18.

1 1 0
                                    

Nasci bicho, sem mãe, sem terra, sem nada, andando de casa em casa, descobri como é habitar, a violência me tornou pacifico, a fome me manteve de pé, a falta de livros me tornou  leitor compulsivo, a mentira me fez sempre dizer a verdade, e mesmo traído sou leal com un perro, nasci desde cedo destinado a andar torto, cheio de motivos no bolso, bicho isolado, em um canto, sozinho, sem pais, impenetrável como uma rosa, tengo cheiro de terra, doze irmãos e um anel perdido, acredito em tudo que  há no mundo, as vezes em mim, aprendi a ser quieto e é bem fácil me machucar, lambendo as feridas, me escondo nos dias, não procuro ninguém, nem me forço a fazer nada, me deixo bem quieto, só deixo passar, desconheço a felicidade, mas me importo com a paz, as ruas, com as fotos, os romances bons, com os dias dela, é praticamente impossível compreender que sou bicho, só me reconheço em outro bicho, evito lugares, pessoas, festas, bebidas, não sou um niilista, sou bicho.

poesias primeirasOnde histórias criam vida. Descubra agora