Marcas em Sangue [Em Revisão]

Capítulo 8 - Unidade

As asas de Sophie eram enormes, um grande conjunto de plumas cinzas, quase prateadas. A garota estava suspensa no ar, sentia como se soubesse voar desde sempre, não precisava de nenhum esforço, as asas eram extensões de seu corpo assim como a diretora havia dito.

Além disso sentia-se revigorada, estava pronta para voltar a enfrentar o demônio, e dessa vez  algo lhe dizia que seria diferente, que conseguiria realmente lutar com Nathuriel e não só apanhar como estava acontecendo antes.

Ela bateu fortemente o par de asas indo em direção ao demônio e o socando no rosto, repetidas vezes assim como ele havia feito com ela. Porém Nathuriel não se movia, recebia os golpes como se nada estivesse acontecendo.

— Você acha que pode comigo só porque agora tem essas peninhas? — Ele a empurrou fazendo a garota recuar. — Eu ainda vou te matar, sua merdinha petulante.

Nathuriel mantinha sua espada em mãos, ele continuou em sua forma humana, porém liberou suas asas e partiu para cima da garota.

Sophie agora estava mais rápida, conseguia desviar de todas as investidas do demônio, mas ainda não conseguia golpea-lo.

O demônio voltou a fazer o asfalto se erguer, formando vários pedregulhos que ele lançou em direção a garota. Sophie fechou suas asas ao redor de seu corpo para se proteger. Em seguida a garota projetou várias agulhas negras que estavam cobertas pela mesma luz que ela usou para proteger Luke, e as lançou em direção a Nathuriel, acabara de descobrir que podia combinar seus poderes.

Ele bloqueou quase todas movimentando a espada em sua frente, porém duas atravessaram seu bloqueio, uma perfurou seu ombro e a outra passou de raspão em seu pescoço. O demônio passou a mão no ferimento que escorria um sangue negro e sorriu.

— Eu vou tirar esse maldito sorriso do seu rosto.— A garota gritou. — Você vai pagar pelo que fez com Luke e Agnes.

Ela bateu suas asas tentando repetir o que havia feito com Vic em seu quarto, porém agora com muito mais intensidade, e funcionou, o demônio foi lançado para trás, mas conseguiu manter o equilíbrio e parar a poucos metros permanecendo firme no chão.

— Está se achando demais, garota.

Nathuriel a prendeu pelo pescoço tentando traze-la até ele. Ela se deixou ser puxada, mas só para se soltar a centímetros do demônio o pegando de surpresa e lançando novamente sobre ele suas agulhas que o acertaram precisamente.

O demônio levantou furioso, já não sorria mais, Sophie estava dando mais trabalho do que ele esperava. Ele abriu uma enorme cratera no chão, e por ela se ergueram vários demônios.

— O que foi? Precisa de ajuda para derrotar uma criança? — Sophie debochou.

Nathuriel não respondeu, moveu-se rapidamente para trás da garota a chutando para o chão, onde os demônios se aglomeravam. Sophie foi presa entre eles que a mordiam e afundavam suas garras podres em sua pele.

Mesmo sem conseguir se mexer, ela manipulou suas sombras que os puxaram para longe a dando tempo para sair do chão.

Precisava manter a luta com Nathuriel no alto, não tinha como dar conta de tantos demônios sem nenhuma arma celestial, por mais que os derrubasse eles continuariam levantando. Porém o filho de Lúcifer não era do tipo que jogava limpo, tudo que ele fazia era para tentar fazer com que ela descesse.

Sophie sabia que se continuasse daquela maneira, uma hora não iria conseguir se erguer, precisava dar um fim aos demônios. Lembrou de como matou a caída fazendo com que ela queimasse e repetiu o ato espalhando uma grande labareda. Porém os demônios continuavam lá, feito zumbis em chamas, sedentos pela sua carne.

— Você tá mesmo tentando matar demônios com chamas do inferno? — Nathuriel gargalhou. — Eles vivem no meio das chamas sua estúpida.

— Seu covarde, me enfrente sozinho. — ela gritou.

— Querida Sophie, de que me serviria ser príncipe do inferno se eu não usasse os demônios que tenho a minha disposição?

Os dois continuaram se enfrentando, Sophie já  conseguia se manter mais tempo voando, porém Nathuriel havia lhe feito dois cortes com sua espada infernal e esses cortes não cicatrizavam facilmente.

Além disso ela estava ficando cansada, enquanto seu oponente não parecia nem um pouco afetado, não demonstrava nem mesmo dor pelos ferimentos sofridos.

Sophie puxou duas sombras do chão prendendo os pés de Nathuriel e o puxando para baixo, tentando mante-lo preso ao chão enquanto uma chuva de setas negras caia sobre ele e seus demônios.

Todos os movimentos da garota só serviam para deixar o filho de Lúcifer com mais raiva e atacar a garota com cada vez mais intensidade. Até o momento em que Sophie já não conseguia mais revidar, apenas se defendia com dificuldade das investidas de seu agressor.

Já exaustas e com muitos ferimentos, ela se distraiu e acabou sendo novamente jogada no chão e imediatamente os demônios se caíram sobre ela. Desta vez não conseguia se livrar deles.

Sob o comando de Nathuriel eles a seguraram, prendendo suas asas, braços e pernas. Os demônios rosnavam e babavam sobre a garota, famintos por sua carne. O príncipe do inferno caminhou até ela.

— Tenho que admitir. — Ele acariciou os cabelos de Sophie. — Você até que me surpreendeu, mas já brincamos por tempo demais.

Ele se preparou para dar fim a garota, mas uma seta dourada acertou sua mão o fazendo soltar a espada, em seguida várias outras foram acertando os demônios que sumiam um a um.

— Mas que merda. — Nathuriel rosnou enraivecido. — Você tinha que aparecer.

Não demorou para que todos os demônios tivessem sumido, restando novamente apenas Sophie e o filho de Lúcifer.

— Acho que vieram te salvar, loirinha. — Ele puxou sua espada de volta. — Isso é ótimo, terei mais inúteis para matar.

— É bem engraçado essa confiança vinda de alguém que precisou convocar um pequeno exército para me segurar. — Sophie se levantava limpando um filete de sangue que escorria de sua boca.

Por trás de Nathuriel chegava o reforço que a garota precisava, e por mais que estivesse com raiva, naquele momento ficou feliz em ve-los.