por vezes é melhor não pensar nas coisas
deixar de lado o que não é bem vindo e incomoda
ou mesmo o que nunca vai embora
mas observando o que existe no lado de fora
inevitavelmente, penso, pelo vidro de minha janela
sensação de afogamento, um casal, a menina empurrando o guri em uma poça da água, quase não respira, mas aprendeu a aceitar
eu o conheci um dia, era como uma parte de meu peito, dormíamos juntos todas as noites, como irmãos
mas agora é tiro no peito, casa arranjada e empurrão no salão de entrada, não posso salva-lo
mas como eu queria te contar, daquilo que é mais bonito e existe, sentimento de dividir a sacada e o cigarro, dormir juntos a primeira vez, beijar as mãos e acompanhar teus olhos, fazer playlist, escrever poesia de madrugada e sonhar com qualquer futuro em que eu possa te ouvir falar
amor é comer do mesmo pão, traçar o mesmo solo e ter na pele destino semelhante, ter ódio do latifundiário, insegurança na policia e esperança no trabalhador, amar é ter fome, ter coragem de fazer a guerra em busca de paz, é carregar uma pedra de coração no estojo, evitar se igualar ao capitalismo que transforma em consumo tua força, teu coração, que rouba tua juventude e abandona na velhice faz de tuas mãos de carinho, teu serviço e exploração, agride, cospe e tortura, prende, cerca, captura, minha voz é feita com a tua, gritamos não.
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poesias primeiras
Poesiaaquelas poesias que são minhas, mesmo quando são violentamente roubadas.