Capítulo Dez [Du(arte)]

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Estou despencando da cachoeira. Tem sangue por todo o lado, não consigo agarrar nada que me faça parar de cair em queda livre. Não é água, é sangue. Estou me afogando em sangue.

Soada, eu acordo em uma cama de hospital. Um homem com jaleco branco me ampara e tenta me acalmar, no entanto, volto a me deitar e o bombardeio de perguntas.

— Onde ela está?

— Ela quem?

— A garota ruiva que estava comigo. Provavelmente ela tenha me trazido para cá. Exijo saber onde ela está.

— Não foi uma garota que a trouxe, mas sim dois homens, um mais velho e um jovem.

Meu pai e Kailan... O sonho não era um sonho, eles realmente estiveram lá.

— Mas e a garota ruiva? Ela estava comigo antes deles me encontrarem. — não espero que ele me responda e já vou logo arrancando algumas agulhas da minha veia. — Esquece, eu mesma vou achá-la.

O homem de jaleco me agarra pelos ombros e me força a olhá-lo.

— Senhorita Ribeiro Cavalcanti, vou pedir que se acalme! — parece mais uma ordem. — A senhorita Duarte está se recuperando na sala ao lado.

— Se recuperando?

— Sim. Quando a encontraram, ela estava fazendo uma transfusão de sangue para você.

— Eu me lembro disso. — digo mais para mim do que para ele.

— O que aconteceu foi que ela desmaiou algum tempo depois. O corpo humano pode doar apenas 450ml de sangue para o receptor, e ela doou muito mais do que isso para você. Isso a fez desmaiar.

Pisco lentamente. O médico deve ter entendido que eu não entendi, por isso se aproxima mais em minha frente e diz:

— Ela praticamente deu a vida dela por você.

Engulo em seco porque sei disso, eu estava lá vendo-a se esforçar ao máximo para me salvar.

— Eu quero vê-la. Onde ela está?

— Infelizmente, a senhorita Duarte ainda não acordou. Ela teve que fazer uma transfusão de sangue quando chegou, por isso está em repouso. Como a senhorita também deveria estar.

— Eu sei, sinto muito.

— Eu disse “deveria”. — suspira. — Infelizmente, eu não sou um médico muito bom e seria irresponsabilidade minha deixar uma paciente sair de seu repouso após uma transfusão arriscada...

— Eu sei, não vou pedir para que você faça isso por mim.

— Ah... mas eu farei. — diz como se estivesse declarando a independência do Brasil ao assinar algo em sua prancheta. — Vá ver sua garota. Ela está no quarto ao lado.

Antes que eu possa agradecê-lo ou até mesmo explicar que Hilary não é minha garota, ele já está ao meu lado retirando aquelas agulhas da minha veia. Me ajudando a levantar, ele murmura:

— Não conte isso para ninguém.

Quando estou de pé, percebo que o médico de meia idade tem pelo ao menos um metro e noventa de altura. É realmente impressionante e raro achar alguém mais alto que eu.

O agradeço pela ajuda e mesmo sentindo um pouco de fraqueza, eu sigo até o quarto dela. Não bato na porta, apenas entro. Hilary está deitada na cama de hospital, dormindo, quieta e sem nenhum pouco da preocupação que a consumia há algumas horas atrás. Não sei onde estão minhas coisas, então não sei nem se estamos no mesmo dia que desmaiei.

A namorada do meu sobrinho [Enemies to lovers lésbico✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora