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Tu aí, intransponível e indireta, fala abertamente e tem em meio peito eterna oração, andando em lugares distantes, tem dias em que só quero ouvir tua voz, mesmo que cansada, pra acalmar a mente, trazer paz a alma, fingir que te tenho em meu travesseiro, na ponta de meus dedos, no canto de minhas palavras tardias, mas ainda assim palavras, me recordo freqüentemente do jeito que tu respira, se virá de um lado para o outro, caminha do meu lado, segurando a minha bolsa, contando alguma história sobre teu pai ou os professores, o mundo mágico onde tu cresceu, penso nele repleto de árvores e contentamento, tenho inveja do teu mundo, completo de ti, por vezes sinto teu cheiro no vento e te espero na rua, e mesmo que tu não venha sorrio, só porque tu existe e é impossível ser triste depois de te ter aqui, assim tão perto, morando do meu lado, quietinha costurando os teus retalhos, encurtando as minhas calças, tocando em teu cabelo, o problema é que te acho tudo em ti muito bonito, teus sérios problemas, tua sensatez disfarçada, teu gosto por desenhos, teu reflexo no espelho, esse olhar de quem sabe, de quem vê, que entende, teu samba canção e cigarro nas mãos, tua casa instalada bem na entrada de meu coração, esses livros espalhados em ti, o teu cheiro de livros, teu gosto de liberdade, tua boca que me invade, você.

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