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Oração para um santo.
Ao santo protetor dos poetas, não pedimos pão, mas a força para viver com o pouco que escrever nos dá, e reclamar de barriga cheia nunca seja pecado nosso, que sobre o dinheiro do cigarro, hoje e na hora de nossa morte.
Ao santo que protege aquele que escreve em notas de bar, os que escrevem na máquina, os que escrevem em modernos computadores, pedimos para sobreviver-mos a amores frios, e restitua nosso coração, para ser outra vez ser naturalmente quebrado, e não no deixe faltar na cama para nenhuma mulher, para que não pegue mal, e não tenhamos reputação de mau amador, que proteja a mulher amada quando ela decidir aparecer.
A ele clamamos sem oferendas que interceda por nós no dia de nosso final, auto aflingido, que relembre a Deus que ele mesmo nos deu, um coração assim fraquinho, que qualquer coisa o destrói, e se for possível nos dê um cantinho no céu dos bons meninos que não aprenderam a rezar corretamente.
Pedimos perdão por os dias em que a escrita não sai, ou que sorrimos  atoa, trazendo desconfiança ao nosso status de poeta,
Agradecemos ao nosso cuidador, o samba, a cerveja e as noites de sexta-feira, a praia e as estradas do mundo inteiro.
Mas se não for abusar de toda bondade, pedimos ao protetor dos poetas que nunca nos falte as boas livrarias, os bons editores e os médios leitores, para que algum dia, assim do meio de nós, nasça um poema, que pare com as máquinas e mude o mundo.

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