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E não basta escrever poesia, sobre anjos, estrelas mortas ou astros sem vida.
em nada serve a ti falar de solidões, dias nublados e angústia
tu que já aprendeu a mirar a si mesmo no espelho, com calibre 12 tu é aquele a quem chamam pacifista, não quer ouvir o que tem dentro, eu te entendo, se eu soubesse não ouviria
falar de protesto é bonito e moda
mas de modismo eu não entendo, e nem aconselho a entender
ler livros, falar de Cervantes, flertar com pessoa, satisfazer vícios e tentar dormir a noite, nisso eu tenho vantagem de cara já que não tento, não durmo
olhar para o mar se mostra desnecessário, obsoleto e caro
o sentimento normalmente se transforma numa coisa muito próxima a uma ferida incomoda no dedo esquerdo, machuca, e tu quer machucar de volta, machuca de volta
atacar, que é no ataque pelo ataque onde todos nós vamos parar
tudo nasce, é escrito com delicadeza, sofre, tem dedicatória para que observemos todos juntos, em uma noite de aurora, queimar, enquanto tu pulas, nu, em volta, dança tribal contemporânea
ele gosta é de guerra, mas eu me canso e desisto antes, não venço batalhas
observo e escrevo, ninguém lê, nem eu leio, mas não é essa a questão
eu não venço batalhas
não as quero
espero por nada mas espero, gosto do ato em si, estudo por diversão e me alimento de farelos,sou sincero em dizer não.

poesias primeirasOnde histórias criam vida. Descubra agora