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Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam. — Clarice Lispector, a hora da estrela



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— Então... a gente tá namorando? — pergunto.

— Sim minha tampinha. — Eric responde me agarrando por trás.

Ficamos em silêncio por alguns minutos.

Ainda não acredito que desafiei a autoridade de meu pai, no momento eu não queria me preocupar com mais nada.

— Merda. — Eric Exclama se levantando da cama e vestindo apressadamente a cueca.

— O que foi? — pergunto me sentando sobre a cama com o cobertor cobrindo parte do meu corpo.

— Eu gozei dentro de você. — diz preocupado.

— Calma, eu tomo uma pílula do dia seguinte. — respondo completamente despreocupada e volto a me deitar sobre a cama.

— Sabe que a pílula do dia seguinte muitas vezes não funciona né? Não quero estragar sua vida.

— Você não vai.. — Eric se sentou na beirada da cama e eu me aproximo dele depositando alguns beijos sobre seu ombro.

— Amanhã de manhã antes de voltarmos para a faculdade eu passo na farmácia, não se preocupe. — Ele diz e me puxa para um breve beijo. — que acha de tomamos banho de mar?

— Preciso de uma ducha antes.

— Eu vou com você!

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Depois do banho de mar, voltamos para o quarto e tomamos novamente outro banho, Eric capotou na cama dormindo abraçado com um dos travesseiros.

Meu celular tocou e vejo que era Letícia por chamada de vídeo, que saudades delas. Saio do quarto devagar e caminho sobre a casa para algum cômodo que não faça tanto barulho.

Me sento em uma das espreguiçadeiras do lado de fora e atendo o celular.

— Até que enfim em... — Letícia diz bufando do outro lado da tela, Ana estava ao seu lado.

— Desculpa meninas, precisa achar um lugar em que não fosse acordar o resto da casa. — digo e me deito sobre a espreguiçadeira.

— Como você está? — Ana pergunta. — as meninas finalmente foram pegas, você já pode voltar em segurança para o campus.

Sinto um alívio em saber disso, derrepente penso em Cristina e me pergunto se ela está bem com tudo isso acontecendo muito rápido. Apesar de tudo, eu jamais deixaria de me preocupar com ela, mesmo tendo somente quatro meses de convivência.

— Cristina também? — pergunto.

— Todas amiga! Agora a psicopata da Cristina irá pagar. — Letícia fala com um sorriso vitorioso no rosto.

— Não fala assim, ela não merece. — digo.

— Não acredito Chloe — Letícia diz aparentemente com raiva. — essa garota pintou o sete com você e mesmo assim ainda a defende?!

— Eu só não gosto de pensar no pior das pessoas. — respondo sincera.

— Você tem horas que exagera na dose. — Letícia se levanta e fica somente Ana conversando comigo.

— E como estão as coisas com você e o Eric? — Ana pergunta.

— Bem, ele me pediu em namoro. — digo e mostro a aliança para a minha amiga que colocou as mãos sobre a boca em forma de surpresa.

— UAU CHLOE!!! — Ela exclama. — Fico muito feliz por vocês de verdade.

Ana era o oposto de Letícia. Enquanto Letícia era explosiva e não conseguia perdoa tão facilmente, Ana era quase igual a mim, acreditava no bem e sempre perdoava aqueles que a magoaram um dia.

— Mas e o Daniel Chloe? Hoje pela manhã nós encontramos ele na cafeteria  e ele perguntou por você.

Sinceramente não queria magoar uma pessoa tão incrível como Daniel, nós ficamos tão próximos e depois do mine sequestro em que ele esteve todo o tempo ao meu lado... eu não queria magoá-lo.

— Eu não sei. — respondo de volta me sentindo triste por magoar um amigo.

— Ei — Ana chama minha atenção e eu a olho — vai ficar tudo bem, você irá saber resolver bem esse quebra cabeça. — ela sorriu. — esse barulho é barulho de mar?

— Uhum. — sorrir e virei a tela do celular para mostrar o mar para ela.

— Como você foi parar aí?

— É uma longa história amanhã eu te conto com mais calma. — digo e Ana concorda. — vou desligar, manda um beijo pra marrentinha da Letícia.

— Mando sim, tchau sua vaca.

Desligo o celular e fico parada apenas observando o mar e o barulhinho gostoso que ele fazia. Tudo isso era tão relaxante que eu não queria voltar mais, penso que tudo em que vivi com Eric fora um sonho e que logo logo irei acordar.

Às vezes a realidade te mata.

— Não consegue dormir? — levo um susto com Gabriel surgindo do nada. Ele percebeu meu susto e se desculpou em seguida. — Desculpe, não queria ter assustado você.

— Tudo bem. — digo e volto a prestar atenção no mar.

— Fico feliz em ver meu amigo tão feliz com você. — ele diz e eu o encaro, derrepente me bateu uma curiosidade em querer saber mais sobre o passado de Eric. — conheço Eric desde os meus dez anos e posso afirmar que nenhuma garota jamais havia o deixado assim.

— Ele é cheio de feridas ainda não cicatrizadas.

— Sim, ele ficou assim depois que perdeu o pai. — Gabriel parecia conhecer tudo sobre Eric e eu deixei minha curiosidade me invadir e perguntei.

— O que aconteceu com o pai dele? Eric diz que um homem malvado o matou.

— Bom, senhor Flávio era uma pessoa boa, boa até demais. — Gabriel sorriu meio fraco e continuou. — perdi meus pais em um acidente de carro e eu não tinha ninguém para cuidar de mim, eu tinha apenas quartoze anos quando tudo isso aconteceu. E o senhor Flávio fora um amor comigo, cuidou do filho dos empregados dele como se eu fosse da família.

— poxa... eu não imaginava, sinto muito.

— Ah, não tudo bem. Faz anos já, meus pais estão em algum lugar melhor agora. Pelo menos eu quero acreditar nisso e o senhor Flávio também.

— O que aconteceu com ele? — volto a perguntar.

— Negligência do médico que o operou, senhor Flávio tinha uma delicada doença onde apenas o tratamento aparentemente seria mais adequado, porém o médico responsável pelo caso dele sugeriu uma cirurgia de exploração.

Não perguntei mais nada e entendi o motivo de Eric, o médico responsável poderia ter apenas seguidos os protocolos e não passado por cima de tudo apenas para ganhar mais dinheiro.

— Ele teria mais alguns anos de vida se não fosse pelo médico responsável, talvez estivesse com nosco nesse momento. — Gabriel diz e se levanta, me levanto também afim de dormir e esquecer de mais cedo.

— Foi bom conversar com você Gabriel, boa noite.

— Boa noite senhorita. — Gabriel se curva fazendo uma reverência engraçada e saiu do meu campo de vista.

Caminho para o quarto pensando em tudo e nas doideras desse dia quase terrível.

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ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora