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Poema número XI.
Chega a hora de deixar que as coisas morram, não que esteja em meu poder a longa vida do que quer que seja, mas preciso dizer certas coisas, arrancar algumas palavras, escrever no meio da noite e só ouvir o barulho das teclas e de minha própria respiração, gosto desses momentos na mesma intensidade em que os odeio, não cobro nada, nem que ouça minhas palavras no meio da noite.
acontece que no final das contas o destino pode não ser tão bom assim, mas eu ainda congelo ao ver seu retrato,minha respiração falha e parece que eu caiu e o meu prédio tem mais doze andares, e por um instante tudo que existe são seus olhos sempre atentos e esse cabelo bagunçado, e na melhor das hipóteses tenho bons sonhos com você, se me perguntam de tudo isso, digo que não me arrependo de nada, e eu sei que faria tudo de novo, se eu pudesse mudar algo teríamos noites menos frias e movimentadas, mas as coisas nunca foram muito fáceis, e em minha defesa é humanamente impossível não se apaixonar por você ou te acreditar a coisa mais bonita e insuportável no universo, tenho tantos defeitos pra encher algumas salas, mas trago a verdade nas mãos e peito, faz tempo que não escuto o barulho do trem mas agradeço a um deus que não mereço por me ouvir nos dias nublados e perdoar quando estou errado e me nego a esquecer.
"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto"

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