Capítulo 12 - Destruída (parte 2)

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Com o alarme de incêndio tocando, os alunos começaram a se dispersar. Clarice cuidou de ordenar a saída de todos, mundanos ou não, ela sabia que não se tratava de um incêndio, porém seria ruim para a escola se algum aluno acabasse se machucando ao entrar em uma luta dentro de Sant'Angelin.

Durante a confusão, Hunter se aproximou sem esconder o ódio que estava sentindo por Estefan, ele trazia consigo uma besta, a mesma que havia usado quando Flauros invadiu a escola, uma aljava e uma espada prata para que Sophie pudesse usar já que não conseguiria, seria da garota o golpe final. O professor se sobressaltou surpreso com a presença, entretanto antes que tivesse tempo para alguma reação foi atingido por um soco no rosto tão forte que o fez atravessar o salão.

Sophie que saia de seu momentâneo choque segurou o parceiro de plano antes que ele partisse novamente para cima do caído traidor. Neste momento ela sabia que precisaria de toda ajuda, se Bethy fazia parte de uma seita que queria sua morte, com certeza usaria Michel.

— De onde você saiu? — Vic perguntou surpresa.

— Você está maluca? — Hunter a ignorou completamente enquanto gritava com Sophie.

— Michel está aqui, com Bethy. — falar isso em voz alta fez parecer mais real para ela.

— Será que alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Victória insistiu. — Qual o problema do garoto ter ido ajudar a professora Bethy?

— Ela quer me matar. — A mestiça revelou.

Os três fizeram um breve silêncio que logo foi interrompido por Clarice e Estefan, o professor com a mão no ombro tentando colocar sua clavícula no lugar.

— A escola já foi evacuada. — A diretora informou. — Eu sinto muito senhorita Robbinson, não sabíamos quem ela era.

No local permaneciam apenas os cinco e Hauren que ainda não havia retornado desde que Sofie a viu indo resolver o problema com os adolescentes bêbados.

— Esse é o problema de vocês, nunca sabem de nada.— Hunter disse com os olhos vermelhos de raiva.

Estava sendo quase impossível para ele se controlar. Cada dia que passou acorrentado no porão escuro daquela cabana, sentindo sua pele queimar sob as correntes, ele jurou que mataria Estefan.

— Eu acho melhor nos dividirmos. — Sophie pareceu completamente alheia a qualquer outra questão que não fosse encontrar Michel. — Eu, Vic e Hunter ficamos neste andar, vocês conferem o restante da escola.

— Acredito que esta não seja a melhor opção. — Sugeriu Estefan ainda com um pouco de sangue escorrendo no canto da boca. — Clarice e eu somos mais experientes e…

— Não confio em nenhum dos dois. — A afirmação veio secamente. — Se eu achar aquela maldita, prefiro que não seja ao meu lado um covarde ou uma pedra de gelo que não dá a mínima para vida de Michel.

Não houve tempo para protesto, os três mais novos se viraram em direção aos corredores de armário. Hunter afirmou que não viu ninguém quando foi até a pista de esgrima.

Eles começaram a vasculhar sala por sala, ficaram próximos, porém divididos afim de cobrir um espaço ainda maior. Sophie estava revirando o vestuário feminino na quadra quando ouviu o grito apavorado de Vic.

Ela imediatamente correu em direção ao local onde a amiga se encontrava. Hunter já estava com ela, os dois parados em frente ao laboratório olhando para dentro da sala.

Sophie ficou com receio ao notar uma mancha de sangue próximo a porta, ela sentiu seu estômago embrulhar imaginando que o pior poderia já ter acontecido.

— Não é ele. — Hunter afirmou quando notou sua presença. — Mas ninguém nunca mais será obrigado a aguentar as ótimas aulas do profressor Bob ali.

O alívio foi inevitável, não que ver o professor de biologia morto fosse algo bom, mas o fato de não ser Michel banhado de sangue naquela sala era reconfortante.

— Isso não teve a menor graça. — Vic se emburrou esbarrando propositalmente em Hunter enquanto saía do laboratório. — Ele era só um professor, não merecia isso.

O outro apenas deu de ombro com uma expressão entediada. Sophie ponderou se deveria dar uma maipr atenção ao corpo, porém chegou a conclusão que não tinha tempo para tal coisa, a vida de seu irmão estava em jogo.

— Temos que voltar a procurar, mas eu acho que eles não estão mais aqui. — Ela tentava ouvir algo que os ajudasse, mas era em vão. — Vic, já tentou ligar para Alexandra?

— Sim. — A resposta desanimada. — Só caixa postal, você tinha razão, esse namoro não deveria acontecer, agora a vida dela está em risco por minha causa.

Neste momento Estefan e Clarice desciam as escadas, o caído trazia Hauren desacordada em seus braços ela tinha marcas de queimadura nos pulsos e pescoço. Não demorou para alcançarem os mais jovens, e quando o fizeram Hunter ficou desconfortável, mas se conteve.

— Ela não está aqui. — Estefan afirmou sem tirar os olhos da caída em seus braços. — Achamos Hauren aprisionada e desacordada.

— Bethy matou o professor Bob. — Sophie informou. — Se deixou Hauren viva deve ter alguma razão, temos que acordar ela.

– Eu faço isso. — Hunter deu um passo à frente porém Estefan o olhou de maneira desafiadora.

Sophie revirou os olhos impaciente com a provocação dos dois, caminhou até Hauren e tocou em seu rosto provocando desconfiança no professor, porém ele não se moveu. Pouco depois a caída despertou confusa.

— Onde está Bethy? — Sophie perguntou assim que a outra abriu os olhos.

— Dê um tempo a ela, não vê que está confusa? — Estefan pediu.

— Não temos tempo, Hauren se concentra. — A garota pediu nervosa. — Onde aquela desgraçada foi com meu irmão?

— Ela…ela foi para sua casa. — A professora disse desorientada. — Bethy é mundana, mas está recebendo ajuda, alguém me golpeou por trás enquanto eu tentava convencer ela a soltar Michel.

— Certo, vamos até lá então.

— Eu ficarei aqui, Hauren precisa se recuperar. — Estefan disse sob olhares questionadores.

Clarice pareceu querer contestar, porém vendo que os outros não se importaram ela apenas o olhou com desprezo e seguiu para a casa de Sophie.

A garota foi mais rápida que todos, quando chegou a casa estava um silêncio absoluto, ela engoliu em seco o medo que sentia, abriu a porta no mesmo momento que Hunter pousava em seu quintal. Ele segurou em seu ombro como se lhe desse a coragem necessária para entrar.

Sophie respirou fundo e finalmente entrou. Na sala estavam sentados August e Helena amordaçados e com os olhos marejados, Bethy estava sentada frente a eles com as pernas cruzadas e um sorriso satisfeito no rosto. No outro lado da sala estavam Michel e Alexandra. A namorada de Vic estava com um punhal pressionado no pescoço do garoto, era possível ver um filete de sangue escorrendo pela ponta afiada.

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora