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Sophie acordou estranhamente animada, a noite na cachoeira com os amigos havia sido revigorante, tinha uma estranha esperança de que as coisas iriam melhorar agora que sabia um pouco mais sobre sua vida. Seus pais não poderiam sair de Louisville, sabiam que ela precisava de Sant'Angelin, Estefan os contou que o próprio Lúcifer viria atrás dela e que eles a deixariam preparada.

Além disso, agora tinha amigos que lutariam ao seu lado, só precisava entender o poder que tinha e ficar cada vez mais forte para proteger sua família, não suportaria ver nenhum deles se machucar novamente, a dor de pensar que perderia Michel foi insuportável.

Quando o irmão entrou em seu quarto, a garota já estava vestida com uma calça jeans surrada e a camisa da escola, uma jaqueta marrom customizada e seu velho allstar completavam o visual despojado e costumeiro. Ela estava terminando de amarrar os cachos em um rabo de cavalo alto.

— Não estamos atrasados. — ela se antecipou a dizer.

— Isso é um verdadeiro milagre. — Michel a olhava com espanto, jurava que precisaria apressar a irmã como sempre. — Como pretende me levar à escola hoje? Não estou falando com nossos pais.

— Não seja ridículo. — Sophie riu. — Eu quem deveria estar irritada com eles.

— Exatamente. — O garoto gritou. — E por qual motivo não está quebrando a casa?

— Eu não sou um moleque de dez anos. — Bagunçou os fios ruivos do irmão. — agora vamos tomar café, seu chato.

Os dois desceram direto para a cozinha, onde Helena os aguardava cautelosa. Como de costume havia preparado um belo café da manhã para os filhos. Sophie cumprimentou a mãe com um demorado beijo na bochecha que pegou a mulher de surpresa.

— Bom dia mãe. — Disse sorrindo.

— Bom dia meu amor. — Helena estreitou os olhos, tentava desvendar o que havia por trás dessa calmaria da filha. — Bom dia Michel.

O garoto a ignorou enquanto tomava seu café, Helena sorriu revirando os olhos.

— Seu irmão está fazendo voto de silêncio.

— Não liga, logo esse pirralho para de graça. — Michel olhou furioso para a irmã, se sentia traído já que estava fazendo tudo por ela.

Ainda terminavam o café quando Sophie ouviu a buzina indicando que seus amigos a esperavam, havia pedido uma carona até a oficina, sua moto estava finalmente pronta.

— Bom dia Alê. — Sophie cumprimentou a vizinha que olhava com curiosidade seus amigos no Kia.

— Ah! — A garota respondeu de surpresa. — Tenha um bom dia, Sophie.

Michel deu um "até logo" animado com a mão e correu para o carro, já não parecia o mesmo garoto emburrado de segundos atrás.

— E aí Vic! Eu já li todos aqueles quadrinhos que você me emprestou, sério, preciso de mais.

— Chega pra lá pirralho. — Sophie o empurrou quando entrava no carro.

— Vou lhe trazer mais garoto. — Vic bagunçou o cabelo de Michel que fez bico fingindo se irritar.

— Para de encher a cabeça do moleque com essas besteiras. — Cristian ria enquanto seguia com o carro para a oficina.

— Besteira é o que você está falando, esse menino precisa de boas referências, ele não sabia quem era Stan Lee.

— Ele precisa mesmo é de uns conselhos de moda, ou vai chegar no ensino médio se vestindo igual à irmã. — Scarlet piscou para Sophie que estreitou os olhos. — Não está mais aqui quem falou, vamos fingir que isso aí que você usa é lindo.

— Vamos fingir que eu me importo com sua opinião.

— Chegamos. — Cristian estacionou.

— Valeu gente. — Sophie abriu a porta. — Vem logo Michel.

— Ah não. — o garoto protestou. — Cristian me deixa na escola, quero conversar mais com a Vic sobre os quadrinhos.

— Não tem problema por mim. — Cristian afirmou ao ser questionado.

— Tudo bem então, se comporte.

Sophie esperou o carro se afastar para entrar na oficina que havia sido indicada por Cristian, aliás, apenas por esse motivo ela deixou sua moto ali, já que o lugar não passava nenhuma confiança. O dono, um cara barrigudo de meia-idade que fedia a graxa ficou o tempo inteiro fazendo piadas de mal gosto no dia em que ela foi deixar a moto para ser concertada. Entretanto, para sua surpresa, ele fez um ótimo serviço, e cobrou um preço justo por ele. A garota respirou aliviada ao sentir o ronco do motor, estava incompleta desde que um demônio havia destruído sua moto.

— Senti sua falta. — ela disse sorrindo enquanto acelerava.

A sensação do vento batendo em seu rosto era adrenalina pura, uma liberdade que só conseguia quando estava acelerando, sentia que podia quase voar. Seus olhos avistaram uma pessoa parada no meio da estrada a alguns metros de distância, ela foi diminuindo a velocidade, não dava para arriscar matar mais alguém. Entretanto, não se tratava de uma pessoa, com certeza não.

 Entretanto, não se tratava de uma pessoa, com certeza não

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Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora