Victória e Clarice chegaram pouco tempo depois, todos ainda estavam imóveis. Alexandra trazia no rosto um sorriso selvagem, quase doentio. Sophie era uma mistura de medo e ódio enquanto tentava pensar em alguma solução.
— Alex. — Foi Vic quem falou primeiro. — O que está acontecendo?
— Solta meu irmão, ele não tem nada com isso.
— Não? — Alexandra deu uma gargalhada sombria. — Ele tem tudo com isso, eu observei vocês, não existe ninguém que você ame mais.
— O que está acontecendo? — Victória gritou.
— Minha querida, desculpe, você até que me divertiu. — Alexandra debochou.
Bethy, que até então estava sentava, se colocou de pé rodeando a sala com um olhar ameaçador. Ela parou em frente a Sophie e alisou seu rosto com as costas das mãos, a garota puxou o rosto enraivecida.
— Melhor manter a calma, não queremos que o garoto se machuque.
— O que vocês querem? — A garota perguntou. — Eu faço qualquer coisa.
— Eu tenho certeza que fará. — Bethy sorriu. — Será sua vida pela dele.
— Não podem fazer isso. — Clarice tomou a frente. — Vocês sabem quem é ela?
— Claro que sabemos, ficamos muito tempo apenas observando, bem debaixo do nariz de todos vocês. — A professora de inglês bateu com o indicador no nazis de Sophie. — Essa maldita é Alice, filha do pecado de Raziel, neta do próprio Lucifer.
Neste momento Michel ficou inquieto fazendo com que o corte em seu pescoço aumentasse. Sophie deu um passo à frente, seus olhos negros indicando que ela estava pronta a atacar, porém Hunter a conteve, sussurrando um pedido de calma em seu ouvido.
— O nome dela é Sophie. — O garoto gritou. — Ela é minha irmã.
— Ela foi marcada por Miguel. — Clarice continuou, ignorando o clima tenso. — Não podem tirar sua vida, ela é instrumento do altíssimo.
A diretora rasgou o vestido de Sophie, deixando suas costas à mostra para que os presentes pudessem ver uma marca vermelha próxima ao seu ombro esquerdo. Hunter e Victória pareceram confusos, já Bethy deu um passo atrás, ela olhava de Alexandra para Sophie com um certo medo aparente.
— Isso não irá nos impedir, Elizabethy. — Alex a encorajou. — Ela deve morrer.
— Eu não me importo, podem me matar, só poupem a vida de Michel. — Sophie implorou com a voz trêmula.
A garota soltou a espada que Hunter a havia entregue ainda escola, juntou os pulsos frente ao corpo e se ajoelhou em frente Bethy que permanecia em dúvida. Michel permanecia sério, o garoto se esforçava com uma enorme coragem para não demonstrar medo.
— Nós a entregaremos para Nathuriel, e seremos recompensadas. — Alex a encorajou.
— Nathuriel está aprisionado, o próprio Lucifer tratou disso. — Vic as informou tentando mostrar que não teriam sucesso.
— Isso não importa. — A garota que mantinha Michel aprisionado gritou nervosa. — Ela vai pagar pelo que fez.
— Seja lá o que eu tenha feito, meu irmão é inocente.
— Deixem o garoto e não impediremos que sigam em paz. — Clarice argumentou. — Não há nenhum propósito para o que vocês estão dispostas a fazer.
— Ela está certa. — Bethy parecia vencida. — Se Nathuriel está preso não há razão...— Ela se dirigiu à Alex. — Essa garota tem a marca de Miguel, não teremos honra se a matarmos, já tive que tirar a vida daquele maldito professor.
— Você acha que me importo? — Alexandra parecia cada vez mais nervosa. — Layra era uma fiel serva e de que isso adiantou? Ela sempre soube que havíamos sido enganadas, sempre soube que a criança não tinha morrido, eu duvidei dela. — Seus olhos vermelhos pareciam querer saltar. — Mas Nathuriel a procurou, a deixou obcecada…
— Por favor. — Sophie sentia as gotas salgadas de lágrimas que rolavam em seu rosto. — Eu… eu não sei de quem você está falando.
— Sua maldita. — Alex gritou. — Você arrancou as asas dela.
O choque da revelação fez a mente de Sophie girar, pela primeira vez ela sentiu arrependimento pelo que fez aquela manhã.
— Me perdoe, eu apenas me defendi.
— Calada. — mais um grito. — Sabe, foi até prazeroso ficar observando o quanto todos te enganam, cada um deles estava junto conosco para te matar enquanto você ainda era uma criança.
— Por favor, me mate.— Sophie voltou a implorar.
— E deixar que seu sofrimento acabe?
— Se você machucar meu irmão, eu vou te matar.
— Acha que me importo? Minha existência não tem sentido sem Layra, morrerei feliz sabendo que você terá uma eternidade de sofrimento.
— Ele é só uma criança. — Sophie voltou a implorar choramingando.
— Vamos, solte o garoto. — Hunter reforçou.
A atmosfera era de pura tensão, Alexandra estava decidida, isso era notável em seu rosto, ninguém conseguiria lhe convencer a não fazer o que planejava. Restava aos demais pensar em algo para lhe impedir, porém nada seria mais rápido do que o punhal que já sentia o gosto de sangue.
Neste momento, como se advinhasse o que estava por vir, Michel sorriu para a irmã de maneira boba e inocente como sempre fazia ao implicar com ela. Sophie sacudiu a cabeça de forma negativa.
— Por favor. — Ela tentou novamente, a voz quase não saiu.
Mas já era tarde.
— Você é Sophie Robinson, minha irmã, você sempre será. — Foi o que o garoto gritou segundos antes do punhal atravessar seu pescoço.
— Não. — O grito apavorado de Sophie pôde ser ouvido a quilômetros de distância.
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Marcas em Sangue [Em Revisão]
FantasiApós várias mudanças repentinas e sem motivos durante toda vida, Sophie finalmente tem esperança de ter um endereço fixo. Criar laços, fazer amizades e quem sabe até mesmo se apaixonar se tornam uma possibilidade. Porém, segredos de seu passado come...