talita continua tentando limpar o sangue que escorre pela minha testa, ela faz isso com delicadeza como se um pouco mais de força fosse capaz de me desmontar. Ela não diz nada enquanto faz esse processo... nada além de me perguntar se está doendo a cada vez que faço uma careta.

Respiro com força, sentindo o cheiro de álcool por todo meu corpo. Fecho os olhos, envergonhada da minha situação. No entanto, não tenho tanto tempo assim para me envergonhar porque a porta do banheiro é aberta e ela entra. A ruiva da pista de dança encara Talita por alguns segundos antes da última dizer:

— Cuida dela pra mim? — vira-se em minha frente. — Com toda a confusão eu acabei deixando Matheus sozinho.

Abro a boca para tranquilizá-la, porém a ruiva diz primeiro:

— Tudo bem, eu dou meu jeito.

O álcool cria alguns tipos de ilusões que eu nunca entendi, mas o fato da sua voz ser tão doce ao ponto de me fazer ficar olhando-a para ver se é real, é bizarra.

O lenço é passada para suas mãos e ela retoma o lugar de Talita em minha frente. Eu poderia simplesmente esticar meu braço e tocá-la. Porém, ainda com um pouco de consciência que me resta, não o faço, invés disso, o que me vem é uma careta e uma pequena pontada de dor.

— Tá doendo muito?

— Não. Esse tipo de dor é suportável até.

Ela solta um riso nasal.

— O que foi que aconteceu com você?

— Segundo Talita, eu meio que dei em cima de uma garota compromissada. E digamos que o namorado dela não gostou muito da minha atitude.

Ela para de passar o lenço em minha testa para me olhar nos olhos e, porra, os olhos dela são tão... verdes. Não um verde comum, é claro, é um verde tão escuro que chega a ser imperceptível se você estiver a mais de três metros dela.

— Deixa eu ver se entendi — diz enquanto abre a tampa da lixeira e arremessa o lenço avermelhado dentro. — Você deu em cima de uma garota compromissada, acabou sendo nocauteada – pelo que eu pude ver – e ainda por cima revidou?

— Não me lembro de ter dito essa última parte.

Ela ergue uma sobrancelha pra mim antes de agarrar minha mão e me mostrar os nós dos meus dedos. Eles estão machucados.

— Eu mal senti a dor.

— Efeito do álcool. Quando tudo isso passar, você vai sentir.

Ela tem razão, claro. Resmungo em frustração e deslizo pela parede até me sentar ao chão. Fecho os olhos para fazer com que tudo pare de virar enquanto sinto sua presença se materializar ao meu lado esquerdo.

— Posso te confessar uma coisa? — de forma inesperada, ela me questiona. Assinto para que continue. — Eu estou tendo a pior noite da minha vida.

Ainda com os olhos fechados, dou um sorriso sincero.

— Somos duas. — abro meus olhos e viro minha cabeça para vê-la melhor. — Posso te confessar uma coisa? Quando você estava dançando, eu mal consegui tirar os olhos de você.

Ela sorri e, de forma singela, nega com a cabeça. Me aproximo mais para criar um clima mais confiante.

— Eu não sei porque eu quero que você acredite em mim, mas, de verdade, você era tudo que eu via. E eu mal sei seu nome.

— Façamos assim: eu vou te confessar mais uma coisa, e para manter o sigilo, você poderá saber a primeira letra do meu nome e eu saberei o seu.

A namorada do meu sobrinho [Enemies to lovers lésbico✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora