Capítulo 10 - O Baile

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Cristian não voltou, por este motivo Vic decidiu dar continuidade ao projeto que Scarllet tinha para o baile de inverno da escola. Anjos, um tema clichê e inconveniente segundo ela, porém não mudaria já que era o desejo da falecida.

Sophie estava aproveitando a oportunidade para se aproximar de Hauren que era a professora colaboradora dos eventos escolares. Luke a aconselhou que seria uma boa tática para descobrirem mais sobre o que ainda escondiam dela.

A professora ficou contente com a aproximação que nem mesmo desconfiou das intenções da garota. Em uma tarde as duas estavam na casa de Hauren elaborando os convites que deveriam ser feitos manualmente, quando a campainha tocou.

— Eu atendo. — Sophie gritou indo até à porta enquanto a professora estava na cozinha preparando um lanche para as duas.

— Você não está atendendo minhas ligações. — Estefan estava na porta com um olhar cansado.

— Desculpe professor, mas acho que não é comigo que deseja falar. — ela disse debochada.

— Senhorita Sophie. — o professor limpou a garganta. — A senhorita Hauren se encontra?

— Vou chamar sua namorada.

— Ela não é…

— Olha, não sei quem vocês pensam que enganam, mas não é a mim. —ela se virou indo em direção a cozinha.

Hauren ficou tão sem graça quanto Estefan o que fez Sophie achar graça da situação, não entendia o motivo de tentarem esconder o que era óbvio.

— Sophie, lhe peço licença por um segundo, preciso tratar de um assunto urgente com Estefan.

— Claro, vou continuar aqui colando essas plumas.

Os dois a deixaram na sala e foram até o quarto de Hauren. Sophie fingiu não se importar com o que eles tinham para conversar, mas com muita concentração conseguia ouvir bem sem ter que sair de onde estava.

— Poderia ter me avisado que ela estaria aqui. — Ouviu a voz nervosa de Estefan.

— Não lembro de ter me perguntado, querido. — Hauren respondeu de maneira suave.

— E depois querem me fazer acreditar que não estão juntos. — Sophie revirou os olhos.

Se passaram alguns segundos de silêncio, a garota não soube se eles realmente pararam de falar ou se ela que não estava se concentrando o suficiente para ouvir.

— Não sei mais o que fazer, ele está definhando, não aceita nenhuma comida e não quer me ouvir. — Ela pôde notar a tensão na voz do professor.

— Sabe o que penso sobre isso.

— Se eu o soltar todo nosso progresso terá sido inútil. — Sophie ouviu um som forte, como se tivessem jogado algo na parede.

— Então resolva a situação, você é bom nisso, vai achar um jeito. — Hauren mantinha sempre uma voz calma.

— Ela voltou a confiar em você?

— Nos aproximamos devido ao baile, confiança é um pouco demais, mas acho que ela não me odeia.

— Eu não teria tanta certeza. — Sophie bufou.

— Tenha cuidado, ela já sabe de quem é filha…

— E não está ao lado dele, dê uma chance a ela Estefan, a garota é boa. — Hauren agora falava de maneira enérgica.

— Ela ainda tem muito o que aprender para cumprir sua missão.

— Não significa que ela já não tenha aprendido bastante. — Sophie precisava admitir, Hauren parecia gostar mesmo dela.

Novamente ficaram em silêncio, a garota começou a guardar o material que utilizava, era um bom momento para seguir Estefan.

— E como ele está? — O professor agora tinha uma voz mais suave.

— Cada dia melhor. — Hauren respondeu animada. — Já tentou falar com seu superior sobre tudo isso?

— Ele está em silêncio novamente.

— É sempre assim não é mesmo? Ele nunca responde quando precisamos.

— Tenho que ir. — Estefan voltou a ficar sério.

Mais silêncio e então a porta se abriu, Sophie já estava pronta para ir quando os dois apareceram novamente a sala.

— Nos desculpe a demora querida, mas já está indo? — Hauren perguntou.

— Eu vim com você, então estou sem moto. — A garota deu de ombros fingindo constrangimento. — Então adiantei meu trabalho aqui para aproveitar a carona quando o professor Estefan for embora, se não for incomodar é claro.

— Não é incomodo nenhum, tenho certeza que ele vai adorar. — A ruiva disse mais animada do que o necessário.

— Certo, então vamos. — Estefan caminhou até a porta seguido por Sophie.

Eles seguiram de carro em direção a Sant'Angelin, onde Sophie pegaria sua moto. Os dois foram boa parte do caminho sem dizer uma palavra, até que a garota quebrou o silêncio.

— Você chegou a conhecer meu pai? — Ela perguntou.

— Sim, mas apenas em batalha, Hauren o conhecia melhor, ela serviu a ele.

— Entendo, mas o que pode dizer sobre ele? — Sophie insistiu.

— Era cruel e impiedoso. — O professor respondeu e limpou a garganta ao perceber o desconforto que causou. — Mas também era um ótimo comandante, suas estratégias em batalha me deram trabalho, e pelo que eu soube ele largou Lúcifer por causa de Raziel.

— Eu ainda não consigo entender como os dois ficaram juntos. — A garota olhava para a janela.

— Sentimentos mundanos são difíceis de compreender.

— Você realmente não sabe o que aconteceu a eles? — Ela perguntou e se virou para o professor esperando uma resposta.

— Eu…— Ele hesitou. — Pelo que eu ouvi, Lúcifer não ficou satisfeito com o filho, por isso foi atrás deles.

— Ele matou o próprio filho? — Ela quis saber.

— Se não matou diretamente foi o causador da morte, chegamos. — Estefan parou em frente a escola.

— Obrigada. — Sophie desceu.

Ela esperou que o professor tomasse uma certa distância para então abrir suas asas. Ainda estava se acostumando com as imponentes plumas prateadas, mas a sensação de ganhar os céus com elas era sem dúvidas maravilhosa, nunca se sentiu tão livre.

Sophie seguiu Estefan de longe para que ele não a descobrisse, mas viu bem quando o professor estacionou em frente a uma cabana escondida, teve certeza de que escondia algo ali. Ficou esperando sobre uma árvore que ele saísse, porém isso não aconteceu, então ela desistiu e resolveu que voltaria uma outra hora.

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora