— Não, esse não. — diz Melissa sobre o sétimo apartamento que eu a mostro. Respiro fundo, buscando a paciência que não tem me restado ultimamente.
— Precisamos decidir onde eu vou ficar, só temos mais um mês para decidir tudo e nenhuma opção parece boa o bastante para você.
Melissa torce o nariz.
— É que todos eles têm algo que poderia ser melhorado: a pintura, o tamanho, os cômodos, o preço, a localização... — a cada item que ela lista, eu encolho mais meus ombros. Notando a minha frustração, ela pigarreia. — E quanto ao ateliê?
— Nathan ficou de olhar alguns e até agora não me deu uma resposta... — apenas noto o biquinho de criança aborrecida quando Melissa sorri para mim e agarra as laterais do rosto com uma só mão.
— Tenho uma solução e, possivelmente, seja a melhor solução do mundo.
Suas mãos em minha bochecha as apertam e apenas consigo murmurar um “o quê?” abafado.
— More comigo.
Murmuro o mesmo “o quê?” com a sobrancelha levantada. Ela não pode estar falando sério.
— Isso é de mais, Melissa. — retiro suas mãos de meu rosto e começo a rodar o ateliê, como faço quando estou nervosa.
Morar com a minha ex-namorada, sabendo que verei sua filha todos os dias, sua família a visitará e, por Deus, isso inclui seu ex-marido. Como eu poderei encará-lo após toda essa confusão? Isso era demais para mim.
— Não é como se nós fossemos...
— Um casal? — ela se levanta, andando até mim em seguida. — Não somos porque algo está te bloqueando.
— Não tem nada me bloqueando, que eu saiba.
Melissa torce o nariz.
— Mentir não é seu forte, Jú. Ser observadora é o meu. E eu sei que tem algo te bloqueando de ir para Salvador comigo, mesmo que você tenha dito que realmente iria. — ela faz uma pausa, me olhando calmamente. — A não ser que eu esteja errada e não seja “algo”, é alguém?
Praticamente engasgo com o “não” que solto tão rápido que soa suspeito. Melissa ergue as sobrancelhas com humor.
— Me avisa quando tiver a resposta. — diz por fim, sentando-se novamente à cadeira em frente ao notebook aberto em todas aquelas opções de apartamento.
A verdade é que Melissa tem me dado espaço o suficiente para que eu saiba as respostas, mas eu não consigo dizê-las.
Por sorte, o toque do meu celular interrompe o clima acerbo. O nome de Tatiane se destaca na tela com sua foto em uma praia afrodisíaca que eles tiraram há não sei quanto tempo atrás.
Atendo no quarto toque e a primeira coisa que ouço são gritos abafados.
— Não me diga que te internaram. — é a primeira coisa que digo para minha mãe.
— Ninguém teria a audácia. — diz com o mesmo humor juvenil de sempre. — Venha para cá, agora, já, voando.
— Que loucura é essa? Onde e por quê?
— Estamos na piscina do condomínio, e porque eu te quero aqui, oras! Você me deve isso.
Praticamente gemo ao lembrar de minha promessa, penso em dizer “não” mas ela é mais rápida.
— Além do mais, esse churrasco está muito monótono sem Carlos Antônio e Kailan.
Espera, o quê?
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A namorada do meu sobrinho [Enemies to lovers lésbico✓]
RomanceJúlia passou anos longe de sua família para correr atrás de seus sonhos de ser desenhista e pintora, e coincidentemente, na mesma cidade pode viver seu relacionamento com Melissa, a qual namorou a distância por muitos meses. No entanto, a vida fez...